quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Revisão do PDM da Sertã – uma oportunidade única para (re)pensar o concelho

“Os Planos Directores Municipais que irão entrar em vigor na segunda década do século XXI, poderão ser uma oportunidade para a afirmação das cidades e resolução dos seus problemas, caso permitam concretizar as orientações estratégicas para o seu desenvolvimento”. As palavras de Fernando Santo, antigo bastonário da Ordem dos Engenheiros, proferidas há cerca de dois anos, continuam bastante actuais, ainda para mais num momento em que o concelho da Sertã assiste à revisão do seu PDM.
Para quem não sabe, o Plano Director Municipal é um instrumento de gestão territorial que vincula as entidades públicas mas também os particulares. Todo o planeamento e ordenamento do território está aqui consignado, com regras claras e ajustadas às necessidades de cada município. Os usos e actividades dos solos municipais, a identificação de redes urbanas, viárias e de transportes, as projecções de crescimento demográfico e económico, entre outras, são algumas das matérias abrangidas.
Como bem dizia Fernando Santo, os PDM são “uma oportunidade para a afirmação” das cidades/vilas e para a “resolução dos seus problemas”, pelo que se torna premente, no caso do Plano Director Municipal da Sertã, ter em atenção aquelas que são as questões fundamentais para o desenvolvimento futuro do nosso concelho.
Não tenho a pretensão de definir o que deve ou não ser prioritário no PMD sertaginense, mas o crescimento desordenado que se tem registado na vila da Sertã é uma consequência clara das “projecções loucas” do PDM actualmente em vigor. O centro histórico está despovoado e as urbanizações pululam um pouco por toda a vila (o cenário em Cernache do Bonjardim não é muito diferente), a maior parte delas às moscas.
Este é um problema transversal a todo o país. Por exemplo, em Portugal, decretou-se urbanizável território para 50 milhões de habitantes, um dado que ajuda a perceber a falta de rigor e orientação de quem gere o território municipal.
Esta revisão do PDM é também uma oportunidade única para a Sertã definir as suas prioridades e, sobretudo, resolver o seu futuro. Temos de decidir se queremos um destino turístico consolidado, capaz de se promover fora dos limites do município; um concelho líder nos investimentos decorrentes das energias renováveis; uma terra virada para a exploração sustentada do que ainda resta da sua fileira florestal; ou até uma região de eleição para quem quer voltar a apostar na agricultura.
O debate que antecedeu a apresentação da proposta de revisão do PDM de Lisboa envolveu todas as forças vivas da cidade e tentou perceber para onde podia caminhar a capital do país. A lógica dos editais públicos, afixados à entrada dos edifícios municipais, esperando que os cidadãos dêem as suas opiniões, foi relegada para segundo plano e a autarquia decidiu ir ao encontro das pessoas e ouvi-las sobre a cidade que idealizam para o século XXI.

Não tenho dúvidas de que este exemplo devia ser seguido na Sertã, até porque isso aumentaria a transparência de todo o processo e colocaria os seus habitantes a falarem sobre que concelho idealizam para o futuro. Quantas vezes se fizeram debates alargados e sérios (sem as ‘palas’ castradoras dos interesses político-partidários) sobre o futuro deste nosso município? Será que vamos continuar a assobiar para o lado e deixar que aquilo que se vem passando, desde há 30 anos na Sertã (despovoamento, desinvestimento, degradação do património, entre outras), conduza este concelho a um beco sem saída? Talvez até ao abismo?

Um bom exemplo que chega de Proença-a-Nova

Sempre foi boa política aprender com os 'bons' exemplos que nos chegam dos outros. E a acção de promoção que a Câmara Municipal de Proença-a-Nova fez recentemente no Metro de Lisboa (entre 25 de Novembro e 16 de Dezembro) é algo que nos deveria fazer pensar sobre o impacto que este tipo de iniciativas podem ter na promoção turística dos concelhos do Interior.
Qualquer especialista nos dirá que os destinos turísticos não valem apenas pela sua qualidade mas também pela eficiência como são promovidos. E, neste último caso, a Câmara de Proença-a-Nova marcou pontos. Isto porque, os potenciais turistas que o município quer seduzir não estão nos limites do seu concelho mas noutras regiões do país – uma acção deste género tem um impacto deveras superior, no turismo de uma região, ao de uma qualquer feira local.
A iniciativa da Câmara de Proença-a-Nova (que já havia decorrido no Metro do Porto) não se limitou a promover as potencialidades turísticas do concelho. As colectividades culturais tiveram também aqui o seu espaço (os ranchos locais actuaram nas gares das estações de metro em ‘hora de ponta’).

Claro que, para que tudo isto funcione, é necessária uma estratégia clara e bem definida no que toca à promoção turística do concelho. As promessas não chegam e neste, como em qualquer outro mercado, quem não se mexe é ultrapassado pelos outros. O tempo do «nós temos… e por isso somos melhores» já pertence ao passado.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Tornado fustigou concelho da Sertã

Foi apenas um minuto, mas os ventos de mais de 200 km/h deixaram um rasto de destruição indescritível no concelho da Sertã. O tornado, que já antes atingira os concelhos de Tomar e Ferreira do Zêzere, chegou à Sertã pelas 15h10m de ontem e o pânico instalou-se entre a população do município.
A Rádio Condestável foi o primeiro órgão de informação a dar nota do sucedido, transmitindo ao longo da tarde/noite todas as incidências do que estava a acontecer no concelho. Mais tarde, as edições electrónicas de jornais e rádios nacionais dedicavam também especial atenção para o que estava a suceder pela Sertã. As estações de televisão, nos seus serviços informativos da noite, deram igualmente destaque às notícias que chegavam da Beira Baixa.
O balanço surgiu já noite dentro e os números foram actualizados durante o dia de hoje: 100 habitações danificadas (dados provisórios), três desalojados, as instalações da empresa Resicorreia “completamente destruídas”, muitas árvores arrancadas, postes de iluminação derrubados e “alguns milhões de euros em prejuízos”.
Segundo os jornais e rádios (Jornal de Notícias, Público, Rádio Renascença, i, Visão, Rádio Condestável, TVI24), a zona de Vale Porco, na freguesia da Sertã, foi “a mais fustigada, com 18 casas danificadas”.
As freguesias de Palhais (o centro náutico foi bastante atingido), Cabeçudo e Troviscal foram também afectadas pelo tornado.
O presidente da Câmara da Sertã, José Farinha Nunes, garantiu, citado pela Rádio Condestável, “a disponibilidade dos presidentes de câmara da região em ajudarem no que for necessário”.
Já esta manhã, o ministro da Administração Interna, Rui Pereira, visitou os concelhos de Tomar, Ferreira do Zêzere e Sertã, mas não garantiu apoio para os populares afectados, sublinhando que os seguros estão na “primeira linha para dar resposta aos pedidos de ajuda”. Contudo, o governante admitiu a hipótese do Governo poder ajudar “pessoas necessitadas” que não sejam ressarcidas pelos seguros, mas que isso será “avaliado caso a caso”, declarou o governante, citado pelo Diário Iol.
Segundo a Rádio Condestável, o ministro Rui Pereira pediu, na Sertã, que lhe chegasse “com a maior brevidade possível” um relatório dos estragos decorrentes deste tornado.
Deixamos aqui de seguida, alguns links de jornais, televisões e rádios que acompanharam o tornado na Sertã:

http://www.publico.pt/Local/populacoes-afectadas-por-tornado-tentam-regresso-a-normalidade_1470032

http://www.radiocondestavel.pt/site/index2.php?option=com_content&task=view&id=3771&pop=1&page=0&Itemid=1

http://sic.sapo.pt/online/video/informacao/noticias-pais/2010/12/serta-ficou-sem-energia-electrica-devido-a-passagem-do-tornado07-12-2010-205427.htm

Pedimos também aos nossos leitores para que aqui deixem as suas impressões sobre o tornado que ontem fustigou a zona da Sertã.