Quem foi? “Homem de grande estatura moral e intelectual, de carácter nobre, personalidade vigorosa, porte varonil, inteligência brilhante e culta, causídico de grande saber e justificada fama, funcionário de alta competência, cidadão dos mais distintos e influentes”. Os elogios de Amaro Vicente Martins, director do jornal «A Comarca da Sertã, a Carlos Martins, por alturas da morte deste em 1966, deixam perceber o perfil de um homem que marcou a história sertaginense.
Natural da povoação do Labrunhal, freguesia de Proença-a-Nova, Carlos Martins começou por frequentar o Seminário de Portalegre até 1906, altura em que se matriculou na Universidade de Coimbra, onde se formou em Direito.
Regressou à sua região e assumiu, entre 1912 e 1915, o cargo de Administrador do concelho de Proença-a-Nova. Quatro anos depois é convidado para dar aulas no Liceu de Castelo Branco.
Em 1920, começa a leccionar no Instituto das Missões Laicas, em Cernache do Bonjardim, e por aí se mantém até 1927. Neste ano, resolve abrir um escritório de advocacia na Sertã, sendo nomeado, em 1937, Conservador do Registo Predial.
Quando completou 70 anos de idade, colocou um ponto de final na sua carreira profissional. “Desde então dividia o seu tempo entre um ou outro caso do foro e os cuidados do seu quintal e das suas abelhas, que eram a sua distracção predilecta”, escreveu Amaro Martins a propósito do seu amigo Carlos Martins.
Uma das histórias mais tocantes do advogado é também contada pelo antigo director d’ «A Comarca da Sertã»: “Sendo das primeiras pessoas a possuir receptor [de televisão] na Sertã, franqueava as portas da sua casa a todas as crianças da terra – sem distinção de nascimento ou roupa – que lá quisessem ir assistir aos programas infantis”.
Viria a falecer em 1966.