sábado, 27 de fevereiro de 2010

Sertã analisada à luz do Desenvolvimento Económico e Social

O concelho da Sertã manteve em 2009 o quinto lugar, entre os 11 municípios do distrito de Castelo Branco, no «Indicador Sintético de Desenvolvimento Económico e Social ou de Bem-Estar dos Municípios do Continente Português», elaborado pelo Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social da Universidade da Beira Interior. Se olharmos para o conjunto dos 278 concelhos de Portugal continental, a Sertã surge posicionada no 152.º lugar.
À semelhança do que já aqui dissemos o ano passado, no momento em que foram conhecidos os resultados de 2008, a posição ocupada pelo concelho sertaginense não é motivo para grandes festejos, até porque à sua frente ficaram municípios como Vila Velha de Ródão e Vila de Rei, apesar de não esquecermos que atrás de si ficaram Fundão, Idanha-a-Nova ou Proença-a-Nova.
A análise efectuada (e que levou em linha de conta variáveis como os equipamentos de saúde, culturais, educativos, infra-estruturas básicas, cultura, população, saúde, segurança, ambiente, dinamismo económico, mercado de habitação, mercado de trabalho, rendimento e consumo) apresenta alguns dados surpreendentes, mas deve ser lida com alguma cautela, isto porque as estatísticas valem o que valem e por vezes não retratam fielmente a verdadeira realidade do concelho.

Todavia, este estudo não deixa de ser um óptimo ponto de partida para discutir seriamente (e sem as habituais tergiversões partidárias) o actual momento que o nosso concelho atravessa.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

E mais uma vez voltamos à EN 238

“Chegou a hora do Pinhal Interior”. Foi com esta frase lapidar, proferida no dia 2 de Julho de 2008 por Paulo Campos, secretário de Estado Adjunto das Obras Públicas, que se deu início à apresentação do pacote de estradas que seriam construídas ou requalificadas, no âmbito da Concessão do Pinhal Interior.
A Estrada N238, no troço entre Ferreira do Zêzere e a Sertã, estava incluída no lote apresentado, notando-se que a via seria apenas melhorada e não objecto de nenhuma intervenção mais profunda ou mesmo de construção de novo traçado. Esta ideia foi mesmo repetida por Paulo Campos ao jornal Reconquista: “a via vai ser melhorada”.
Na altura, algumas vozes chamaram a atenção para a situação, sublinhando que não era isto que havia sido prometido, mas o silêncio acabou por imperar, segundo alguns porque assim era necessário.
Recordo aqui que ao longo dos anos várias promessas surgiram e a intervenção nesta via chegou mesmo a estar nos planos da antiga Junta Autónoma de Estradas (JAE), que não a concretizou por falta de verbas.Quando o Governo avançou com a possibilidade da construção de uma nova estrada que ligaria as cidades de Tomar e do Fundão, com passagem pela Sertã, todos acreditámos que tinha chegada a hora. Até hoje, ainda não percebemos o que aconteceu a esta iniciativa.
Mas a ‘notícia’ que todos temiam chegou no final do ano passado: não haveria nova estrada entre Ferreira do Zêzere e a Sertã e aquilo que Paulo Campos havia dito iria mesmo concretizar-se. A indignação foi muita, mas apenas se cumpriu o que fora anunciado.
Compreendo a indignação de todos, mas não compreendo que tão poucas vozes (não vou aqui referir o nome dos poucos resistentes que sempre pugnaram por esta via, porque todos sabemos quem são!) se tenham levantado, ao longo dos anos, contra este problema que interessava a todo o concelho da Sertã e de Ferreira do Zêzere.

Hoje, mais do que apontar culpados, seria bom que nos uníssemos para tentar evitar mais uma daquelas intervenções que mais não são do que um acto de “esbanjar” dinheiro sem que daí advenha grande benefício para as populações locais. E o Interior começa a estar tão cansado das promessas de todos aqueles que, de quatro em quatro anos, nos visitam procurando eleger-se para aquela cadeirinha em São Bento. Será que alguma vez por lá se discutiu o futuro desta via?

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Memórias: O Nevão de 1946


Corria o dia 19 de Janeiro de 1946 quando um forte nevão cobriu toda a vila da Sertã de um impressionante manto branco. Os mais velhos ainda se recordam da data e sobretudo dos sobressaltos que a intempérie provocou, já para não falar dos estragos.
Olímpio Craveiro deixou-nos este instantâneo, que retrata bem a dimensão do nevão.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

As ruas da Sertã: Rua Dr. Santos Valente

Onde fica? Artéria que vai desde o miradouro Caldeira Ribeiro até à Rua Cândido dos Reis (vulgo ‘rua do Vale’), atravessando uma boa parte do centro histórico da vila e passando junto ao terreno onde esteve até há bem pouco a Casa das Guimarães. Esta artéria foi conhecida, em tempos antigos, por Rua da Judiaria e mais recentemente por Rua Nova.

Quem foi? António Lopes dos Santos Valente nasceu na Sertã a 4 de Dezembro de 1839 e por cá passou a sua mocidade. Em 1858, foi admitido no curso de Direito da Universidade de Coimbra e, desde cedo, chamou a atenção de colegas e professores.
Logo no primeiro ano, tornou-se conhecido na Academia como “abalizado latinista, por causa de uma célebre dissertação escrita em latim de Cícero”. O estudo desta língua era uma das suas principais ocupações, que completava com a redacção de textos (em prosa e em verso) que mais tarde viriam a ser compilados numa edição da Imprensa Nacional, a que foi dado o nome de «Carmina». São também da sua pena o livro de poesia «Primícias» e a obra «Orthographia Portuguesa», em conjunto com Francisco de Almeida. Publicou também sob os pseudónimos de Fausto de Monteval, Fausto de Sandoval e Sténio.
As línguas grega e italiana exerciam também sobre si grande fascínio, não sendo de estranhar que, ao longo da vida, Santos Valente fosse responsável pela tradução de diversos romances e de outras obras de literatura escritas nestas duas línguas. Um pormenor curioso: por vontade expressa, o seu nome nunca surgia na autoria da tradução, aparecendo apenas a expressão «Tradução Autorizada».
Durante a sua estada em Coimbra, tornou-se amigo dos escritores Eça de Queirós e Antero de Quental e do político Manuel de Arriaga, que viria a tornar-se no primeiro presidente da República portuguesa.
Depois de terminar os estudos, em 1863, foi nomeado Administrador do Concelho de Vila de Rei, um cargo que, segundo o jornal A Comarca da Sertã, de 30 de Novembro de 1936, “exerceu com singular rectidão e cordura”.
Volvidos alguns anos, encontrou-se em Lisboa, onde se candidatou a um lugar de amanuense na secretaria da Justiça. Por lá ficou até ao final da vida.
Entretanto, não deixou de lado a sua paixão pela filologia e embrenhou-se na elaboração daquele que viria a ser o Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, publicado pela primeira vez em 1881, e várias vezes reeditado. Este foi talvez o seu maior legado, sendo que ainda hoje esta extensa obra é fonte de estudo de vários especialistas nesta área.
Viria a falecer, em Lisboa, no dia 11 de Abril de 1896.

Alguns anos mais tarde, e de modo a perpetuar a sua memória, a Câmara Municipal da Sertã decidiu atribuir o seu nome à rua onde está situada a casa em que nasceu.

Carnaval no Outeiro da Lagoa e na Casa da Comarca da Sertã

O Carnaval já não é o que era, mas ainda há quem teime em não deixar morrer a tradição. As gentes do Outeiro da Lagoa são um bom exemplo disso e, este ano, voltam a organizar o seu Carnaval Popular, que se estende desde o dia 13 até 16 de Fevereiro.
Os festejos têm início no sábado (13) com um baile, onde actua o grupo musical Inovação. No dia seguinte (domingo, 14), realiza-se o desfile de Carnaval, com a concentração dos participantes a ter lugar às 14 horas, no adro dos Calvos. O corso tem início uma hora depois e nele marcam presença, além dos tradicionais burros e vários carros alegóricos, um conjunto de mega concertinas e a Filarmónica União Sertaginense. À noite, o baile fica a cargo do organista Rui Miguel.
Na terça-feira (16), o organista José António Reis anima o povo, a partir das 15 horas.
Quem não estiver pelo concelho da Sertã, pode optar pela festa de Carnaval que a Casa da Comarca da Sertã leva a efeito no dia 16 de Fevereiro, pelas 15 horas, na sua sede na Rua da Madalena, 171, 3.º, em Lisboa. A animação promete ser muita!!!
Aqui ficam as sugestões…

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Olhar mais a sério para a recente onda de assaltos no concelho

A recente onda de assaltos registada na Sertã voltou a colocar na ordem do dia a questão da segurança. Apesar de não queremos ser alarmistas, talvez fosse bom que o assunto merecesse uma maior reflexão das entidades competentes, ainda para mais num momento em que é reconhecido que existe falta de efectivos policiais no concelho.
O tema subiu a uma das últimas sessões da Assembleia Municipal, a propósito da falta de efectivos no posto da GNR em Cernache e ao seu horário de funcionamento. Na altura, foi apresentada uma Moção à Assembleia, assinada pelos presidentes de Junta de Cernache, Castelo, Cabeçudo, Nesperal e Palhais “a favor do reforço dos meios humanos e materiais, bem como a abertura regular durante as 24 horas do dia daquele posto”. Alguns deputados da oposição juntaram-se aos protestos e estenderam a preocupação ao resto do concelho.
O presidente da Câmara da Sertã, José Nunes, anunciou na mesma assembleia que a edilidade estava atenta a esta situação e que já havia alertado as autoridades para o que estava a suceder.

Não sabemos qual foi a resposta das autoridades, nem se a reunião com a GNR da Sertã aventada na altura, chegou a realizar-se, agora o que sabemos é que importa olhar mais a sério para o problema e tentar transmitir algum sentimento de segurança às populações, até porque não é normal registarem-se cinco assaltos numa só noite na vila da Sertã.

Depois de Copenhaga, a Sertã

A Sertã foi ontem palco da cerimónia de lançamento do projecto europeu Renewable Energies Transfer System (RETS). Trata-se de uma iniciativa, com uma duração de três anos, que visa melhorar o conhecimento e as competências dos responsáveis políticos locais e regionais em matéria de energias renováveis, de modo a facilitar a concretização de estratégias coerentes e com impactes económicos positivos.
O momento revestiu-se de grande solenidade e deve ser motivo de orgulho para todos os sertaginenses que ontem foram visitados por alguns dos maiores especialistas europeus nesta matéria.
O presidente da Câmara da Sertã, José Nunes, sublinhou, durante a intervenção proferida na Casa da Cultura, por ocasião da cerimónia de lançamento, que “ao aderir a este projecto, a Sertã está a colocar-se na vanguarda das prioridades do momento”, sendo que “as questões ambientais e da preservação são essenciais numa sociedade moderna” e as energias renováveis “uma excelente oportunidade para o nosso desenvolvimento”.
Afirmando que a Sertã tem “condições naturais únicas” para a produção de energias renováveis, o autarca, citado pela Rádio Condestável, manifestou o compromisso do município em “contribuir com as nossas energias verdes para um ambiente de melhor qualidade”.
O discurso do autarca espelhou bem aquilo que tem sido a aposta da Sertã nas energias renováveis, consubstanciada nas três barragens existentes nos limites do concelho, no Parque Eólico com 26 aerogeradores e na Central de Biomassa da Palser [que o presidente da República, Cavaco Silva, irá inaugurar no próximo sábado]. O futuro desta região passa concerteza por aqui e este sinal das forças políticas é muito importante, sobretudo num momento em que tanto se fala no crescimento do desemprego.
Um passo curioso do discurso de José Nunes foi sem dúvida a disponibilidade demonstrada para “difundir pela região a sua [da Sertã] experiência, dinamizar o crescimento económico e ter papel decisivo na pegada do Carbono zero, bem como consumir cada vez menos energias fósseis e aproveitar os recursos naturais como sendo o sol, a água, o vento, entre outros”.
Catherine Ledig, coordenadora do RETS, destacou “a importante união de esforços e vontades” e abordou a estratégia europeia que visa atingir uma meta de 20 por cento de energias renováveis até 2020 e 10 por cento de energias renováveis para o sector automóvel: “Este cumprimento é importante daí ser fulcral este RETS”, constatou.
Depois do rotundo fracasso que foi a Cimeira de Copenhaga, talvez seja tempo de cada um de nós começar a pensar no que pode realmente fazer para ajudar o ambiente.