Quem foi? António Lopes dos Santos Valente nasceu na Sertã a 4 de Dezembro de 1839 e por cá passou a sua mocidade. Em 1858, foi admitido no curso de Direito da Universidade de Coimbra e, desde cedo, chamou a atenção de colegas e professores.
Logo no primeiro ano, tornou-se conhecido na Academia como “abalizado latinista, por causa de uma célebre dissertação escrita em latim de Cícero”. O estudo desta língua era uma das suas principais ocupações, que completava com a redacção de textos (em prosa e em verso) que mais tarde viriam a ser compilados numa edição da Imprensa Nacional, a que foi dado o nome de «Carmina». São também da sua pena o livro de poesia «Primícias» e a obra «Orthographia Portuguesa», em conjunto com Francisco de Almeida. Publicou também sob os pseudónimos de Fausto de Monteval, Fausto de Sandoval e Sténio.
As línguas grega e italiana exerciam também sobre si grande fascínio, não sendo de estranhar que, ao longo da vida, Santos Valente fosse responsável pela tradução de diversos romances e de outras obras de literatura escritas nestas duas línguas. Um pormenor curioso: por vontade expressa, o seu nome nunca surgia na autoria da tradução, aparecendo apenas a expressão «Tradução Autorizada».
Durante a sua estada em Coimbra, tornou-se amigo dos escritores Eça de Queirós e Antero de Quental e do político Manuel de Arriaga, que viria a tornar-se no primeiro presidente da República portuguesa.
Depois de terminar os estudos, em 1863, foi nomeado Administrador do Concelho de Vila de Rei, um cargo que, segundo o jornal A Comarca da Sertã, de 30 de Novembro de 1936, “exerceu com singular rectidão e cordura”.
Volvidos alguns anos, encontrou-se em Lisboa, onde se candidatou a um lugar de amanuense na secretaria da Justiça. Por lá ficou até ao final da vida.
Entretanto, não deixou de lado a sua paixão pela filologia e embrenhou-se na elaboração daquele que viria a ser o Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, publicado pela primeira vez em 1881, e várias vezes reeditado. Este foi talvez o seu maior legado, sendo que ainda hoje esta extensa obra é fonte de estudo de vários especialistas nesta área.
Viria a falecer, em Lisboa, no dia 11 de Abril de 1896.
Alguns anos mais tarde, e de modo a perpetuar a sua memória, a Câmara Municipal da Sertã decidiu atribuir o seu nome à rua onde está situada a casa em que nasceu.