quarta-feira, 29 de abril de 2009

Centro de Saúde da Sertã vai conhecer obras a partir de Junho


A edição do passado dia 24 de Abril do jornal «A Comarca da Sertã» trazia a boa nova: as obras de remodelação e ampliação do Centro de Saúde da Sertã vão iniciar-se no próximo mês de Junho, sendo que do actual edifício pouco ou nada ficará.
A decisão de construir um novo edifício é inteligente e só peca por tardia – há anos que a Sertã vinha necessitando de uma unidade mais condigna com aquilo que são as suas necessidades.
Segundo o semanário sertaginense, e citando Henrique Brandão, director executivo do Agrupamento de Centros de Saúde do Pinhal Interior Sul, a nova unidade incluirá, além dos serviços tradicionais, o Serviço de Urgência Básica (SUB).
Até que a obra esteja concluída, os serviços deverão funcionar em pavilhões pré-fabricados e contentores apropriados. Não é a melhor solução, mas penso que valerá o esforço – só espero que a intervenção não se atrase muito no tempo (a Sertã é, por vezes, fértil neste tipo de situações).

segunda-feira, 27 de abril de 2009

S. Nuno de Santa Maria é o novo santo português


O relógio marcava 10h33m em Roma (9h33m em Portugal) quando o papa Bento XVI proclamou o Condestável D. Nuno Álvares Pereira como novo santo da igreja Católica – o oitavo português desde a fundação da nacionalidade (a que é preciso juntar os cinco santos proclamados antes da nacionalidade e que habitavam o território que geograficamente pertence hoje a Portugal).
O cernachense S. Nuno de Santa Maria foi elogiado pelo papa, que na sua homilia destacou a dimensão de herói e o “sentido de compaixão e despojamento” do Condestável.
Bento XVI acrescentou ainda que “a vida de D. Nuno é exemplar pela presença de uma vida de fé e oração em contextos aparentemente pouco favoráveis às mesmas”.
A canonização em Roma foi seguida in loco por quase três mil portugueses, muitos deles originários do concelho da Sertã, de onde partiu uma grande comitiva.
O presidente da Câmara da Sertã também marcou presença na canonização. Em declarações à Rádio Condestável, José Paulo Farinha disse ter sido um “privilégio poder assistir à Canonização do primeiro Santo português do século XXI”.
“Os cernachenses e todo o povo do concelho da Sertã, além de um grande orgulho e privilégio de terem o primeiro Santo do século XXI, tal como o resto dos portugueses que estiveram aqui hoje, deram uma alegria a esta comemoração”, referiu o autarca.
Pena que este acontecimento não tenha merecido maior relevo no nosso país, até porque, como diz o jornalista António Marujo, hoje no Público, “quando o Estado se associa com entusiasmo a celebrações de futebóis, causa estranheza não ver mais empenho em relação a uma figura que marcou a História do país”.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Lembrar os sertaginenses que pereceram na guerra do Ultramar


As comemorações dos 35 anos do 25 de Abril estão à porta e, por isso, resolvi lembrar aqui hoje um dos acontecimentos mais marcantes da História portuguesa – a guerra do ultramar e todos os que pereceram nela.
Segundo os dados da «Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África 1961-1973», nos 13 anos de guerra colonial registou-se um total de 8.290 mortos nas três frentes de combate: Angola (3.250 mortos), Moçambique (2.962) e Guiné (2.070).
Para quem não sabe, destes mais de oito mil mortos, 31 eram naturais do concelho da Sertã. São esses 31 que gostaria hoje aqui de lembrar, numa curta elegia.
Para a posteridade, deixo o nome daqueles que um dia partiram do nosso concelho para defender a pátria e não mais voltaram: Adelino Duarte (natural do Carvalhal), Albino Farinha (Mosteiro de São Tiago), Albino Simão (Troviscainho), Alfredo Marques (Santa Rita – Castelo), António Farinha (Relvas – Ermida), António Marçal (Palhais), António Alves (Outeirinho – Várzea dos Cavaleiros), Carlos Marques (Castelo), Clementino António (Ladeirinha – Figueiredo), Daniel dos Santos (Chão das Macieiras – Cernache do Bonjardim), Eduardo Alves (Ermida), Eduardo Cartaxo (Sertã), Fernando Silva (Várzea dos Cavaleiros), Fernando Cotrim (Orgueira – Palhais), Fernando Martins (Tojal – Cabeçudo), Joaquim Gonçalves (Cernache do Bonjardim), Joaquim Ramos (Moinho da Rola – Sertã), José Mendes (Cernache do Bonjardim), José Martins (Pedrógão Pequeno), José Marques (Mourisco), José Nunes (Cernache do Bonjardim), José Rodrigues (Mourisco), José Martins (Várzea dos Cavaleiros), José Pereira (Castanheira Grande – Cumeada), Libânio Pires (Troviscal), Manuel Mendes (Tapada), Manuel de Jesus (Santinha – Figueiredo), Manuel Dias (Entre-a-Serra – Várzea dos Cavaleiros), Olímpio Santos (Cernache do Bonjardim), Pedro Matos Neves (Sertã), Rogério Fernandes e Silva (Pombas – Sertã).

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Memórias: Ruas que sobem e descem


Estamos no final da vulgo rua do Castelo. A imagem tem cerca de 40 anos, mas é estranho que tudo ainda nos pareça demasiado familiar. Porque será?
Mais um instantâneo a lembrar-nos que é preciso não deixar morrer o centro histórico da Sertã. E como ele tem sido tão maltratado ao longo dos últimos anos. Vamos a ver se é desta que o cenário muda de figura.
Foto: Olímpio Craveiro

terça-feira, 21 de abril de 2009

Suiniculturas: é preciso intervir…


Já não é a primeira vez que aqui falamos deste problema e concerteza não será a última. As suiniculturas, quando não devidamente enquadradas no meio envolvente e na legislação, são um verdadeiro perigo para a saúde pública e para o bem-estar dos cidadãos.
Desta vez, foi um dos nossos leitores – num email devidamente identificado – a chamar a atenção para os efeitos que uma suinicultura, existente no centro da Várzea dos Cavaleiros, têm provocado na qualidade de vida dos habitantes desta aldeia.
Segundo ele, o mau cheiro é extremamente intenso, sobretudo nos dias de Verão, sendo que, por vezes, são efectuadas descargas, a céu aberto, dos resíduos da suinicultura para os terrenos circundantes.
Seria bom que este tipo de situações fosse inspeccionada e acautelada. E já agora que falo nisto, será que alguém me consegue esclarecer um enigma que me assalta há alguns anos: porque é que em dias de chuva o cheiro a dejectos de animais é mais intenso nas zonas da Fonte Branca, Santo Amaro, Boeiro e áreas envolventes?

Banco Local de Voluntariado na Sertã


A iniciativa merece o nosso aplauso e é reveladora de que pequenos gestos podem fazer toda a diferença. A Câmara da Sertã assinou, na passada semana, um protocolo com o Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado (CNPV), que permite a criação do Banco Local de Voluntariado da Sertã, designado por A Razão da Semente.
De acordo com a Rádio Condestável, esta estrutura irá funcionar no antigo jardim de infância, no Bairro de Santo António, um “espaço que se quer como elo de ligação entre cidadãos voluntários com apetência e competência e as instituições que os queiram receber”, nota aquela estação de rádio.José Paulo Farinha, presidente da Câmara da Sertã, afirmou que esta é uma tentativa de encontrar respostas para um conjunto de preocupações relativamente aos mais desfavorecidos. “Hoje em dia a humanidade exibe, concomitantemente com o desenvolvimento económico e tecnológico, a pobreza, daí ser necessário labutar em conjunto para encontrar o caminho da solidariedade, da coesão social e da afirmação da cidadania”, referiu o edil sertaginense, citado pela Rádio Condestável.
Já Elza Chambel, presidente do CNPV, notou que “em situações de crise, o recurso ao voluntariado é a última hipótese para o desenvolvimento de actividades não rentáveis pois as necessidades urgentes são cada vez mais e as respostas possíveis limitadas pela estreiteza dos orçamentos sociais”.
O Banco de Voluntariado da Sertã é o quarto a nível distrital e o 81.º no país.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Estrada para Oleiros no bom caminho, mas continua a faltar a ligação para Ferreira do Zêzere


É uma boa notícia e que só peca por tardia. O Estudo Prévio da EN 238 entre Oleiros e a Sertã, aprovado recentemente pelo Conselho de Administração da EP – Estradas de Portugal, foi publicado em Diário de República, no passado dia 7 de Abril.
Segundo a Rádio Condestável, o novo traçado, que ligará estes dois concelhos, terá uma extensão de cerca de 19.673 metros, o que encurta o actual trajecto em 6 quilómetros, ao mesmo tempo que reduz o tempo de viagem em 53 por cento (15 minutos).
Numa nota enviada à imprensa pela Câmara de Oleiros, e citada por esta rádio, é dito que “a via em causa representará um eixo estruturante e estratégico para a região, pelo que a escolha do seu traçado foi pensada numa óptica de sustentabilidade, considerando a integração deste troço numa posterior via entre Tomar e Fundão”.
Chegados aqui é também altura de perguntar quando é que a estrada entre Cernache do Bonjardim e Ferreira do Zêzere vai conhecer igual destino, ou seja, a requalificação do actual traçado. A obra tem sido anunciada pelo Governo durante os últimos meses (até o secretário de Estado Adjunto, das Obras Públicas e das Comunicações, Paulo Campos, esteve na Sertã a apresentar os detalhes desta intervenção) e está inclusivamente englobada na Concessão Pinhal Interior.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Jornadas Desportivas da Zona do Pinhal realizam-se no sábado


É já no próximo sábado (18 de Abril) que decorre a 4.ª edição das Jornadas Desportivas da Zona do Pinhal. Subordinadas ao tema «Gestão de Desporto», estas jornadas decorrem na Casa da Cultura da Sertã.
Os trabalhos têm início pelas 10 horas de sábado com o painel da manhã, que inclui José Neto (Instituto Superior da Maia), João Petrica (Escola Superior de Educação de Castelo Branco), João Serrano (Escola Superior de Educação de Castelo Branco) e André Seabra (Universidade do Porto). A moderação estará a cargo de Ricardo Nunes (Divisão de Acção Social da Câmara Municipal da Sertã).
O painel da tarde conta com as presenças de Mário Guimarães (Universidade Lusófona), Júlio Martins (Universidade da Beira Interior), Albino Maria (Escola Superior de Desporto), Antunes de Sousa (Instituto Piaget) e terá a moderação de Carlos Miranda, director Pedagógico do Instituto Vaz Serra.

A Sertã do século XIX aos olhos de um estrangeiro


«A Handbook for Travellers in Portugal». Assim se chamava o guia publicado em 1856, em Londres, e que funcionava como um precioso auxílio a todos quantos pretendiam descobrir Portugal.
O livro disponibilizava diversas descrições de todos os cantos do nosso país e como é óbvio a Sertã também lá estava, eternizada num pequeno texto, que a seguir reproduzimos:
“A pretty little town on the Pêra or Certãa. The castle is extremely picturesque; so are the banks of the river, and the convent by its side. Near this place is Bonjardim, where the Great Constable D. Nuno Álvares Pereira was born in 1360. There are here 2 estalagens, both wretched. The church pf N.S. do Olival in this place was the only one in Portugal, except the Carmo at Lisbon, wich had an altar to the Great Constable. The iamge was the size of life; and the Constable was invoked against fevers”.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Memórias: Juventude Operário Católico


O Sertanense é hoje o grande dinamizador da prática do futebol na vila da Sertã. Mas nem sempre foi assim. Em décadas passadas, essa tarefa esteve nas mãos, e nos pés, de outras colectividades que chamaram a si a prática deste desporto.
O Juventude Operário Católico foi um deles. Mais conhecida por J.O.C, esta equipa foi criada em Junho de 1950 e tinha a sua sede social numa pequena casa situada na Rua do Vale.
Os bons resultados alcançados nos jogos frente às formações dos concelhos vizinhos granjearam-lhe algum prestígio dentro da vila e as manifestações de carinho dos adeptos para com os jogadores eram constantes.
Recordamos aqui a equipa que alinhou no jogo de estreia (vitória sobre o Figueiró dos Vinhos por 4-3): Domingos Francisco Silva (director), António Sousa, Jorge Matos, Aníbal, Luís, Tavares, José Sousa, Joaquim Moleiro, Virgílio da Silva, António Coura, Anselmo e Henrique.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

O despovoamento na Sertã e a população a envelhecer


O despovoamento é um dos problemas mais graves com que se depara o concelho da Sertã. Já aqui por várias vezes falamos do tema e fizemos eco dos vários estudos que dão conta deste cenário. O último deles, «Dinâmicas Populacionais e Projecções Demográficas da Sertã», revela que o nosso concelho poderá perder, até 2026, cerca de 12 por cento da sua população (1.845 habitantes).
O presidente da Câmara da Sertã, José Paulo Farinha, desdramatizou, em entrevista recente, este cenário. “Embora reconhecendo que o futuro seja cada vez mais incerto e que inverter a tendência de despovoamento de um concelho seja um trabalho continuado, de longo fôlego, estou convicto que esta hipótese não se verificará”.
No entanto, hoje voltamos a insistir no tema, porque há dados novos que podemos introduzir no debate.
Fernanda Cravidão, especialista em Geografia Humana e professora catedrática da Universidade de Coimbra, deu uma entrevista há cerca de uma semana, onde coloca o dedo na ferida e traça o retrato do que se passa hoje em matéria de despovoamento, sobretudo no Interior.
A especialista constata que a Sertã caminha para um envelhecimento, cada vez mais acentuado, da sua população, a que se soma uma fuga dos mais jovens para outras paragens. Fernanda Cravidão dá também conta de um fenómeno que se verifica há já algum tempo: “há um aumento da população na sede do concelho devido ao efeito de sucção das áreas à volta”.
Se olharmos para o estudo que há pouco citámos, podemos perceber que, nos próximos anos, apenas duas freguesias do concelho deverão ganhar população: Sertã e Cabeçudo.
Sobre as causas do despovoamento, a professora é pragmática: “As causas do despovoamento são remotas. Dificilmente um país de reduzidas dimensões e fracos recursos passaria incólume por uma vaga de emigração para a Europa e uma guerra colonial, a que se sobrepôs uma mobilidade para o Litoral, nos anos 60, que ainda não parou”.
As soluções para o problema não são fáceis mas, ainda assim, Fernanda Cravidão faz a sua tentativa. “A solução passa por olhar para o Interior de outra forma, tirando partido daquilo que temos. (….) Aquele discurso de povoar o interior, subsídios para casais e coisas desse tipo, é tudo muito bem intencionado, mas não resulta. A mobilidade do Interior para o Litoral é desde sempre. Esse é um discurso perdido”, sublinha.
Além disso, “tentar levar para lá a população que saiu é contra-natura”, nota, referindo-se ao desenvolvimento de uma sociedade industrializada, consumista e globalizada, que não está disposta a abdicar de um modo de vida onde tudo é de acesso fácil.
Para esta especialista, “o mundo rural deve ser encarado de outra forma, como espaço de lazer, turismo de cargas brandas e agricultura biológica”, exemplificou, defendendo que as crianças devem ser levadas das escolas das cidades para saberem o que é um pinheiro e como se cultivam as batatas.
Apesar de não concordar com algumas das opiniões manifestadas por esta especialista, sobretudo no parágrafo anterior, este é um debate que urge fazer, até porque a viabilidade de concelhos como o da Sertã passa sobretudo pela resolução, ou atenuação, deste tipo de problemas.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Quem criou a lenda da Celinda?


Há uma frase num conhecido filme americano (The Man Who Shot Liberty Valance) que serve bem os propósitos do nosso texto de hoje. É proferida no final do filme e, em tradução livre, quer dizer mais ou menos isto: “Quando a lenda é mais interessante que a realidade, imprima-se a lenda” (When the legend becomes fact, print the legend).
Foi isto que sucedeu exactamente com a lenda da Celinda, que durante anos serviu para alimentar o imaginário de todos nós quanto ao que seriam as origens da Sertã. Mas de onde veio esta história, que os nossos antepassados trataram de perpetuar?
A resposta é simples: a lenda foi criada pelo escritor Miguel Leitão de Andrada e publicada, pela primeira vez, em 1629, na sua obra «
Miscelânea do sítio de Nossa Senhora da Luz do Pedrógão Grande: aparecimento de sua imagem, fundação do seu Convento e da Sé de Lisboa, com muitas curiosidades e poesias diversas».
O livro está disponível na Internet, em formato pdf, e para encontrar a história, inspirada segundo alguns em factos decorrentes da tradição oral da altura, é preciso avançar até ao Diálogo Vigésimo. Aqui fica um pequeno excerto:
“Vendo pois Celinda entrar o marido muito mal ferido de morte, dizendo deixava mortos os companheiros, e o castello entrado, foi tal a dor de o ver assi, e furor de sua vingança pêra os inimigos, que tomando súbito o dito instrumento [sertã], com ambas as mãos, assi vermelho, e ardendo no fogo, como estava, e com o azeite, e ovos fervendo, como huma leo embravecida se lançou aos inimigos…”
E quem era Miguel Leitão de Andrada? Natural de Pedrógão Grande, onde nasceu a 28 de Setembro de 1553, notabilizou-se por ter acompanhado D. Sebastião na jornada de má memória a África, em 1578, para travar a batalha de Alcácer Quibir. Foi preso por lá, regressando alguns anos depois a Portugal, para contar toda a história do que por lá se passou. Ainda hoje, vários historiadores elogiam os seus escritos relativos a este episódio da história de Portugal.
Além de escritor/historiador, foi também jurista.
Imagem: Pormenor da gravura de Pedro Nunes Tinoco, alusiva à Sertã nos idos de 1618