sexta-feira, 26 de junho de 2009

Memórias: O cimo da vila (ou parte dele)


Hoje viajamos nas nossas memórias até ao cimo da vila. Ao cimo da vila que, por esta altura, parecia estar em obras. Ao cimo da vila com o seu hospital a olhar-nos de frente, ainda sem aquele frondoso conjunto de árvores que actualmente cobrem o morro ‘despido’. Ao cimo da vila que vai definhando nos dias de hoje, porque a Sertã já não mora ali…
Foto: Olímpio Craveiro

A trapalhada no registo dos poços, furos e outros que tais


É mais uma das trapalhadas em que o nosso país é fértil. O Governo aprovou, em 2007, um decreto-lei que obrigava todos os proprietários e arrendatários a registar, até Maio deste ano, furos, poços, noras, fossas, minas ou charcos. A exigência decorria de uma Directiva comunitária e enquadrava-se num já famoso (pelas piores razões) diploma intitulado de Lei da Água. Até aqui tudo normal…
A anormalidade começa quando se chega à conclusão que o tal decreto-lei andou, impávido e sereno, a navegar pelas águas calmas do esquecimento, até que no início deste ano um funcionário mais diligente (do Estado ou de um qualquer serviço privado – leia-se jornalista) olhou para o decreto e percebeu o que aqui estava em causa. O que se exigia era quase impossível de cumprir dentro dos prazos previstos, além de que abrangia uma boa fatia da população que normalmente não está informada destas questões legais, nem tampouco possui estudos que permitam perceber as obrigações em causa.
As notícias começaram a circular à “velocidade da luz” e o país (ou pelo menos, aqueles que eram proprietários e arrendatários de furos, poços, noras, fossas ou charcos) entrou em pânico. Nas câmaras municipais choveram pedidos de esclarecimento e várias associações de agricultores temeram que este recenseamento levasse a uma posterior cobrança de taxa, segundo o princípio do utilizador-pagador. Em Bragança, nasceu mesmo uma associação “antilei dos poços”.
O efeito “bola de neve” estava consumado e todos entraram numa verdadeira luta contra o tempo. Havia quem dissesse que “a semente da revolta estava a começar a germinar” e que a situação tinha tudo para se tornar explosiva.
Entretanto, o Ministério Mesmo veio a terreiro dizer que o prazo para efectuar este registo ficava adiado para o mês de Maio do próximo ano. Houve quem suspirasse de alívio, mas também quem não desarmasse contra aquilo que dizia ser “uma obrigação sem pés nem cabeça para a maioria dos proprietários”.
E agora a parte melhor da história. Perante tal convulsão social, o ministro do Ambiente, Nunes Correia, deu uma entrevista ao jornal Público, no início da semana, onde colocava água na fervura e esclarecia todos os portugueses: “A vasta maioria daqueles que retiram água nos seus terrenos não tem de fazer nada, a não ser sossegarem. Porque apenas quem tem motores de extracção muito potentes está abrangido pela lei”.
Ou seja, “a lei não se aplica a todos os que têm poços, quem tira um balde de água para o gado ou para regar a horta, não tem de o ir legalizar”, garantiu o ministro.
O jornal escrevia ainda a propósito disto: “Falha de comunicação? Erro de percepção? Manipulação? Talvez de tudo um pouco, admite o ministro Nunes Correia. O certo é que passou a ideia que todos teriam de declarar que tinham poços nos seus terrenos até Maio deste ano”.
O ministro diz que se “gerou um desassossego talvez fruto de vivermos um período pré-eleitoral, em que alguns aproveitaram para envenenar as pessoas, e também porque em Portugal tudo o que tenha a ver com água é um tema sensível”.
Portanto, o que fica de tudo isto? Nunes Correia responde: “A lei não se aplica a todos os que têm poços”, estando apenas “abrangidos o que utilizam motores muito potentes para tirar água, ou seja, talvez «menos de um por cento dos casos». Assim, só quem tem motores acima dos cinco cavalos - um motor de cinco cavalos consegue tirar, de um furo com dez metros de profundidade, 110 metros cúbicos por hora -, tem de se dirigir às administrações de Região Hidrográfica para os legalizar, pedindo um título de utilização”.
“A generalidade das captações não chega a ter motores de um cavalo”, assegura o ministro, citado por aquele diário. “E o que nos interessa são as captações poderosas, são essas que importa conhecer para uma boa gestão dos recursos hídricos”.Caso diferente aplica-se a quem quer abrir furos. Todos terão de os declarar, mas, mais uma vez, só quem pretende dali retirar muita água é que terá de pedir autorização.
Esclarecidos? Talvez. Mas o que fica de toda esta história é que seria bom que os nossos responsáveis governamentais explicassem as leis, logo que elas são publicadas e não se escondessem nos gabinetes, deixando que as coisas assumam este tipo de proporções. Tenho a impressão que esta história vai continuar a dar muito que falar!

terça-feira, 23 de junho de 2009

Joaquim Mendes vai treinar Sertanense


O Sertanense vai participar, na próxima época, no Campeonato Nacional da 2.ª Divisão. Esta é a segunda vez que o clube joga nesta competição, pelo que a Direcção está já a preparar cuidadosamente esta presença. A grande novidade é a contratação do treinador Joaquim Mendes, que substitui Eduardo Húngaro, que não aceitou a proposta efectuada pela Direcção. Estão também garantidos cinco reforços.
“Do conhecimento da pessoa, que além de treinador é um excelente indivíduo, enderecei o convite e não foi difícil chegarmos a acordo”, sublinhou Paulo Farinha, presidente do Sertanense, em declarações à Rádio Condestável, a propósito do novo técnico.
Joaquim Mendes, que chegou a representar enquanto futebolista o Sporting da Covilhã, conta no seu currículo de treinador com passagens pelo Madalena, Pinhalnovense e Lagoa.
Quanto a novos jogadores, o clube sertaginense assegurou já a contratação do médio Bruno Grou (ex-Pinhalnovense), dos defesas centrais Flávio (ex-Barreirense e Madalena) e Leo Baíha (ex-Portimonense), do extremo João Boiças (ex-Lagoa) e do médio Bruno Carvalho (ex-Caniçal).
No capítulo das renovações, Filipe Avelar, Leandro, Dani, Marco Farinha e Pedro Miguel já acertaram a continuidade na formação. Por seu lado, Salgueiro resolveu “pendurar as botas”, colocando um ponto final numa carreira futebolística de mais de duas décadas dedicada, quase em exclusivo, ao Sertanense.
O regresso aos trabalhos para a nova época está marcado para o dia 26 de Julho.
Entretanto, no passado sábado, o ex-treinador do Sertanense, Eduardo Húngaro, foi eleito Melhor Treinador de Futebol sénior, durante a 1.ª Gala do Futebol Distrital de Castelo Branco. Paulo Farinha (Melhor Dirigente) e Bruno Xavier (Melhor Jogador) estavam também entre os nomeados nas respectivas categorias.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Feira das Tradições arranca no sábado


É já no próximo sábado que tem início a edição deste ano da Feira das Tradições e Actividades Económicas. O certame tem lugar na Alameda da Carvalha e na margem esquerda da Ribeira da Sertã.
De acordo com os dados avançados pela Câmara da Sertã, a edição de 2009 conta com 360 stands, onde se poderão contar as presenças de juntas de freguesia, associações, empresas e artesãos do concelho e de concelhos limítrofes.
Este evento terá nos concertos um dos seus pontos fortes. Assim, para o dia inaugural está prevista a actuação das Just Girls (23h), logo seguidas dos sertaginenses Popxula (0h30m). No domingo, além dos fados de Coimbra (21h30m) e da Estudantina de Castelo Branco (21h40m), o destaque vai para a actuação de Zézé Fernandes (23h).
Quim Barreiros será a vedeta do programa de segunda-feira (23h), que também inclui os Still e os ranchos folclóricos do Clube Bonjardim, de Pedrógão Pequeno e o Etnográfico de Cernache do Bonjardim.
Na terça-feira, os SantaMaria sobem ao palco principal a partir das 23h30m, sendo secundados por Graciano Ricardo. Destaque neste dia também para as Marchas de São João, que vão percorrer algumas das artérias da vila.
O último dia será dominado pela actuação de Tony Carreira (22h30m), num programa que também inclui actuações do grupo Seca Adegas (17h), da Filarmónica União Sertaginense (17h30m) e do grupo Trilhos (21h15m). A fechar a festa teremos a tradicional sessão de fogo de artifício.
Além da parte musical, a Feira das Actividades conta um vasto programa de actividades culturais, recreativas e desportivas, que pode ser consultado no cartaz que reproduzimos aqui ao lado.

Combate à desertificação devia ser prioridade


Comemorou-se ontem o Dia Mundial de Combate à Seca e Desertificação. Este é um tema que diz muito ao nosso país e também ao concelho da Sertã, mas que tem sido esquecido por sucessivos governos, que aparte alguns paliativos pontuais pouco ou nada têm feito sobre esta matéria – nem um debate sério sequer; os deputados parecem preferir as discussões inócuas e sem sentido das moções de censura.
O assunto é grave e era tempo de o enfrentar com seriedade, principalmente quando se sabe que em Portugal mais de metade do território está em risco de desertificação e a ficar sem solos de qualidade.
Felizmente, ainda há quem se lembre destes assuntos e de avançar com algumas soluções. A edição de ontem do jornal Público dava destaque ao problema.
Eugénio Sequeira, ex-presidente da Liga para a Protecção da Natureza (LPN), foi um dos especialistas ouvidos pelo diário, tendo defendido a necessidade de serem concedidos benefícios aos agricultores para estes manterem as suas actividades e protegerem os terrenos. “Um agricultor que opte por plantar carvalhos [árvore mais resistente aos incêndios] em vez de eucalipto deve ser pago por isso. A longo prazo o carvalho vai ser mais rentável, mas só daqui a muito tempo”. E dá ainda outro exemplo: “quem vai dizer a um agricultor que não pode plantar olival intensivo porque vai poluir o aquífero que passa por baixo da sua propriedade, mas não na do vizinho? Tudo isto tem de ser compensado”.
Eugénio Sequeira, que diz que os agricultores devem passar a ser entendidos como os guardiões do solo, lamenta a inversão das políticas nesta matéria: “A ajuda das medidas agro-ambientais tem vindo a diminuir. A dada altura chegou a abranger 60 por cento do território; agora esse número é de apenas 20 por cento”.
Sobre a questão da desertificação, este especialista assinala que o seu combate deve passar pelo ordenamento do território. “As cidades estão a cobrir os melhores solos do país” num processo de impermeabilização dos terrenos, sendo que “a RAN (Reserva Agrícola Nacional) e a REN (Reserva Ecológica Nacional) deixam de funcionar nos perímetros urbanos”.
Talvez fosse bom pensarmos mais nestas coisas. É preciso não esquecer que, segundo as últimas projecções, o concelho da Sertã poderá perder, até 2026, cerca de 12 por cento da sua população actual. Se a isto somarmos o facto do concelho já ter perdido 37,5 por cento dos seus habitantes nos últimos 30 anos, então é bom que nos comecemos a preocupar.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Vitória de Sernache prepara próxima época


O Vitória de Sernache já está a preparar a próxima época futebolística. Depois de António Joaquim ter sido eleito presidente da direcção, o clube vitoriano confirmou agora o nome de Simões Gapo como novo treinador para a temporada 2009/2010. Simões Gapo é já um velho conhecido do Vitória de Sernache, equipa que orientou durante a década de 90 e os primeiros anos deste novo século. António Joaquim confidenciou à Rádio Condestável que esta era uma escolha “pessoal com a colaboração da restante direcção”, isto porque “é uma pessoa que tem um grande conhecimento do clube e do futebol da região”.Quanto ao plantel, o presidente da formação cernachense garantiu: “Já temos jogadores, temos alguns contratados, outros contactados e ainda alguns referenciados”.Sobre os objectivos para a nova época, António Joaquim revela que “são altos”, sendo que o principal propósito é alcançar uma posição que “honre os compromissos do clube, pois o Sernache é um clube respeitado e respeitável dentro do Distrital”.
Recorde-se que o Vitória de Sernache vai militar, na época de 2009/2010, no Campeonato Distrital da 1.ª Divisão de Castelo Branco.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Limpeza de espaços públicos – responsabilidades partilhadas

A limpeza de espaços públicos foi o mote para uma iniciativa organizada, na passada semana, pelo Bloco de Esquerda da Sertã. Não pretendo aqui falar da iniciativa dos bloquistas, mas apenas chamar a atenção para o tema, que não tem merecido muita atenção, nem da classe política, nem da população em geral.
Os exemplos de espaços públicos pouco cuidados, ou votados ao simples abandono, pululam por todo o concelho, como pululam pelos municípios vizinhos.
Para o comum dos cidadãos, a responsabilidade deste tipo de situações é dos municípios, que não zelam pela propriedade pública, fazendo vista grossa de um problema que afecta a todos. Os exemplos referenciados durante a acção do Bloco de Esquerda (ribeiro da Abegoaria, rotunda de Nossa Senhora dos Remédios e um fontanário na freguesia do Cabeçudo) são ilustrativos desta situação, mas podíamos aqui acrescentar mais alguns.
No entanto, desenganem-se aqueles que acham que o problema é só dos responsáveis camarários. Os cidadãos também têm as suas culpas no cartório. Por exemplo, no caso do ribeiro da Abegoaria, era constrangedor observar toda a lixeira que flutuava naquelas águas – e como é fácil de imaginar, aquele lixo teve que vir de algum lado. Neste tipo de situações é fácil assobiar para o lado e dizer que este tipo de problemas não é da nossa competência.

A Câmara deve assumir as suas responsabilidades nesta matéria (por vezes esquecesse delas), mas os munícipes também têm um importante papel a desempenhar em toda esta situação.

sábado, 13 de junho de 2009

Memórias: Centro histórico da Sertã


É uma daquelas fotos que nos recordam que a vila da Sertã tem, e sempre teve, um encanto especial. A Igreja Matriz lá está; a rua de Vale também; o centro histórico olha-nos com saudade.
As memórias são importantes, quanto mais não seja para nos lembrar que é preciso não deixar morre-las.

Festival Infanto-Juvenil da Canção da Sertã decorre no dia 13 de Junho


A zona da Fonte da Boneca vai ser palco, no próximo dia 13 de Junho (sábado), a partir das 21 horas, da terceira edição do Festival Infanto-Juvenil da Canção da Sertã. A iniciativa encontra-se dividida em dois escalões: A (dos 4 aos 11 anos) e B (dos 12 aos 18 anos).
“Este evento pretende divulgar a música portuguesa, incentivar o aparecimento de novos talentos e despertar nas crianças e jovens interesse para a música”, pode ler-se no site da Câmara Municipal da Sertã.
Segundo a mesma entidade estarão a concurso 23 canções: 13 no escalão A e 10 no B. O júri é composto por três elementos “devidamente credenciados com conhecimentos musicais e artísticos”, informa aquele site.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Sertanense fechou participação na 3.ª Divisão


O Sertanense terminou no passado sábado, em Castelo Branco, a sua brilhante presença no Campeonato Nacional da 3.ª Divisão (Série D). Além de ter garantido a subida de divisão, a formação sertaginense assegurou o título de campeão nacional.
O último jogo não foi de boa memória para o conjunto orientado por Eduardo Húngaro. O Benfica e Castelo Branco impôs a sétima derrota da época ao Sertanense, através de um golo solitário marcado já no decorrer da segunda parte.
Aqui fica um pequeno balanço do que foi esta época, que o presidente do Sertanense, Paulo Farinha, apelidou como “a melhor de sempre” do clube.
Na primeira fase do campeonato, a equipa da Sertã fez 26 jogos, alcançando 15 vitórias, sete empates e quatro derrotas; marcou 56 golos e sofreu 25. O pecúlio da segunda fase não foi diferente – dez jornadas devolveram cinco vitórias, dois empates e três derrotas, tendo sido marcados 13 golos e sofridos nove. Em ambas as fases, o Sertanense terminou em primeiro lugar.
Os jogadores que representaram o emblema sertaginense durante esta época foram (jogos e golos entre parêntesis): André Moretto (16 jogos), Fábio (11 jogos), Artur (9 jogos), Hugo Lopes (22 jogos e 2 golos), Salgueiro (19 jogos), Pedro Miguel (32 jogos e 3 golos), Américo (30 jogos e 3 golos), Daniel (10 jogos), Bruno Xavier (36 jogos e dois golos), Leandro (33 jogos e 2 golos), Tiago (33 jogos), Marco Farinha (33 jogos e 17 golos), Joca (31 jogos e 16 golos), Babá (31 jogos e 2 golos), Filipe Avelar (33 jogos e 3 golos), Hygor (24 jogos e 2 golos), Santana Maia (5 jogos), Igor Luís (29 jogos e 13 golos), David Facucho (9 jogos), Anderson (26 jogos), Diego (6 jogos), Fernandinho (4 jogos e 2 golos) e Magalhães (16 jogos).
Em jeito de curiosidade, refira-se que a maior goleada da época foi alcançada à passagem da 14.ª jornada, quando o Sertanense bateu o Lousanense por 6-0. Este jogo ficou também marcado pelo ‘poker’ (quatro golos apontados) de Marco Farinha.
Ao nível das camadas jovens, o balanço também se pode considerar positivo. Em juniores, o clube alcançou a segunda posição do Distrital, com 45 pontos. Nos juvenis, a equipa averbou a sexta posição (25 pontos), ao passo que no campeonato de iniciados o quarto lugar na Série B (12 pontos) foi o posicionamento final.Já no campeonato de infantis, os jovens sertaginenses garantiram a terceira posição na primeira fase (31 pontos), carimbando a passagem à segunda fase, onde se quedaram pela terceira posição. Na prova de escolas, o Sertanense foi segundo na primeira fase (17 pontos) e quinto na fase-final (10 pontos).

segunda-feira, 8 de junho de 2009

PSD vence eleições ‘pouco’ europeias


O PSD venceu, de forma clara, as eleições europeias, realizadas ontem em território nacional. A lista encabeçada por Paulo Rangel alcançou 31,7 por cento dos votos contra 26,5 por cento do PS. O Bloco de Esquerda conseguiu o seu melhor resultado de sempre, registando 10,7 por cento dos votos, seguindo-se a CDU (10,6 por cento), CDS-PP (8,3 por cento), MEP (1,4 por cento), PCTP/MRPP (1,2 por cento), entre outros.
O que mais ressalta destes resultados é o facto do povo português (pelo menos os 36,86 por cento que votaram) ter aproveitado a ida às urnas para ‘castigar’ o PS, e não tanto para escolher os seus representantes no Parlamento Europeu.
Infelizmente, a tónica dos discursos na noite das eleições manteve a mesma bitola da campanha eleitoral – União Europeia nem vê-la. Estas eleições foram constrangedoras, no que toca ao debate europeu. Para um país como o nosso, que vê cada vez mais reduzir-se a sua esfera de acção no contexto europeu (a entrada em vigor do Tratado de Lisboa acentuará ainda mais essa situação), seria urgente que estas eleições tivessem servido para reflectir sobre o papel que Portugal hoje desempenha na Europa. Mas isso não aconteceu – os nossos partidos andaram entretidos a debater a política nacional e os casos que marcam a actualidade.
Foi pena, ainda para mais quando todos esquecemos que cerca de 60 a 70 por cento das leis nacionais são, directa ou indirectamente, condicionadas por regras comunitárias.
A título de curiosidade aqui ficam, de acordo com o Ministério da Justiça, os resultados das eleições europeias no concelho da Sertã: PSD (48,8 por cento), PS (21,5 por cento), CDS-PP (8,0 por cento), Bloco de Esquerda (6,3 por cento), CDU (2,4 por cento), MMS (0,8 por cento), MEP (0,7 por cento), PCTP/MRPP (0,7 por cento), MPT (0,7 por cento), P.H. (0,4 por cento), PPM (0,2 por cento), PNR (0,1 por cento) e POUS (0,1 por cento).

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Umas eleições pouco europeias


“Nunca uma democracia moderna foi tão pouco escrutinada”, Henrique Burnay


Alguns já sabem, mas para outros é novidade absoluta. No próximo domingo têm lugar as eleições europeias, aquelas em que escolhemos os nossos representantes no Parlamento Europeu, ou assim deveria ser.
O desinteresse da população sertaginense, e do resto do país, é evidente. Os candidatos lá se vão esforçando para não passarem despercebidos, ao mesmo tempo que apelam ao voto nas suas cores partidárias. Mas o que fica, para já, de toda a campanha é um longo bocejo e uma ausência, quase arrepiante, do tema que deveria dominar as conversas dos candidatos – a União Europeia.
Do lado social-democrata, ficámos a saber por exemplo que Paulo Rangel, candidato ‘laranja’ às eleições europeias, aquando da sua última passagem pela Sertã, em ambiente de pré-campanha, deixou a seguinte mensagem: “Nós podemos ter o destino nas nossas mãos. Não somos obrigados a viver no país da propaganda, dos anúncios, das auto-estradas e dos milhões e milhões de euros todos os dias na televisão”. “Nunca houve em Portugal um governo tão centralista. Toda a nossa faixa Interior está esquecida. O centralismo está impregnado e a cativar e escravizar o governo”.
Tudo ideias muito peregrinas, mas Europa nem vê-la. Os meus prezados leitores já devem estar acusar-me de ter memória curta e de não estar com atenção à campanha. É verdade que Paulo Rangel já defendeu um programa Erasmus para o primeiro emprego e tem advogado que os fundos europeus deviam servir para combater a crise, mas o que é certo é que na hora da verdade, o que sobressai em todos os seus discursos é que estas eleições são um teste para as próximas legislativas e autárquicas. E é pena, porque a distância que separa os portugueses da União Europeia continua a aumentar, graças à incompetência de uma classe política que tarda em explicar às pessoas o que se passa lá longe em Bruxelas – quantos saberão o que é e para que serve o Tratado de Lisboa?
Mas a culpa não é só do PSD. Veja-se a forma como o secretário-geral do PS (agora de folga das suas funções de primeiro-ministro), José Sócrates, falou na última sexta-feira, num comício em Castelo Branco. Aqui está uma das linhas gerais que retive do discurso de Sócrates, em relação às europeias, feito na capital de distrito: “Durante quatro anos a direita portuguesa procurou convencer os portugueses que não era preciso apresentar propostas ou ideias, porque isso far-se-ia durante a campanha eleitoral. Mas chegamos agora à campanha eleitoral e não vejo nenhuma proposta ou ideia, porque eles acham que dizer mal pode ser um programa político”.
Mas há mais. Quando todos esperavam que o discurso entrasse nas europeias, o secretário-geral do PS aproveitou para acusar os governos de coligação PSD/CDS-PP por terem lançado um clima de “terror na educação”, atrasando a colocação de professores e a abertura dos anos lectivos. “Depois das reformas que este Governo fez na educação, e sem um pingo de vergonha, a direita vem dizer que estas reformas representam o terror na educação”.
Já o candidato socialista Vital Moreira preferiu repetir os ataques que tem feito ao PSD acerca do envolvimento de altas figuras do partido no escândalo do BPN.
Mas claro que não posso ser injusto com o ‘camarada’ Vital, que também já deu os seus contributos para a campanha, ao defender um imposto único europeu e ao afirmar que o Partido Socialista Europeu devia apoiar outro candidato que não Durão Barroso (havia tanto para dizer sobre este senhor e a forma como ele se tem ‘afirmado’ na União Europeia).
Nos outros partidos, a tónica dominante é a de que estas eleições deverão servir para dar um “cartão vermelho” ao Governo. Paulo Portas tem insistido nesse argumento e até a ‘sertaginense’ Ilda Figueiredo (a candidata da CDU é natural da freguesia do Troviscal) não deixa fugir uma oportunidade para apontar o dedo ao Executivo socialista. E nem vou falar nos vários programas que os diferentes partidos apresentaram a estas eleições – como disse um colega meu “demasiadas generalidades e vacuidades” num claro exercício de contenção de recursos.
Tudo isto somado dará concerteza uma boa dose de abstenção nas eleições de domingo. E porquê? Porque é difícil convencer alguém a votar numas eleições onde o que está realmente em jogo não é a Europa, mas sim a primeira avaliação ao Governo socialista em ano de actos eleitorais.
Contudo, não se pense que não irei votar… esse é um direito do qual não abdico, enquanto cidadão. Mas posso dizer-vos que a escolha será difícil, além de que terei de me obrigar a um esforço suplementar para tentar perceber qual das forças partidárias (ao todo são doze partidos e uma coligação) nos poderá representar melhor no Parlamento Europeu.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Risco de incêndios graves pode ser grande em 2009


É um daqueles assuntos que surge sempre na mesma altura do ano e com aquela sensação de que voltámos, uma vez mais, a acordar tarde – os incêndios florestais. Uma notícia na edição de hoje do jornal Público dá-nos conta da visita que Mark Beighley, consultor norte-americano, fez durante duas semanas a Portugal para avaliar como o país se preparou para os incêndios deste ano. As conclusões não são animadoras, a julgar por aquilo que é referido na notícia: «O que ardeu em 2003 e em 2005 já está pronto para voltar a arder, com a agravante que o que está no terreno propicia a evolução das chamas ainda mais rapidamente», alertou este consultor, que percorreu o país após aqueles dois anos catastróficos, deixando na altura sugestões, que agora voltou para confirmar no terreno. Segundo a análise que agora fez, o risco de se voltar a ter um ano atípico, em que ardem mais de 250 mil hectares, é cada vez maior. A probabilidade «aumentou de um em oito anos para um em quatro».As razões ambientais (condições meteorológicas severas) explicam, de acordo com Mark Beighley, parte do problema. Mas não só. «O povo português é o problema». E porquê? «Porque 97 por cento das ignições são causadas pelo homem, um número largamente superior ao que existe nos países vizinhos».“Beighley elogiou o esforço feito no reforço do sistema de combate. Mas salientou que esta aposta só deveria existir como último recurso, quando todas as outras falham. O segredo está na prevenção, pelo que o tratamento de combustíveis na floresta tem de ser alargado e deve haver um esforço, desde a escola, para educar sobre o uso do fogo nos espaços rurais, «o que deverá levar uma geração»”, escreve o diário, acrescentando que, em relação ao combate, nem tudo está bem: “A floresta é a última prioridade, depois das vidas e das propriedades. Assim sendo, a probabilidade de os grandes incêndios florestais no Interior se descontrolarem é elevada já que os meios estão sobretudo vocacionados para o interface entre as populações e as florestas”.
Mark Beighley considerou ainda que “o sistema de combate ainda não foi testado num ano normal – «todos concordam que 2007 e 2008 foram benignos» –, o consultor americano com 34 anos de experiência em gestão florestal e de incêndios para o Governo dos E.U.A afirmou que o risco do sistema não funcionar em condições extremas não deve ser subestimado”.