segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Fonte da Pinta: Quem lhe acode?

Em Janeiro de 2008, chamámos a atenção aqui no blogue para o estado lastimável em que se encontrava a Fonte da Pinta, na Sertã. Infelizmente, quase dois anos depois, o local mantém-se praticamente na mesma.
É um dos sítios mais emblemáticos da vila da Sertã e quase todos devem ter uma recordação que lhe esteja associada – as minhas são muitas! Novos e graúdos por ali partilharam horas de alegria e de confraternização.
A fonte já lá está há muitos anos e documentos antigos indicam que o espaço de lazer envolvente foi construído em 1899.
Mas o que ali temos hoje é uma fonte que quase não deita água, ervas e arbustos que cobrem todo o local e uma sensação de abandono que corrói a alma sertaginense.

Mais do que apontar culpados (talvez todos nós o sejamos – cúmplices pelo nosso silêncio), é imperioso fazer alguma coisa para que, uma vez mais, a Sertã não assista impavidamente à destruição de mais um local da nossa História.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O que se passa com o Atelier Túlio Vitorino?


Não quero alimentar polémicas, mas seria de todo o interesse que alguém pudesse esclarecer o que se está a passar com o Atelier Túlio Vitorino, em Cernache do Bonjardim. Durante o dia de ontem, o jornal on-line Pinhal Digital anunciou que este espaço se encontrava “temporariamente encerrado”, sendo que a “sua reabertura ao público será oportuna e brevemente divulgada”.
Acredito que existem boas razões para este encerramento temporário e que as mesmas se terão ficado a dever a algum reajustamento que é necessário fazer no local. Todavia, paira uma grande nebulosa sobre todo este assunto. Aguardemos os próximos desenvolvimentos, fazendo votos para que o espaço reabra rapidamente.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A outra Sertã


Afinal não somos os únicos a ter este nome. É o que apetece dizer perante a curiosidade que hoje trazemos. Até aqui sempre julguei que não existia mais nenhuma Sertã no país, mas enganei-me. Existe uma outra povoação que foi baptizada exactamente com o mesmo nome.
Está situada a Norte do país, mais precisamente no concelho de Arcos de Valdevez e na freguesia de Tabaçô. As informações sobre o lugar são quase escassas, apesar de ser possível garantir que serão poucos os habitantes – a freguesia de Tabaçô é das mais pequenas do concelho, não possuindo mais do que 351 habitantes.
O código postal desta Sertã é ligeiramente diferente do nosso: 4970-685.
Mas as novidades não se ficam por aqui. Na freguesia de Oleiros, aqui no concelho vizinho, temos uma povoação chamada Sertã Velha. Não sei porque lhe deram este nome, mas se algum dos leitores nos quiser elucidar, esteja à vontade.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

As ruas da Sertã: Rua Serpa Pinto


Onde fica? Artéria que vai desde a Praça da República até à zona do Clube da Sertã

Quem foi? “Serpa Pinto é como o toque do clarim a acordar uma nação adormecida”. Foi desta forma que um correspondente em Lisboa do jornal Letain descreveu Alexandre de Serpa Pinto, um jovem aristocrata do Norte, nascido a 20 de Abril de 1846, e que ficou célebre pelas suas viagens a África.
Depois de ter frequentado o Colégio Militar, realizou a sua primeira viagem ao continente africano, em 1869, para efectuar uma expedição ao rio Zambeze. O seu objectivo era avaliar a rede hidrográfica e a topografia local, apesar de alguns historiadores defenderem que o propósito da sua coluna era o de enfrentar as milícias do Bonga (Nigéria), que já “haviam infligido nas tropas portuguesas várias e humilhantes derrotas”.
Depois de mais algumas expedições, Serpa Pinto “foi nomeado para integrar, conjuntamente com Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens, a expedição portuguesa ao centro de África em 1877, tendo por missão estudar as relações hidrográficas do Congo, do Zambeze e do Cuango. O seu desejo de tentar a travessia de África, em vez de efectuar um simples reconhecimento das regiões interiores, levou a que se separasse dos acompanhantes, tendo atingido o Rio Zambeze em 1878 e completado a travessia em 1879. Da travessia ficou o notável relato do próprio Serpa Pinto, com o título Como Eu Atravessei a África. A sua expedição produziu efeitos consideráveis, contribuindo para o conhecimento do continente negro e para o prestígio internacional de Portugal no contexto das nações imperiais da segunda metade do século XIX”.
Em 1890, protagonizou o chamado ‘incidente Serpa Pinto’, que conduziu ao ‘ultimato britânico’, quando arreou as bandeiras inglesas, junto ao lago do Niassa (um dos grandes lagos africanos e que está situado no Vale do Rift, entre o Malawi, Tanzânia e Moçambique), num espaço cobiçado e monitorizado pela rede de espionagem do Reino Unido.
Nesta altura, o seu nome era aclamado nas ruas, havia mesmo biscoitos «Serpa Pinto» e em cada cidade e vila uma das ruas principais tinha o seu nome (a Sertã não ficou indiferente a este movimento).
Quatro anos depois do ultimato britânico, foi nomeado governador-general de Cabo Verde. Morreu em 1900.

Fontes: Serpa Pinto: Explorador Invencível; Enciclopédia Luso-Brasileira; Wikipédia; O Explorador Serpa Pinto

Posto Territorial da GNR de Cernache com chamadas reencaminhadas para a Sertã depois das 17h


A notícia é muito preocupante e reveladora da forma como algumas das nossas instituições tratam as populações. A Rádio Condestável deu conta, durante o dia de ontem, na sequência de uma nota sobre o assalto a uma bomba de gasolina, em Cernache do Bonjardim, que o atendimento no Posto Territorial da GNR daquela vila funciona apenas entre as 9 e as 17 horas, sendo que fora daquele horário de trabalho toda e qualquer solicitação está reencaminhada para o posto da Sertã.
Segundo a mesma estação de rádio, a situação já se arrasta há algum tempo e ninguém parece ter sido informado desta alteração no funcionamento do Posto Territorial da GNR.
Era importante que os responsáveis deste posto esclarecem-se rapidamente o que se está a passar, sob pena da situação ganhar contornos de alguma gravidade. E nem aqui vou falar na questão do horário…

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Mitos e lendas do concelho: Nossa Senhora do Pranto


É uma história que tem atravessado gerações e que ainda hoje fascina aqueles que estudam estas coisas. O músico e pintor Alfredo Keil (o homem que compôs o hino nacional) foi um dos que, na sua obra literária Tojos e Rosmaninhos, eternizou a lenda de Nossa Senhora do Pranto. A história está mesmo na origem da construção de uma igreja na vila de Dornes, no concelho de Ferreira de Zêzere.

“Pelas ravinas e quebradas que da serra da Vermelha, também conhecida por serra da Mendeira, situada no limite de Cernache do Bonjardim, vão até ao rio Zêzere, ouviam-se e repetiam-se, de dia e de noite, ais magoados.
O povo andava assustado.
São Guilherme de Pavia, que passava muitas vezes por aqueles sítios e ali atravessava o rio, ouviu as queixas das populações.
Regressando à Corte e tendo-lhe a Rainha Santa Isabel perguntado novidades dos terrenos dela, o santo respondeu-lhe:
- Real Senhora, anda lá tudo atemorizado com uns gemidos que se ouvem na serra.
- Não têm que se assustar – disse Santa Isabel – é minha prima que não quer ficar na serra da Vermelha e deseja passar para as minhas terras.
De facto, a imagem da Senhora do Pranto, com seu filho ao colo, aparecida no rio e recolhida em pequena ermida na serra, desaparecia para aparecer do outro lado do Zêzere. Os moradores de Cernache iam buscá-la mas, durante o trajecto, desaparecia para voltar para a outra margem do rio.
A Rainha Santa continuou:
- Vai lá. Os terrenos hão-de estar cobertos de grande orvalhada. No sítio onde não houver orvalho mandarás levantar uma igreja e nela recolherás a imagem. E verás como deixam de ouvir-se os ais, e o povo sossega.
Assim foi.
Edificada nova capela em Dornes, em sítio pitoresco, em frente à serra da Vermelha, Nossa Senhora do Pranto lá ficou para sempre, e lá continua a ser venerada por fiéis de uma e de outra margem do rio que, todos os anos, nos três dias do Espírito Santo, se juntam aos milhares para realizarem curiosos círios, cumprirem promessas e cantarem quadras”.
Fontes: Tojos e Rosmaninhos, Etnografia da Beira, O Povo Português nos seus Costumes, Crenças e Tradições

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Milho-cagão da Sertã em vias de extinção


O nome é estranho, mas esta espécie agrícola, cujo cultivo é quase exclusivo do nosso concelho, está em vias de extinção. A associação Colher para Semear tem alertado para o risco de desaparecimento do milho-cagão e de outras espécies agrícolas como a cenoura-pau e os rabos, originárias do Alentejo/Algarve e Trás-os-Montes, respectivamente.
O milho-cagão, que algumas pessoas de idade ainda cultivam no nosso concelho, tem a particularidade de ser mais pequeno do que o milho normal. Questionámos algumas pessoas idosas sobre as suas origens, mas a informação apurada é escassa e bastante difusa, sabendo-se apenas que a sua plantação era bastante frequente nos idos da década de 1940 e 1950.
Todavia, e devido ao trabalho fantástico que o Banco Português de Germoplasma Vegetal, a funcionar em Braga desde 1977, tem desenvolvido, foi já possível recolher e preservar as células genéticas (o germoplasma) do milho-cagão.

Concessão do Pinhal Interior nas mãos da Mota-Engil


A Mota-Engil poderá vir a assumir a Concessão das estradas do Pinhal Interior. O anúncio foi feito pelas Estradas de Portugal, mas carece ainda de confirmação oficial pelo Governo, que só o fará decorrido o período de 10 dias que os restantes participantes no concurso desta concessão (consórcios liderados pela Edifer, Soares Costa e Teixeira Duarte e Brisa) têm para poderem apresentar reclamações. O prazo termina no final desta semana.
É uma notícia de saudar, até porque uma boa fatia das estradas a construir/requalificar irão servir o concelho da Sertã.
Segundo as informações que têm vindo a público, o investimento inicial desta concessão atingirá 1.429 milhões de euros, sendo financiado por capitais próprios de 210 milhões de euros e financiamentos junto de bancos (BEI e banca comercial) de 1.200 milhões de euros.
Quanto ao contrato de construção, pertencente também ao consórcio construtor liderado pela Mota-Engil, o seu valor ascende a 958 milhões de euros.
A Concessão Pinhal Interior compreende a construção do IC3 Tomar/Coimbra, incluindo a ligação a Condeixa; do IC8 Proença-a-Nova/Perdigão (A23); da EN236-1 Variante do Troviscal; da ER238 Cernache do Bonjardim/Sertã (IC8); da EN238 Sertã/Oleiros; da EN342 Lousã/Góis/Arganil/Côja acrescida da ligação ao IC6. No total, serão construídos 173km de novas vias, a que corresponde um investimento de 706 milhões de euros.
Entre os lanços para requalificação, numa extensão de 135km, encontra-se o IC3 na Variante de Tomar; o IC8 entre Pombal e Ansião e entre Pedrógão Grande e a Sertã; a EN2 desde a Sertã até Vila de Rei e entre Góis e a Portela do Vento. Também beneficiarão de melhoramentos as Estradas Regionais 238 (entre Ferreira do Zêzere e Cernache do Bonjardim) e 347 (entre Penela e Castanheira de Pêra).
Quanto a prazos, esperemos pela publicação do contrato de concessão para perceber quantos anos teremos de esperar para que estas obras possam estar concluídas.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Memórias: Peditório a favor das vítimas do terramoto de Benavente (1909)


Corria o ano de 1909, quando no dia 23 de Abril um violento tremor de terra abalou as vilas ribatejanas de Benavente e Samora Correia, provocando mais de 60 mortos e centenas de feridos.
Uma onda de solidariedade para com as vítimas desta catástrofe mobilizou o país por esta altura. Foram efectuados diversos peditórios e vários cidadãos mostraram-se disponíveis para ajudar na reconstrução daquelas duas vilas.
O concelho da Sertã demonstrou também o seu espírito solidário, tendo sido efectuados vários peditórios, cujas verbas reverteram para as vítimas do terramoto. Esta imagem de 1909 (não é conhecido o autor) retrata exactamente um desses peditórios que se realizaram na vila da Sertã.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A Sertã na obra de Gil Vicente


Há quem diga que foi o primeiro grande dramaturgo português, tendo deixado para a posteridade mais de 40 peças de teatro. É também conhecido pela sua faceta de ourives, apesar de neste caso vários historiadores duvidarem que dramaturgo e ourives fossem a mesma pessoa. Outra das polémicas que o rodeia é o local do seu nascimento. Hoje em dia, é quase unanimemente aceite que Gil Vicente nasceu em 1465, mas a unanimidade desaparece quando o assunto é o local de nascimento. Guimarães, Barcelos ou Lisboa são algumas das hipóteses aventadas, a que é preciso juntar as Beiras.
E é nesta hipótese que nos vamos concentrar. Não tanto, no facto de Gil Vicente poder ter aí nascido, mas na evidência de que o dramaturgo conhecia muito bem a zona das Beiras, sobretudo a parte Sul e designadamente a Sertã. Isso mesmo pode ser comprovado nas suas obras, onde surgem referências a designações toponímicas do concelho e a personagens que Gil Vicente designa como oriundas desta zona.
Por exemplo, no Auto da Lusitânia (1532), a personagem Lediça refere: «E Catelão namorado/He meu primo e meu cunhado/E rendeiro na Sertãe.» – Nesta altura, em pleno século XVI, era esta a grafia utilizada por muitos para designar a vila.
Já no Auto da Barca do Inferno (1517), o Parvo diz para o Diabo: «Toma o pão que te caiu/A mulher que te fugiu/Para a Ilha da Madeira/Ratinho da Giesteira.» Mais à frente, o diálogo continua: «Furtaste a chiba, cabrão?/Pareceis-me vós a mim/Carrapato de Alcoutim/Enxertado em Camarão.» – nestas duas passagens atente-se nas localidades da Giesteira e Alcoutim, que são parte integrante do concelho da Sertã. Além disso, a expressão ‘ratinho da Giesteira’ surge em várias referências etnográficas do nosso concelho.
Por fim, na «Farsa dos Almocreves» (1527), Pêro Vaz diz ao Fidalgo: «Pagai, senhor, não zombeis/Que sou dalém do Sertão/E não posso cá tornar» – vários autores, entre eles José Alberto Lopes da Silva e Jaime Lopes Dias, referem em obras publicadas que este Sertão referia-se à vila da Sertã.
Há também referências a Pedrógão (Pequeno ou Grande?) n’ «O Clérigo da Beira» (1530) e a Vila de Rei na «Farsa dos Almocreves».

Fontes: O Mundo Religioso de Gil Vicente; A Beira Baixa e o seu Teatro Popular na Obra de Gil Vicente; Gil Vicente: Obras Completas.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Sertã tem bandeira municipal atípica


Não se trata de nenhum problema com a bandeira do município sertaginense, mas antes de uma curiosidade que deriva da inclusão de um pormenor pouco frequente em bandeiras do género no nosso país.
A particularidade reside, segundo vexilologistas nacionais, no texto do listel, dado em duas linhas ao invés da única habitual: «SARTAGO STERNIT SARTAGINE HOSTES / VILA DA SERTû.
Aqui fica a curiosidade!