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terça-feira, 1 de novembro de 2011

Padre Manuel Antunes: a homenagem e um pouco da sua vida

A Casa da Comarca da Sertã vai homenagear o Pe. Manuel Antunes, S.J. (as siglas dizem respeito a Societas Iesu – Companhia de Jesus) num jantar que terá lugar no próximo dia 4 de Novembro, em Lisboa. Na ocasião será apresentada a obra completa deste ilustre sertaginense, editada em 14 volumes pela Fundação Calouste Gulbenkian e cuja coordenação geral esteve a cargo de José Eduardo Franco, presidente da Direcção do Instituto Europeu de Ciências da Cultura Padre Manuel Antunes. Marcarão ainda presença neste evento o conhecido comentador Marcelo Rebelo de Sousa, Manuel José do Carmo Ferreira, presidente da Sociedade Científica da Universidade Católica Portuguesa, e Raul Miguel Rosado Fernandes.
Aproveitando a oportunidade e por se celebrar no dia 3 de Novembro o 93.º aniversário do seu nascimento, deixamos aqui algumas notas biográficas e tentamos reconstruir um pouco daquilo que foi o percurso de um homem a quem um dia o Diário de Notícias chamou de “intelectual ecuménico”.
Manuel Antunes nasceu na vila da Sertã a 3 de Novembro de 1918, sendo filho de José Agostinho Antunes e de Maria de Jesus. Era o mais velho de três irmãos (os outros eram José Antunes – que foi presidente da Câmara da Sertã – e Maria do Céu Antunes) e aos 13 anos ingressou no Seminário Menor da Companhia de Jesus, em Guimarães, a que se seguiu a sua entrada, a 7 de Setembro de 1936, no noviciado da Companhia de Jesus, em Alpendorada (Marco de Canaveses).
Foi aí que fez a sua primeira profissão religiosa (8 de Setembro de 1938), tendo depois completado os estudos humanísticos e frequentado o Instituto Superior Beato Miguel de Carvalho (hoje Faculdade de Filosofia de Braga). Licenciou-se em Filosofia, apresentando a dissertação «Panorama da Filosofia Existencial de Kierkegaard a Heidegger».
Depois de um breve período a leccionar Língua e Cultura Latina e Grega, matriculou-se na Faculdade de Teologia de Granada (Espanha), onde se formou em Teologia, completando a sua formação religiosa em Namur (Bélgica).
No dia 15 de Julho de 1949, recebeu a ordenação sacerdotal, conferida pelo bispo de Guadix, D. Rafael Alvarez de Lara, e celebrou a sua missa nova a 31 do mesmo mês na igreja de Nossa Senhora de Fátima, no Porto.
Voltou ao ensino para leccionar no Curso Superior de Letras da Companhia de Jesus e, em Setembro de 1955, rumou a Lisboa para integrar a redacção da revista Brotéria, que havia mais tarde de dirigir (entre 1965 e 1982). A cultura e a filosofia eram os seus temas predilectos nesta influente publicação, que divulgou também vários textos de crítica literária deste autor.
No mês de Outubro de 1957, o escritor Vitorino Nemésio, na altura director da Faculdade de Letras de Lisboa, convidou-o para leccionar, naquela instituição, as cadeiras de História da Cultura Clássica e de História da Civilização Romana. Mais tarde regeu igualmente a cadeira de História da Filosofia Antiga e de Ontologia.
“Creio que jamais faltei a uma das suas aulas e lembro-me que o anfiteatro I da Faculdade estava sempre cheio quando falava”, recordou José Medeiros Ferreira, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros do primeiro Governo de Mário Soares, em depoimento recolhido pelo Diário de Notícias.
O seu amigo João Maia escreveu: “Era um sábio, dono de prodigiosa informação. Sabemos que o seu poder de estudo era de tal ordem que conseguia integrar, numa bela síntese vital, paralelos sectores de ciências e de saberes”.
Por seu lado, António Leite, num pequeno opúsculo publicado aquando da morte do Pe. Manuel Antunes, dizia: “O que todos os seus alunos mais admiravam era a sua vastíssima e multiforme cultura, o seu poder de síntese, a clareza e vigor da exposição, o seu aspecto modesto e acolhedor, que tornava as suas aulas e a sua convivência muito apreciadas”.
A sua produção literária era invejável. Além de dirigir a revista Brotéria, colaborou com outras publicações, designadamente a Euphrosyme e a Revista da Faculdade de Letras de Lisboa, tendo assinado também alguns dos artigos que integraram a Enciclopédia Luso-Brasileira, da editora Verbo. Na obra publicada, encontramos uma vasta lista de títulos, de onde se destacam: «Do Espírito e do Tempo» (1960), «Grandes Derivas da História Contemporânea» (1972), «Educação e Sociedade» (1973) e «Repensar Portugal» (1979).
Em 1981, recebeu o título de Doutor ‘Honoris Causa’ da Faculdade de Letras de Lisboa e dois anos depois, no dia 10 de Junho, o presidente da República Ramalho Eanes conferiu-lhe o grau de Grande Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.
A ligação entre o Padre Manuel Antunes e Ramalho Eanes era bastante estreita, a ponto de o general o ter convidado para seu conselheiro. O antigo presidente da República disse numa entrevista, publicada há alguns anos, que o Pe. Manuel Antunes “era um homem com um profundo conhecimento, de grande prudência, com convicções muito sólidas e com grande carácter”. Acrescentando depois que “o ouvia sobretudo para as grandes questões políticas, ou seja, as questões que tinham que ver com o Estado, com o seu funcionamento, e as relações com a sociedade civil”.
A partir de 1983, o seu estado de saúde agravou-se, vindo a falecer no dia 18 de Janeiro de 1985, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. No seu funeral, marcaram presença algumas das principais individualidades políticas da época, como Mário Soares, Carlos Mota Pinto e Francisco de Sousa Tavares. A Assembleia da República, em sinal de homenagem, guardou um minuto de silêncio em sua memória.
Muito mais haveria a dizer sobre o Pe. Manuel Antunes, mas por agora fica o essencial – o resto da descoberta ficará a cargo de cada um. Como disse a escritora Sophia de Mello Breyner Andresen: “Havia uma coisa extraordinária no padre Antunes: uma grande ligação entre a cultura e a vida”.
João Bénard da Costa, o saudoso e ‘eterno’ director da Cinemateca Portuguesa, sabia-o muito bem e por isso terá afirmado: “Ao Padre Manuel Antunes poderá aplicar-se o que ele próprio disse um dia de Kierkegaard: «um ser que nunca foi criança, nunca foi adolescente, nunca foi jovem, mas adulto, sempre adulto»”.
Na Sertã, além de um monumento erigido em sua memória (cada vez mais escondido), existe também uma rua com o seu nome, mais precisamente a que está em frente ao terminal rodoviário.

Fontes: «Padre Manuel Antunes, S.J. 1918-1985» (Luís Machado de Abreu e José Eduardo Franco); «Padre Manuel Antunes» (João Maia); «Padre Manuel Antunes (1918-1985) – Interfaces da cultura portuguesa e europeia» (coord. José Eduardo Franco e Hermínio Rico); Diário de Notícias

sexta-feira, 4 de março de 2011

As ruas da Sertã: Avenida Ângelo Henriques Vidigal

Onde fica? artéria que dá acesso ao mercado municipal

Quem foi? De uma ou de outra forma, já todos devem ter ouvido este nome: Ângelo Henriques Vidigal. O concelho da Sertã tem para com ele uma dívida de gratidão pelos serviços que prestou, tanto como médico, professor ou simplesmente como dinamizador cultural e desportivo em várias colectividades.
Ângelo Henriques Vidigal nasceu em Pedrógão Pequeno, no dia 13 de Junho de 1893, sendo filho de Joaquim Henriques Vidigal e de Maria Ângela da Conceição Vidigal. Fez a instrução primária nesta vila e estudou medicina em Lisboa, onde se formou na Faculdade de Medicina, em 1920.
Regressou à sua terra e Abílio Marçal, na altura director do Instituto das Missões Coloniais, em Cernache do Bonjardim, convidou-o para leccionar no liceu nacional, que estava anexo àquele instituto.
Cinco anos depois, em 1925, vários cidadãos proeminentes da Sertã tentaram convence-lo a ocupar a vaga que José Carlos Ehrardt iria deixar no partido médico da vila. Resistiu a aceitar, num primeiro momento, mas o Pe. Francisco dos Santos e Silva (seu grande amigo e padrinho de casamento) conseguiu demove-lo da sua recusa. A 30 de Março de 1925 tomou posse do cargo de forma interina, subindo a efectivo no dia 13 de Junho do mesmo ano.
Em 21 de Agosto de 1940, foi nomeado subdelegado de saúde do concelho, substituindo Gualdim de Queirós e Melo.
O seu trabalho como médico era por todos reconhecido e isso ficou bem patente em vários artigos publicados no jornal «A Comarca da Sertã», após a sua morte. Por exemplo, José Barata Correia escrevia: “Era um homem singular, um médico de eleição e um homem bom”, acrescentando: “Ângelo Vidigal era um homem cheio de actividade para quem não era suficiente a canseira quase permanente de um médico de província, sem horas para as refeições, calcorreando montes e vales e estradas péssimas para fazer um parto ou para acudir a todos os aflitos que o chamavam em busca de consolo e alívio para os seus males”.
Dele se dizia, que “servia o pobre e o rico com igual carinho, o mesmo fervor e isenção. Nunca registou nem fez assentos dos serviços prestados. Não apresentou contas a ninguém”.
Contam-se várias histórias da sua nobreza e disponibilidade enquanto homem. João Lopes Ferreira, que assinou durante muitos anos várias crónicas n’«A Comarca da Sertã», contava certo dia: “Por motivo de saúde, fui levado por minha mãe até ao seu consultório, e ali, depois do diagnóstico feito, e de ter ganho uma lembrança para não chorar, minha genitora, faz aquela pergunta de praxe: Então senhor doutor Ângelo quanto é que lhe devo? Eu que ainda não tinha meia dúzia de anos estava de lado mirando aquela figura simpática de faces rosadas, pesando mais de cem quilos, quando com os olhitos meio espantados, ouvi aquela voz suave como uma melodia dizer: «Tu és doida Maria, guarda o dinheiro para comprares pão para os teus filhos». Minha mãe ficou meia estática e sem jeito, agradeceu-lhe comovida, e aquele projecto de gente que se agarrava às suas saias, jamais esqueceu tão nobre gesto”.
As suas simpatias políticas iam directamente para o ideário republicano (por clara influência de seu pai – um dos ilustres republicanos do concelho) e mais tarde ficou a saber-se que era “anti-salazarista” (algo que escondeu toda a sua vida, ainda para mais porque ocupava o cargo de subdelegado de saúde).
Mas o seu nome não ficou apenas ligado à medicina. Foi ainda presidente da Assembleia-Geral do Sertanense ininterruptamente entre 1936 e 1956; liderou a direcção do Clube da Sertã em várias ocasiões e foi um dos fundadores do jornal «A Comarca da Sertã».
Casou com D. Maria Amélia, sua prima, nascida no Brasil.
Faleceu em 1957, mais precisamente no dia 20 de Novembro. Encontra-se sepultado em Pedrógão Pequeno.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

As ruas da Sertã: Rua Eduardo Barata da Silva Corrêa

Onde fica? Está situada na zona da Praceta da Pinhal, não muito longe da Mata Velha

Quem foi? “No dia 30 de Março de 1957, ao cair da noite, pelas 19 horas, exalava o último suspiro na sua casa da Sertã, o Sr. Eduardo Barata da Silva Corrêa, director deste jornal desde a sua fundação, em Maio de 1936”. Foi desta maneira que o jornal «A Comarca da Sertã» noticiou a morte do seu director e fundador Eduardo Corrêa, um dos homens que mais fez pelo jornalismo da região e que deixou um legado impressionante nas diversas áreas em que actuou.
Quem com ele conviveu fala de um homem “corajoso”, “sincero”, “persistente”, “lutador”, “teimoso” e “destemido”. Eduardo Corrêa foi isso e muito mais, mas para a posteridade ficou como o ‘pai’ d’A Comarca da Sertã, o semanário que no próximo ano comemora os 75 anos de existência.
A sua vida foi preenchida e cheia de histórias. Nasceu no dia 24 de Fevereiro de 1902, sendo filho de Eduardo Barata Correia e Silva e de Efigénia Neves Correia e Silva.
A sua infância foi passada na vila da Sertã. Depois de frequentar a escola primária (onde teve como professores Tomás Namorado e Joaquim Pires de Moura), viajou até Lisboa para seguir o liceu, que haveria de concluir em Cernache do Bonjardim, mais precisamente no Instituto de Missões Coloniais.
A paixão pelo jornalismo começou a desenvolver-se durante a sua estada neste instituto. Nas férias, resolveu publicar um pequeno jornal, «A Hora», “cujos exemplares eram obtidos por meio de copiógrafo e distribuídos pelos assinantes, constituídos pelas pessoas de família e amigos”, escrevia o jornal «A Comarca da Sertã», na sua edição de 15 de Abril de 1957.
Regressado à Sertã, começou a trabalhar no escritório de seu pai, dividindo o tempo entre os seus afazeres profissionais e a publicação de um novo jornal, «A Folha», que além da actualidade noticiosa do concelho, dedicava as suas páginas a fomentar a cultura entre os sertaginenses.
Aos 20 anos decidiu tentar a sua sorte em Moçambique e por lá permaneceu durante 12 anos.
Já na Sertã, juntou-se a Ângelo Henriques Vidigal, António Barata e Silva, José Barata Corrêa e Silva e José Carlos Erhardt e fundou, em 1936, o jornal «A Comarca da Sertã», que dirigiu até 1957, altura do seu falecimento. “Foi no desempenho destas funções que melhor deu a medida das suas qualidades de inteligência e de carácter, mostrando também ser um trabalhador incansável que dava ao seu jornal horas e horas de exaustiva aplicação”, assinala a mesma edição deste semanário.
Nas mais de duas décadas em que foi director desta publicação pugnou pela defesa dos interesses da Sertã e integrou diversas comissões que lutavam pela construção de diversas infra-estruturas no concelho. Só para referir algumas, destacamos o seu papel em todo o processo de instalação do Centro Liceal Técnico, na construção de uma linha de caminho de ferro que passasse pela Sertã e na definição de um novo plano urbanístico para a vila da Sertã (processo polémico que se arrastou durante quase toda a década de 1940).
Mas não foi só no jornalismo que a sua presença se fez notar. Esteve igualmente ligado a diferentes direcções do Clube da Sertã, do Sertanense Futebol Clube e dos Bombeiros Voluntários da Sertã (o seu corpo foi conduzido à última morada no pronto-socorro dos Bombeiros Voluntários da Sertã).
Os seus dotes para a docência eram-lhe também reconhecidos, tendo sido professor particular de “muita competência”.

Foi casado com Maria Vitorina de Oliveira Barata, com quem teve seis filhos.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

As ruas da Sertã: Rua Dr. Carlos Martins

Onde fica? Artéria situada em pleno centro histórico da Sertã e paralela à Rua Cândido dos Reis

Quem foi? “Homem de grande estatura moral e intelectual, de carácter nobre, personalidade vigorosa, porte varonil, inteligência brilhante e culta, causídico de grande saber e justificada fama, funcionário de alta competência, cidadão dos mais distintos e influentes”. Os elogios de Amaro Vicente Martins, director do jornal «A Comarca da Sertã, a Carlos Martins, por alturas da morte deste em 1966, deixam perceber o perfil de um homem que marcou a história sertaginense.
Natural da povoação do Labrunhal, freguesia de Proença-a-Nova, Carlos Martins começou por frequentar o Seminário de Portalegre até 1906, altura em que se matriculou na Universidade de Coimbra, onde se formou em Direito.
Regressou à sua região e assumiu, entre 1912 e 1915, o cargo de Administrador do concelho de Proença-a-Nova. Quatro anos depois é convidado para dar aulas no Liceu de Castelo Branco.
Em 1920, começa a leccionar no Instituto das Missões Laicas, em Cernache do Bonjardim, e por aí se mantém até 1927. Neste ano, resolve abrir um escritório de advocacia na Sertã, sendo nomeado, em 1937, Conservador do Registo Predial.
Durante as décadas de 40 e 50 ocupou diversos cargos de relevo na Sertã, tendo assumido mesmo, durante alguns anos, a presidência da Câmara da Sertã.
Quando completou 70 anos de idade, colocou um ponto de final na sua carreira profissional. “Desde então dividia o seu tempo entre um ou outro caso do foro e os cuidados do seu quintal e das suas abelhas, que eram a sua distracção predilecta”, escreveu Amaro Martins a propósito do seu amigo Carlos Martins.
Uma das histórias mais tocantes do advogado é também contada pelo antigo director d’ «A Comarca da Sertã»: “Sendo das primeiras pessoas a possuir receptor [de televisão] na Sertã, franqueava as portas da sua casa a todas as crianças da terra – sem distinção de nascimento ou roupa – que lá quisessem ir assistir aos programas infantis”.
Viria a falecer em 1966.

terça-feira, 22 de junho de 2010

As ruas da Sertã: Rua Dr. Flávio Reis e Moura

Onde fica? Artéria situada junto ao Pavilhão Desportivo Municipal e que desemboca na rotunda que dá acesso, entre outros, ao terminal rodoviário

Quem foi? “O nome de Flávio Reis e Moura está indelevelmente gravado na história do concelho da Sertã. Um grande marco fica para sempre a assinalar a sua passagem: a electrificação de Sertã, Cernache e Pedrógão Pequeno”. Foi desta forma que Amaro Vicente Martins, director do jornal «A Comarca da Sertã», recordou na edição de 15 de Agosto de 1970 a figura de Flávio Reis e Moura.
O seu bilhete de identidade informava que nascera na ilha de Salsete (também conhecida por Concolim), perto de Goa. Filho do coronel Miguel da Silva Moura e de D. Perpétua Leonildes Simões dos Reis e Moura, Flávio Reis e Moura licenciou-se em Direito pela Universidade de Lisboa, tendo frequentado também o curso de Filologia Românica na Faculdade de Letras de Coimbra, o qual não viria a concluir.
Iniciou a sua carreira profissional como Delegado do Procurador da República na comarca das Caldas da Rainha, transitando depois para Alvaiázere, onde desempenhou as funções de notário.
Veio para a Sertã e por aqui ficou durante 29 anos, período em que assegurou as funções de notário, advogado e Delegado substituto do Procurador da República. Mas a sua actividade não se resumiu apenas ao exercício da sua profissão.
Assumiu a presidência da Câmara da Sertã na segunda metade da década de 1940 e por lá continuou até aos primeiros anos da década seguinte. “Homem distinto, excelente conversador, culto, esmerado na educação e elegante no trato, a sua convivência era aqui muito apreciada”, pode ler-se no mesmo artigo de Amaro Martins.
Ocupou também os cargos de presidente da Assembleia-geral do Sertanense (entre 1957 e 1961 e em 1964) e liderou os destinos do Clube da Sertã também por esta altura. Foi ainda comandante da Legião Portuguesa, vogal da Junta Distrital de Castelo Branco, delegado da Causa Monárquica e um dos fundadores da «Celinda», sociedade anónima proprietária do Centro Liceal Técnico da Sertã.
Em Julho de 1965, abandonou a Sertã e assumiu actividades em Lisboa no 8.º Cartório Notarial daquela cidade.
No dia 9 de Agosto soltou o seu último suspiro, tendo os seus restos mortais ficado sepultados no cemitério de Pedrógão Pequeno.


Fontes: jornal «A Comarca da Sertã», jornal «O Renovador», Sertanense: 75 Anos de História

quinta-feira, 13 de maio de 2010

As ruas da Sertã: Rua Manuel Ferreira Marques dos Santos

Onde fica? Rua situada na zona da Abegoaria e que tem de um lado o complexo do Sertanense (campo sintético e campo de futebol) e do outro o centro de saúde da Sertã e o posto de GNR

Quem foi? Apesar de não ser natural da vila da Sertã, é uma figura que ganhou o seu lugar na história do concelho tal a obra que deixou para as gerações vindouras. Falamos de Manuel Ferreira Marques dos Santos, vulgarmente conhecido por Doutor Marques dos Santos.
A cidade da Covilhã viu-o nascer no dia 6 de Junho de 1924, tendo rumado alguns anos mais tarde à cidade de Coimbra, onde se formou em Medicina. Depois de uma experiência nos Hospitais da Universidade de Coimbra, foi designado médico municipal em Miranda do Corvo.
Ali permaneceu entre 1952 e 1957, altura em que rumou à Sertã para assumir as funções de médico municipal e subdelegado (mais tarde delegado) de saúde do concelho.
Amaro Vicente Martins, antigo director do jornal «A Comarca da Sertã», escreveu um extenso artigo neste semanário, aquando da morte do médico, lembrando a sua obra: “Foi incansável e trabalhou arduamente, quer na montagem dos serviços da Delegação de Saúde, quer deslocando-se pelas aldeias do concelho, nas escolas, a fazer vacinações. Foi um trabalho meritório e pioneiro que o então delegado de saúde distrital de Castelo Branco, José Lopes Dias, anotou com aprazimento, difundindo sobre ele uma comunicação escrita a todos os subdelegados de saúde e seus subordinados”.
Além disso, “a higienização e modernização das tabernas e casas de pasto do concelho da Sertã foi outro ponto a merecer a atenção do Dr. Marques dos Santos, que acabaria por prestar, também nessa matéria, um excelente serviço”.
Devido ao facto de “ter vindo para uma terra pobre, onde poucos podiam pagar os cuidados médicos”, Marques dos Santos, como clínico privado, “teve que se limitar às possibilidades do meio, tratando muita gente e recebendo pouco de uns e nada de outros, como sucedia, aliás, com os seus colegas”.
Não foi apenas no campo da medicina, que Marques dos Santos ficou conhecido na Sertã. A ele se devem os esforços que levaram à construção de um novo campo de futebol na vila – o anterior situado na zona da Carvalha não oferecia grandes condições aos praticantes da modalidade. Acompanhado de elementos afectos aos Bombeiros Voluntários da Sertã (a única instituição que na altura possuía equipa de futebol na vila) negociou um terreno, na zona da Abegoaria, com o prof. Barata e lançou uma campanha de angariação de fundos para a construção do campo. Toda a vila, e não só, aderiu à iniciativa e muitos sertaginenses colocaram mãos ao trabalho e ajudaram na construção, ao passo que outros ofereceram os materiais e disponibilizaram os recursos das suas empresas.
O campo tem hoje o seu nome, uma homenagem merecida a um homem que lutou para que o desporto sertaginense pudesse dar o salto.
Marques dos Santos foi também presidente da Direcção do Sertanense Futebol Clube, em 1960. O mandato marcou uma verdadeira revolução e um corte com o passado, tanto ao nível da gestão directiva como desportiva. Foi introduzida a prática de novas modalidades no clube (como por exemplo o atletismo) e criadas condições para que dois anos mais tarde fosse constituída uma equipa de futebol.
Depois de 23 anos na Sertã, foi colocado, em 1980, em Castelo Branco, para exercer o cargo de delegado de saúde e de presidente da Administração Distrital de Saúde. Dali transitou, em 1983, para a delegação de saúde de Leiria, onde viria a dirigir os serviços de saúde distritais.
Faleceu em Coimbra no dia 22 de Fevereiro de 1986.

Fontes: A Comarca da Sertã; Sertanense: 75 Anos de História

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

As ruas da Sertã: Rua Dr. Santos Valente

Onde fica? Artéria que vai desde o miradouro Caldeira Ribeiro até à Rua Cândido dos Reis (vulgo ‘rua do Vale’), atravessando uma boa parte do centro histórico da vila e passando junto ao terreno onde esteve até há bem pouco a Casa das Guimarães. Esta artéria foi conhecida, em tempos antigos, por Rua da Judiaria e mais recentemente por Rua Nova.

Quem foi? António Lopes dos Santos Valente nasceu na Sertã a 4 de Dezembro de 1839 e por cá passou a sua mocidade. Em 1858, foi admitido no curso de Direito da Universidade de Coimbra e, desde cedo, chamou a atenção de colegas e professores.
Logo no primeiro ano, tornou-se conhecido na Academia como “abalizado latinista, por causa de uma célebre dissertação escrita em latim de Cícero”. O estudo desta língua era uma das suas principais ocupações, que completava com a redacção de textos (em prosa e em verso) que mais tarde viriam a ser compilados numa edição da Imprensa Nacional, a que foi dado o nome de «Carmina». São também da sua pena o livro de poesia «Primícias» e a obra «Orthographia Portuguesa», em conjunto com Francisco de Almeida. Publicou também sob os pseudónimos de Fausto de Monteval, Fausto de Sandoval e Sténio.
As línguas grega e italiana exerciam também sobre si grande fascínio, não sendo de estranhar que, ao longo da vida, Santos Valente fosse responsável pela tradução de diversos romances e de outras obras de literatura escritas nestas duas línguas. Um pormenor curioso: por vontade expressa, o seu nome nunca surgia na autoria da tradução, aparecendo apenas a expressão «Tradução Autorizada».
Durante a sua estada em Coimbra, tornou-se amigo dos escritores Eça de Queirós e Antero de Quental e do político Manuel de Arriaga, que viria a tornar-se no primeiro presidente da República portuguesa.
Depois de terminar os estudos, em 1863, foi nomeado Administrador do Concelho de Vila de Rei, um cargo que, segundo o jornal A Comarca da Sertã, de 30 de Novembro de 1936, “exerceu com singular rectidão e cordura”.
Volvidos alguns anos, encontrou-se em Lisboa, onde se candidatou a um lugar de amanuense na secretaria da Justiça. Por lá ficou até ao final da vida.
Entretanto, não deixou de lado a sua paixão pela filologia e embrenhou-se na elaboração daquele que viria a ser o Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, publicado pela primeira vez em 1881, e várias vezes reeditado. Este foi talvez o seu maior legado, sendo que ainda hoje esta extensa obra é fonte de estudo de vários especialistas nesta área.
Viria a falecer, em Lisboa, no dia 11 de Abril de 1896.

Alguns anos mais tarde, e de modo a perpetuar a sua memória, a Câmara Municipal da Sertã decidiu atribuir o seu nome à rua onde está situada a casa em que nasceu.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

As Ruas da Sertã: Rua Cândido dos Reis

Onde fica? Está situada entre a Praça da República e a Avenida Gonçalo Rodrigues Caldeira. Apesar de todos a conhecerem por Rua do Vale (nome que a artéria já ostentava em pleno século XVI), o seu nome actual é Rua Cândido dos Reis

Quem foi? No ano em que se comemora o centenário da implantação da República, é da mais elementar justiça recordar o nome de Cândido dos Reis (mais conhecido por Almirante Reis), um dos organizadores militares da revolta de 5 de Outubro de 1910.
Carlos Cândido dos Reis nasceu na cidade de Lisboa, no dia 16 de Janeiro de 1852. Aos 17 anos, iniciou a sua carreira na Marinha, como voluntário, tendo ocupado nos anos seguintes as mais diversas posições na hierarquia militar: comandou canhoneiras, dirigiu a Escola de Marinheiros do Porto, a Escola de Torpedos Fixos e a 2.ª e 4.ª divisões do Corpo de Marinheiros. Foi ainda instrutor e professor da Escola Prática de Artilharia Naval.
Depois de aderir ao Partido Republicano Português, tornou-se membro da Carbonária – uma espécie de sociedade secreta e revolucionária liderada pelo grão-mestre Luz de Almeida e que incluía nomes como os de Machado Santos, António Maria da Silva ou António Granjo.
Em 1908, mais precisamente a 28 de Janeiro, o Almirante Reis envolveu-se no golpe que visava a detenção de João Franco, na altura chefe de Governo, e a consequente tomada do poder. O golpe fracassou, mas os objectivos permaneceram inabaláveis.
Não foi preciso esperar muito para que os revolucionários (que incluíam elementos afectos à Carbonária, Partido Republicano e Maçonaria) desenhassem o plano que na manhã do dia 5 de Outubro de 1910 colocaria um ponto final em mais de 750 anos de monarquia. Cândido dos Reis foi um dos estrategas do golpe e as palavras que proferiu, na véspera do 5 de Outubro, quando alguns oficiais sugeriram o adiamento do plano, ficaram célebres: “A Revolução não será adiada. Sigam-me se quiserem. Havendo um só que cumpra o seu dever, esse único serei eu”.
O resto é história: “Na madrugada de 5 de Outubro, em plena acção revolucionária, dirigiu-se aos Banhos de São Paulo para conferenciar com os companheiros. As notícias que corriam não eram boas, pois a maior parte das unidades militares comprometidas não tinham chegado a revoltar-se. Concluíram que o golpe falhara e decidiram fugir. Cândido dos Reis despediu-se e desapareceu nas ruas da cidade. Horas depois foi encontrado morto na zona de Arroios. Tinha-se suicidado”. Curiosamente, nos dias seguintes à sua morte, os jornais da época ainda apontaram para a hipótese de assassinato, mas a ausência de provas nesse sentido manteve a versão oficial de suicídio.
O seu funeral, realizado conjuntamente com o de Miguel Bombarda (morto a tiro dois dias antes da Revolução), atraiu milhares de pessoas à cidade de Lisboa. De todo o país, chegaram delegações que se propunham a prestar uma última homenagem ao Almirante Reis.
A vila da Sertã não ficou indiferente aos feitos deste herói republicano e a Comissão Municipal, criada logo após a implantação da República, decidiu alterar o nome da Rua do Vale para Rua Cândido dos Reis, numa reunião que teve lugar no dia 15 de Outubro de 1910. Neste mesmo dia, a até então Praça do Comércio foi também rebaptizada de Praça da República.

Fontes: História de Portugal (Joaquim Veríssimo Serrão), Plano de Leitura, História Política da Primeira República Portuguesa, Wikipédia, jornais O Século, A Lucta e O Mundo

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

As Ruas da Sertã: Avenida Gonçalo Rodrigues Caldeira

Onde fica? Tem início no fundo da ‘rua do Vale’ (rua Cândido dos Reis) e termina junto ao Largo de São Sebastião

Quem foi? Grande amigo de Nuno Alvares Pereira, Gonçalo Rodrigues Caldeira ficou também ele ligado à história da famosa batalha de Aljubarrota, que teve lugar no dia 14 de Agosto de 1385.
Segundo rezam as crónicas nasceu na Sertã, durante o século XIV, onde os seus dotes de soldado desde cedo se fizeram notar. Gonçalo Rodrigues (nome de baptismo) foi feito capitão pelo futuro rei D. João I, ainda antes do Mestre de Avis ter assumido o trono do reino de Portugal, na sequência da famosa crise de 1383-1385.
Esta crise, aliás, teve o seu ponto alto na batalha de Aljubarrota, onde o capitão sertaginense foi figura de destaque, ao lado do Condestável.
Foi nesta batalha que ganhou um novo apelido – Caldeira. Manso de Lima conta a história na obra Certa Ennobrecida ou Discrição Topographica da Villa da Certa: ““Feito capitão (…) com este posto se achou na batalha de Aljubarrota, em 1385, onde, entre outras, acções notáveis, ganhou a bagagem aos castelhanos em que achou um Anjo de Prata que ofereceu a El-rei D. João I, que dele fez presente à Colegiada de Guimarães, passando esta a leva-lo nas procissões que fazia nas festas do Anjo Custódio. Encontrou também uma relíquia do Santo Lenho que ofereceu ao Condestável e a notável caldeira de bronze em que se cosiam três e quatro bois juntos, a qual ainda hoje se conserva no convento de Alcobaça. Era de tantas forças que a levantou em presença de El-rei D. João I, o qual em memória do seu valor e da preza desta e doutras caldeiras, mandou que dali em deante tomasse por apelido a mesma Caldeira e lhe deu brazão de armas em que figuram três caldeiras”.
Depois de regressar da batalha, D. João I fê-lo nobre e concedeu-lhe os lugares de notário e escrivão da Câmara. Viria a casar pouco depois com D. Inês Macedo.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

As ruas da Sertã: Rua Serpa Pinto


Onde fica? Artéria que vai desde a Praça da República até à zona do Clube da Sertã

Quem foi? “Serpa Pinto é como o toque do clarim a acordar uma nação adormecida”. Foi desta forma que um correspondente em Lisboa do jornal Letain descreveu Alexandre de Serpa Pinto, um jovem aristocrata do Norte, nascido a 20 de Abril de 1846, e que ficou célebre pelas suas viagens a África.
Depois de ter frequentado o Colégio Militar, realizou a sua primeira viagem ao continente africano, em 1869, para efectuar uma expedição ao rio Zambeze. O seu objectivo era avaliar a rede hidrográfica e a topografia local, apesar de alguns historiadores defenderem que o propósito da sua coluna era o de enfrentar as milícias do Bonga (Nigéria), que já “haviam infligido nas tropas portuguesas várias e humilhantes derrotas”.
Depois de mais algumas expedições, Serpa Pinto “foi nomeado para integrar, conjuntamente com Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens, a expedição portuguesa ao centro de África em 1877, tendo por missão estudar as relações hidrográficas do Congo, do Zambeze e do Cuango. O seu desejo de tentar a travessia de África, em vez de efectuar um simples reconhecimento das regiões interiores, levou a que se separasse dos acompanhantes, tendo atingido o Rio Zambeze em 1878 e completado a travessia em 1879. Da travessia ficou o notável relato do próprio Serpa Pinto, com o título Como Eu Atravessei a África. A sua expedição produziu efeitos consideráveis, contribuindo para o conhecimento do continente negro e para o prestígio internacional de Portugal no contexto das nações imperiais da segunda metade do século XIX”.
Em 1890, protagonizou o chamado ‘incidente Serpa Pinto’, que conduziu ao ‘ultimato britânico’, quando arreou as bandeiras inglesas, junto ao lago do Niassa (um dos grandes lagos africanos e que está situado no Vale do Rift, entre o Malawi, Tanzânia e Moçambique), num espaço cobiçado e monitorizado pela rede de espionagem do Reino Unido.
Nesta altura, o seu nome era aclamado nas ruas, havia mesmo biscoitos «Serpa Pinto» e em cada cidade e vila uma das ruas principais tinha o seu nome (a Sertã não ficou indiferente a este movimento).
Quatro anos depois do ultimato britânico, foi nomeado governador-general de Cabo Verde. Morreu em 1900.

Fontes: Serpa Pinto: Explorador Invencível; Enciclopédia Luso-Brasileira; Wikipédia; O Explorador Serpa Pinto

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

As ruas da Sertã: Rua Lopo Barriga


Onde fica? É uma pequena rua, de um só sentido, que liga a Praça do Município à Praça da República

Quem foi? Os mouros não lhe devotam muitas saudades e para a eternidade ficou a expressão “lançadas de Lopo Barriga te dêem”. Lopo Barriga nasceu na Sertã no fim do século XV e era filho de Pedro Alvares Barriga e de Constança de Brito.
Cândido Teixeira, na sua obra «Antiguidades, Famílias e Varões Ilustres de Sernache do Bom Jardim e seus contornos», escrevia a seu propósito: “Militou valentemente em África como intrépido e esforçado cavaleiro. Achou-se na defesa de muitas praças e na expugnação de outras. Repetias as entradas com tão impetuosas e inesperadas invasões, que não deixava aos mouros, nem tempo nem lugar livre de sobressalto”.
Quando Nuno Fernandes de Ataíde foi nomeado governador de Safim [cidade de Marrocos], Lopo Barriga recebeu o cargo de seu adail [uma espécie de comandante dos exércitos], sendo dos primeiros a entrar na mesquita daquela cidade, quando ela foi tomada em 1508.
Mas os feitos de Lopo Barriga não se ficam por aqui: Em 1510 foi um dos que defenderam a cidade de Safim do cerco que lhe puseram os mouros e que durou desde o dia 13 até 31 de Dezembro do mesmo ano; em 27 de Março de 1515, com um punhado de homens (entre os quais Pedro Leitão), tomou a praça de Amagor, que era considerada inexpugnável. Por este feito, o rei D. João III concedeu-lhe em 1533 o brasão de armas, que seus descendentes usam.
Em seguida tomou a fortaleza de Agabalo, sendo o primeiro a saltar os seus muros, subindo pela própria lança, conforme rezam as crónicas da época.
No ano de 1516 foi feito prisioneiro e esteve cativo até 1523, altura em que D. João III o mandou resgatar, tendo regressado a Lisboa, onde casou com D. Joana Eça, filha de D. Cristina Eça, e de quem teve três filhos (Pedro Barriga, D. Francisca de Vilhena e D. Beatriz de Vilhena).
Em 1524 voltou a África obtendo, algum tempo depois, juntamente com Cide Haya Abentafut uma grande vitória em Aleborge, situada a 25 léguas de Safim.
Pouco depois, na sequência de novo combate, perto de Safim, Lopo Barriga foi degolado.
Vasco Mousinho de Quevedo, no canto X do seu poema Afonso Africano, dedicou algumas palavras a Lopo de Barriga, que foi também Comendador da Ordem de Cristo:

Lopo de Barriga, cujo illustre nome
É justo a Portugal seja tão caro,
Que no lugar mais alto sempre assome:
Foi dos que rege e guia firme amparo,
Obras fez de que o Mundo exemplo tome