quinta-feira, 26 de abril de 2012

Escola da Carvalha: que destino?

O edifício que o Conde Ferreira pagou e a que deu nome é hoje um dos mais cobiçados na vila da Sertã, apesar de durante vários anos ter estado remetido ao quase abandono, entrecortado por ocupações periódicas de associações culturais ou desportivas. O tal edifício passou à história com a simpática designação de ‘escola da Carvalha’, mas actualmente o destino que lhe querem dar é bem diferente daquele que teve durante mais de um século.
Por um lado, a Junta de Freguesia da Sertã, que nunca escondeu a sua afeição ao edifício (é o seu legítimo proprietário, apesar de pouco ter feito por ele ao longo de décadas), sempre desejou para ali passar os seus serviços que, até hoje, têm estado instalados num edifício, na Rua Serpa Pinto, com pouco mais de duas décadas de vida. Por outro lado, a solução que alguns equacionavam passava por transformar o imóvel em posto de turismo e, como complemento, local de venda de produtos regionais do concelho.
A segunda opção parece ser a mais razoável (até pela localização da antiga escola no centro da vila e junto de alguns dos locais com maior ‘potencial’ turístico), todavia a solução de compromisso que parece existir neste momento (corrijam-me se estiver errado), é de o edifício congregar estas duas opções: edifício-sede da junta de freguesia e posto de turismo do concelho.
Não sei se esta é a opção mais válida e que melhor serve o nosso concelho, o que sei é que esta vontade de agradar a todos pode ter o resultado oposto. Esperamos sinceramente que não!

Vitória de Sernache regressa aos nacionais de futebol

O Vitória de Sernache venceu de forma brilhante o Campeonato Distrital de Castelo Branco, regressando quase dez anos depois aos nacionais de futebol.
Depois de um início de prova algo titubeante, que motivou mesmo a saída do treinador, após o empate diante do Sertanense B (Filipe Avelar foi substituído por Simões Gapo), a equipa vitoriana parece ter conquistado uma nova dinâmica: venceu os oito jogos seguintes, empatando depois no terreno da Estação, antes de iniciar nova série de oito vitórias. O desejado título foi adiado para a última jornada, devido a uma derrota no Estreito, diante do Águias de Moradal.
Apesar da sua vantagem sobre os mais directos perseguidores (Atalaia e Águias de Moradal) se ter cifrado em apenas três pontos, o Vitória de Sernache foi o melhor em diferentes variáveis (número de vitórias, golos marcados), tendo o seu jogador Rabat sido o melhor marcador da prova.
Aqui ficam os nossos parabéns a toda a equipa do Vitória de Sernache que, este fim-de-semana, poderá juntar mais um troféu ao seu palmarés - a Taça de Honra José Farromba. Os vitorianos defrontam, na final da prova, o Belmonte.  
Uma referência ainda para a equipa de iniciados do Vitória de Sernache, pelo título alcançado no distrital de futsal. 

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Património esquecido: Calçada romana de Pedrógão Pequeno

A calçada romana de Pedrógão Pequeno é um dos poucos vestígios que ainda hoje perduram da passagem dos Romanos pelo nosso concelho. Situada à entrada da vila, esta calçada, que atravessa a ribeira de Portoleiros, funcionava como um ramal de acesso ao antigo castro romano de N.ª Sr.ª da Confiança, de que ainda hoje existem vestígios.
A via principal, que ligava Conimbriga a Aritio Vetus (situada junto a Alvega, no concelho de Abrantes) e com passagem pela Ponte Romana do Cabril (hoje submersa), ficava localizada um pouco mais a Sul deste ramal de acesso.
Actualmente, é apenas possível observar um pequeno trecho desta calçada.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Saúde está ‘doente’ no concelho da Sertã

A descentralização dos cuidados/serviços de saúde prestados às populações foi uma das grandes conquistas das últimas décadas em Portugal. Apesar de nem sempre os processos terem sido bem conduzidos, os utentes foram beneficiando consideravelmente com este estado de coisas. Todavia, estes tempos de benesses parecem ter chegado ao fim e o Governo prepara-se para efectuar um corte considerável nos apoios à Saúde e reestruturar boa parte dos serviços que lhe estão afectos. E o concelho da Sertã não é excepção.
Se o Executivo liderado por José Sócrates passou seis anos a adiar reformas e a esconder os terríveis ‘buracos’ orçamentais que o Serviço Nacional de Saúde ia gerando, o Governo de Pedro Passos Coelho decidiu que a melhor solução é cortar de forma arbitrária, sem critério (a não ser o económico) e sem atender às necessidades das populações.
E os exemplos aí estão para o demonstrar. Recentemente, segundo a Rádio Condestável, a Unidade Local de Saúde (ULS) de Castelo Branco decidiu reduzir os custos com pessoal nas extensões de saúde, tentando renegociar os acordos de cooperação com as juntas de freguesia, relativamente ao pagamento do pessoal auxiliar. No concelho da Sertã, a ideia é reduzir para metade o apoio ao pessoal afecto à saúde existente nas extensões de Pedrógão Pequeno e Sertã. Ou seja, as juntas de freguesia (que são quem têm acordo, neste particular, com a ULS de Castelo Branco) teriam de passar a suportar o valor que a ULS deixaria de pagar.
A mesma estação de rádio revelou que a juntas de Pedrógão Pequeno e da Sertã, que já admitiram suportar parte do valor, pediram à Câmara da Sertã que suportasse o resto. A autarquia anuiu ao pedido. Todavia, e como bem se lembrou na reunião do Executivo, esta situação poderá atingir em breve as extensões de saúde do Cabeçudo, Troviscal e Várzea dos Cavaleiros. E, portanto, a edilidade poderá ter de abrir ainda mais os cordões à bolsa.
Outro exemplo desta verdadeira demissão do Estado em relação à saúde foi a notícia do encerramento da extensão de saúde do Carvalhal, no passado dia 1 de Abril, a que se deverão seguir, ainda deste mês, as da Cumeada, Marmeleiro e Palhais.
A Rádio Condestável deu conta do encerramento, mas a ideia que transpareceu é que todo o processo foi feito de forma atabalhoada, com os vários protagonistas e decisores políticos a dizerem que não tinham tido conhecimento oficial da decisão. Contudo, não deixa de ser estranho que os jornalistas desta estação de rádio tenham conseguido saber mais, através de uma fonte oficial e acessível a todos, do que os responsáveis eleitos pelas populações para zelarem pelos seus interesses. Parece que os jornalistas são os únicos a fazer o seu trabalho!
Sobre o encerramento destas extensões de saúde, penso que, nalguns casos, se justifica plenamente a decisão do ACES – Agrupamento dos Centros de Saúde, visto que algumas delas não tinham as devidas condições para funcionar (a do Carvalhal não estava sequer informatizada). Todavia, a questão que se coloca é a de saber se o Centro de Saúde da Sertã terá condições para dar resposta a todos estes utentes? É sabido que o centro está a rebentar pelas costuras, que a falta de médicos é gritante e que as instalações não são, nem de perto nem de longe, as adequadas. Aguardam-se as cenas dos próximos capítulos.
Para terminar, um último exemplo e que se prende com algo de que já aqui falámos – a falta de médicos em Cernache do Bonjardim. O presidente da Junta local, Diamantino Calado Pina, citado pela Rádio Condestável, lamenta toda a situação e critica o Ministério da Saúde pelo impasse verificado. Para já, as notícias que correm auguram tempos sombrios para esta mesma extensão de saúde.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Memórias: O morro e a Ribeira Grande

É uma das visões mais arrebatadoras da vila da Sertã e que, apesar de alguns pequenos crimes urbanísticos, tem mantido algum do seu glamour original. O morro em frente à Ribeira Grande (também conhecida por Ribeira da Sertã) foi nos primórdios uma das mais eficazes ‘armas’ de protecção das gentes da vila face aos exércitos invasores, fossem eles romanos, suevos ou mouros.
A disposição das habitações ao longo deste local tem o seu quê de característico, assim como a arquitectura de cada uma delas remete para tempos passados. Este postal, retirado de uma colecção lançada por António da Silva Lourenço, devolve-nos um instantâneo de uma Sertã que terminava nos limites da Ribeira Grande. Do outro lado, duas ou três casas de habitação e alguns lagares de azeite. A partir da década de 1960, tudo mudou.