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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Povoações: Trizio (freguesia de Palhais)

As águas que lhe banham as margens são muito procuradas pelos sertaginenses, e não só, durante os meses de Verão mas poucos são os que conhecem a história deste lugar e o que as areias do tempo por aqui deixaram escondido. A povoação que hoje destacamos é o Trizio, lugar pertencente à freguesia de Palhais.
Não é difícil aceitar a ideia de que o povoamento do Trizio terá muitos séculos, dada a sua grande proximidade ao rio Zêzere (com muito pescado) e por beneficiar de solos bastante férteis nos seus limites. Num documento de 1758, o Padre Crisóstomo Luís Aires escrevia que “o rio Zêzere traz bastante peixe. Suas pescarias se fazem as melhores no tempo mais frigido, quando há as maiores geadas, e então se apanham bastantes peixes machos e bogas e alguns machos de quinze e vinte arráteis”.
Segundo os censos mandados fazer em 1527, o Trizio contava nesta altura com 14 fogos, número que aumentou para 26 (em 1730) e 30 (1891). É curioso verificar que, durante boa parte do século XX, este foi o lugar mais povoado da freguesia de Palhais, sendo que ainda hoje a sua população deverá rondar a centena de pessoas.
Em resultado desse elevado número de habitantes, não é de estranhar que o Trizio já dispusesse, em 1937, de um posto escolar, a funcionar numa das casas da aldeia. Aliás, este posto seria encerrado temporariamente no final de 1938, por falta de condições da referida casa, reabrindo dois anos depois num novo local (uma casa de habitação cedida por uma das famílias mais abastadas do lugar).
A Capela de São Pedro, existente na aldeia, é uma das mais antigas da povoação, sendo certo que a mesma já existia no início do século XVIII. As obras aí realizadas há algumas décadas descaracterizaram bastante o templo original, restando pouco desses primitivos tempos. Esta ermida tinha um capelão, que antes de 1772 era pago pela população e que após essa data passou a ser remunerado pelo Priorado do Crato (o seu salário era “hum moyo e 30 alqueires de trigo”). Manuel Caetano de Andrade, natural do Trizio, ocupou o lugar de capelão durante mais de 40 anos, entre a última década de 1790 e os anos de 1830.
De acordo com a população, o Trizio foi, desde sempre, procurado por muitos clérigos que aqui rumavam, buscando recolhimento para o seu trabalho espiritual. Ainda hoje, se mantém de pé a casa que recebeu muitos destes ‘viajantes’ (e que foi morada do próprio capelão da aldeia), situada junto à capela. Por cima da porta de entrada, pode observar-se a data de construção: 1742. Há quem diga que existia, inclusive, um túnel que ligava esta casa à capela, apesar de não ter sido possível verificar a autenticidade desta informação.
Em tempos recuados, e segundo documentos da antiga Ordem de Malta, o Trizio dispunha de uma barca que fazia o transporte de pessoas entre este lugar e o de Águas Belas, no concelho de Ferreira do Zêzere. A Barca do Trizio começou as suas viagens há mais de 500 anos.
Hoje, o Trizio preserva muitas destas histórias através dos seus moradores mais antigos. Talvez ainda possamos ir a tempo de recuperar algumas.
De destacar ainda nesta povoação o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelo Centro Náutico do Zêzere, na dinamização de diversas actividades nas águas do Zêzere, e do Centro Social, Cultural, Recreativo e Desportivo do Trizio, que assistiu à inauguração da sua nova sede em Novembro de 2007.

Fontes: A Sertã e o seu Concelho; Antiguidades, Famílias e Varões de Sernache do Bom Jardim Vol.2, Folha de Pagamentos do Almoxarifado da Sertã; Casa do Infantado; Documentos da Ordem de Malta e do Priorado do Crato; Descrição Geral do Reino de Portugal; entrevistas presenciais com alguns habitantes do Trizio

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Povoações: Serra do Pinheiro (freguesia da Sertã)

O nome original deve-o a um dos seus habitantes mais ilustres, apesar de hoje todos conhecerem a povoação por Serra do Pinheiro. Mas em tempos mais recuados, a designação deste lugar era outra, mais precisamente Serra de Pedro Nunes.
De Pedro Nunes pouco ou nada se sabe, além de que foi um proprietário bastante abastado e que viu o seu filho (João Nunes) casar em Cernache do Bonjardim, no dia 25 de Setembro de 1580, com Catarina Colaço.
Quando por aqui morou, a povoação chamava-se apenas Serra, sendo de crer que os seus limites abarcavam também o território vizinho, hoje conhecido por Serra de São Domingos. Foi já depois da morte de Pedro Nunes e em sua homenagem que o lugar passou a ser conhecido por Serra de Pedro Nunes.
Segundo as Inquirições mandadas fazer pelo rei D. Manuel I, em 1527, a Serra de Pedro Nunes possuía nessa altura apenas cinco fogos, um número que passou para o dobro (11) em 1730, altura em que se fizeram novas inquirições régias.
A povoação fazia parte da Capelania de São Domingos, juntamente com os lugares de Amioso, Cimo da Ribeira, Verdelhos, Picoto e Picotinho, Serra de São Domingos, Herdade, Passaria (antigamente conhecida por Aldeia de Maria Vicente) e Venestal. Refira-se que a criação desta capelania remonta aos finais do século XVIII, altura em que, devido à grande extensão da freguesia da Sertã, o Grão Priorado da Sertã decidiu criar esta e outras capelanias para melhor atender às necessidades litúrgicas e espirituais dos fiéis. Cada capelania tinha uma capela, onde era servido um capelão dizer missa aos domingos e dias santos. O primeiro capelão da Capelania de São Domingos foi João Nunes.
A agricultura e, mais tarde, a exploração florestal eram as principais fontes de subsistência dos habitantes da Serra de Pedro Nunes, que em 1911 ultrapassavam já a centena de indivíduos, espalhados por 23 fogos.
Não se sabe quando é que o nome actual (Serra do Pinheiro) começou a ser utilizado mas alguns documentos dos finais do século XVIII já veiculam esta nova designação.
Hoje, a Serra do Pinheiro continua a contar com um número bastante assinalável de habitantes, apesar de alguns se terem ausentado para o estrangeiro ou para a cidade de Lisboa.

Fontes: Casa do Infantado (Maço 120); Certã Ennobrecida (Manso de Lima); Antiguidades, Famílias e Varões de Sernache do Bonjardim (Cândido Teixeira); Cadastro da População do Reyno; A Sertã e o seu Concelho (António Lourenço Farinha)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Povoações: Santinha (Figueiredo)

Estamos na encosta da serra de Alvéolos e é lá que vamos encontrar a povoação da Santinha. Pertencente à freguesia do Figueiredo, este pequeno lugar guarda para si histórias e sobretudo memórias de um tempo em que o pinhal (e a resina) era o principal sustento das gentes que por aqui habitavam.
Perde-se nas brumas as origens da Santinha, também conhecida por Dona Maria da Santinha. Os primeiros registos documentais que encontramos transportam-nos para as inquirições régias mandadas fazer durante o século XV – o número de habitantes não chegava a meia dezena nessa altura.
Todavia, se atendermos à recente descoberta das Insculturas da Fechadura (laje de xisto situada entre as localidades do Figueiredo e da Santinha), talvez possamos aventar que estas terras foram povoadas desde tempos mais recuados. Só é pena que este verdadeiro monumento pré-histórico não se encontre sinalizado e seja quase impossível de visitar.

Voltando à literatura histórica, o povoamento da Santinha começou a verificar algum crescimento a partir do século XVIII, havendo notícia da existência de sete fogos em 1730 e de 10 em 1891.
O dealbar do século XX e o consequente florestamento de boa parte da nossa região (iniciada com o pinheiro em 1901) trouxe mais gente a estas povoações, atraídas pelos rendimentos da floresta e sobretudo pela colheita da resina. Por exemplo, na década de 1970, as famílias mais abastadas da Santinha chegaram a possuir cerca de 10.000 bicas, um valor muito superior àquilo que era a média na freguesia do Figueiredo (entre 3.000 e 5.000 bicas).
O número de habitantes desta aldeia atingiu o seu pico em meados da década de 1950, quando os censos registavam mais de seis dezenas de habitantes. Hoje, este número desceu significativamente para cerca de 20 habitantes, que ainda resistem numa das muitas aldeias isoladas do nosso concelho.
Um dado interessante sobre a Santinha é o facto de, ao longo da sua história, ter pertencido a três freguesias diferentes. Senão vejamos: até 1554, a aldeia pertenceu à freguesia da Sertã. Com a criação da freguesia do Troviscal nesse mesmo ano, a Santinha ficou integrada nos seus limites, o que viria a suceder até 1828, altura em que passou a ser abrangida pela freguesia do Figueiredo, criada nove anos antes.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Povoações: Porto dos Cavaleiros (Várzea dos Cavaleiros)

Diz a tradição que o seu nome deriva do facto de aqui se ter juntado um grupo de cavaleiros que acompanhou Nuno Alvares Pereira na Batalha de Aljubarrota, em 1385. Situada nas margens da Ribeira da Tamolha, a povoação do Porto dos Cavaleiros parece ter muitas histórias para contar.
E no meio de todas essas histórias há uma que merece destaque e que é anterior à que narrámos inicialmente. Corria o ano de 1246, altura em que Portugal vivia uma terrível crise de poder (D. Sancho II era um rei a prazo e o irmão D. Afonso III já sonhava com o trono), quando naquilo que é hoje a Várzea dos Cavaleiros – ou nas suas redondezas – se travou uma batalha entre D. Afonso III e o rei de Castela que veio em defesa de D. Sancho II. A Várzea (que no século XIII dava pelo nome de Tamola) ganhou esta designação em memória da batalha, ao passo que o Porto dos Cavaleiros ficou para a posteridade como o local onde os cavaleiros se juntaram antes do combate.
Ao longo dos séculos, esta povoação viveu sobretudo da fama destes feitos e não tanto dos números da população, que rareava por aqui. Nas várias inquirições realizadas, não há registos de habitantes nos seus limites até finais do século XVIII, altura em que surgem os primeiros fogos. Esta ausência humana não significava, contudo, que a terra estivesse ao abandono, isto porque todos os terrenos da zona eram cultivados por gentes das povoações vizinhas e o local era muito procurado devido à frescura das águas da ribeira (os mais antigos contam que era frequente ver por ali cavaleiros a saciar a sua sede e a das respectivas montadas).
Nos inícios do século XX, o Porto dos Cavaleiros contava seis habitantes (duas famílias), um cenário que hoje está reduzido a apenas dois moradores. Referência neste lugar para o lagar de azeite, bem conhecido em toda a freguesia da Várzea dos Cavaleiros. Os terrenos da povoação continuam também bastante férteis.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Povoações: Sambal (Marmeleiro)

Siga em direcção ao Marmeleiro, depois continue até às Sarnadas, tomando aí a estrada que lhe surge do lado direito e o conduzirá até à povoação do Sambal, que hoje destacamos nesta nossa secção.
Não se conhece muito sobre as origens deste lugar, situado na freguesia do Marmeleiro, apesar de sabermos que já existia no século XIII, devido aos registos encontrados nas Inquirições Régias do rei D. Dinis.
A explicação para o nome da povoação é algo que permanece obscuro, apesar de haver quem sugira ser uma corruptela do nome de um qualquer santo a que se prestaria culto por estes lados (a este propósito recordemos o caso do nome da povoação do Sambado que nos remete para a figura de São Beda, um monge beneditino do século VII).
Há contudo que admitir que as origens do Sambal podem ser mais remotas, isto porque é sabido que por aqui passava uma antiga via romana que ligava Emerita Augusta (actual Mérida, em Espanha) a Conimbriga, como o atestam os diversos vestígios encontrados na estação arqueológica dos Vales da Longra (situada nas proximidades) e também a ponte dos Três Concelhos, localizada a poucos metros do Sambal, e que era parte integrante desta mesma via.
Aliás, a ponte dos Três Concelhos é o grande ponto de interesse das redondezas. A ponte, que atravessa a ribeira da Isna, faz fronteira com os concelhos de Vila de Rei e Mação e é composta por três arcos, apresentando vestígios de inúmeras intervenções, a última das quais efectuada nos últimos anos do século XX. Era por muitos apelidada de ponte Romana ou ponte dos Mouros e a sua importância estratégica está sublinhada em diversos documentos antigos disponíveis na Torre do Tombo.
Voltando ao Sambal, os censos efectuados pelo rei em 1527 dão conta de que nesta zona existiam apenas três fogos, não se fazendo menção ao número de habitantes. Duzentos anos depois (em 1730), esse número baixou para um fogo, não se sabendo se era habitado.
Nos séculos seguintes, não há registo de que tenham existido casas por aqui, ou mesmo habitantes, um cenário que se inverteu a partir do século XX, quando se iniciou a construção de alguns fogos. Hoje, o Sambal deve ter cinco a seis casas, algumas delas habitadas, sendo contudo um retrato fiel daquilo que se passa na maioria dos lugares do concelho da Sertã, onde a desertificação impera.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Povoações: Casal dos Gafos (Cumeada)

O nome não é muito comum, mas existe um motivo para que a povoação tenha este nome. Mas antes de mais, passemos às apresentações. Hoje, iremos falar do Casal dos Gafos, que fica situado na freguesia da Cumeada, mesmo em frente à povoação do Valongo, na freguesia de Palhais.
As suas origens remontam ao século XV, apesar de haver quem afirme que são mais antigas. A única certeza é de que, por esta altura, o lugar era dos mais povoados entre os lugares que actualmente compõem a freguesia da Cumeada (criada em 1806).
A sua designação deriva da existência de um casal de leprosos (também conhecidos por gafos) na zona que hoje compreende o lugar. Desde então, passou a ser conhecida por Casal dos Gafos, o que de início provocou alguns temores, isto porque, rezam as crónicas, poucos eram os que se aventuravam a ir para aquelas paragens.

No entanto, esse temor não durou muito, isto porque aquando do primeiro censo da população de Portugal, denominado «Cadastro da População do Reino», em 1527, o Casal dos Gafos possuía sete fogos, um número que curiosamente viria a descer para quatro em 1891.
Segundo o livro «A Sertão e o seu Concelho», do Pe. António Lourenço Farinha, o Casal dos Gafos tinha, em 1911, 17 habitantes e quatro fogos. Nos dias que correm, a população deste lugar mantém-se a este nível – contabilizámos 16 moradores.
Os habitantes deste casal vivem essencialmente da agricultura (os mais velhos), ao passo que os outros se distribuem por actividades como a construção civil e a prestação de serviços fora da freguesia.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Povoações: Malpica (Sertã)

A povoação é conhecida sobretudo pela sua fonte, de onde brota água de excelente qualidade. Situada na freguesia da Sertã, não muito longe de um dos ramais de acesso do IC8, Malpica é terra de gente humilde e com cariz eminentemente rural.
Segundo vários documentos consultados, é de crer que a povoação seja recente, isto porque nas inquirições régias mais antigas não é mencionada a existência deste lugar. Só em pleno século XVIII é referida pela primeira vez, apesar dos registos dos primeiros povoamentos remontarem apenas a meados do século seguinte.
Este aparecimento tardio não impediu que o lugar crescesse de forma rápida. Em 1891, contavam-se 13 fogos, número que subiu para 16 em 1911. Neste mesmo ano, a população da Malpica já ascendia a 75 almas.
Dados publicados em 1930 dão conta de um aumento da população, para mais de 80 pessoas, e do número de fogos.
Estes números estabilizaram nos anos mais recentes. Todavia, hoje é possível verificar que várias casas têm sido construídas na Malpica – os seus ocupantes trabalham sobretudo na sede de concelho.
A fonte é o grande ex-libris, por assim dizer, da povoação. São muitos os que por aqui passam para saciar a sede ou mesmo abastecer os garrafões lá de casa. Não se sabe quando começou a fama desta fonte (os mais antigos dizem que esta água já era procurada nos primeiros anos do século XX), sabendo-se apenas que em 1966 a Câmara Municipal da Sertã ali instalou um fontanário, que ainda hoje se mantém.
Quanto à origem do nome, as informações são inexistentes. Ainda assim, arriscamos uma explicação com base naquela que foi dada para a povoação de Malpica do Tejo, no concelho de Castelo Branco: “Malpica (Mala mais Pica) é um nome ligado à configuração do terreno e orografia local, de proveniência espanhola”.

Bibliografia: Sertã e o seu Concelho, Certa Ennobrecida, Sernache do Bom Jardim – Traços Monográficos, Portugal Antigo e Moderno, Inquirições de D. Manuel

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Povoações: Várzea de Pedro Mouro (Cernache do Bonjardim)

É uma das povoações mais antigas do concelho e guarda na sua história vários pormenores interessantes. Falamos da Várzea de Pedro Mouro, na freguesia de Cernache do Bonjardim.
Situada junto ao rio Zêzere, foi durante o período romano uma zona bastante apetecível devido à existência de ouro, tendo sido feita uma exploração bastante intensiva como atestam as extensas conheiras aí presentes.
A povoação começou por ter um nome ligeiramente diferente daquele que possui actualmente. Várzea de Pedro Pelaio foi a sua designação original. O motivo é bem simples: nesta zona morava um tal de Pedro Pelaio, alferes-mór de D. Sancho I.
A antiguidade da terra está comprovada num documento do século XIII (1220), onde é anunciada a doação, pelo rei D. Sancho II, das povoações da Várzea de Pedro Pelaio e do Sambado à Ordem do Hospital.
A mudança de nome está ligada a uma história que ainda hoje se conta. Segundo reza a lenda, o prior da Certã não celebrava a missa dos dias santos sem que antes não tivesse chegado um importante paroquiano de nome Pedro, morador na povoação da Várzea (nesta altura a povoação estava incluída na freguesia da Certã, visto que Cernache do Bonjardim só se tornou freguesia depois de 1555). Um certo Domingo, e depois de muito ter esperado pela sua chegada, o padre dirigiu-se-lhe com grande severidade, chamando-o de «Mouro, Pedro Mouro» (há quem conte diferentes versões desta lenda). O nome ‘pegou’ e a partir daquele dia o dito Pedro passou a ser conhecido por Pedro Mouro.
O nome da aldeia foi então alterado para Várzea de Pedro Mouro e ainda se mantém. Esta tem sido uma zona relativamente povoada ao longo dos séculos. Por exemplo, em 1527, existiam oito fogos, um número que subiu para 26 em 1730. Por altura dos censos de 1891, contaram-se 21 fogos, sendo que 20 anos depois, em 1911, eram já 28 os fogos. O número de habitantes por esta altura ultrapassava a centena – 106.
Hoje, esse número caiu consideravelmente, apesar de ainda serem alguns os moradores da Várzea de Pedro Mouro. Também aqui se situa a Ermida do Espírito Santo.

Fontes: História da Ordem do Hospital, A Sertã e o seu Concelho, Certã Ennobrecida, Sernache do Bom Jardim – Traços Monográficos, Portugal Antigo e Moderno
Foto: Placosta

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Povoações: Bouçô (Várzea dos Cavaleiros)


A aldeia que trazemos hoje a este espaço é o Boiçó (ou Bouçô), situada na freguesia da Várzea dos Cavaleiros. A informação não abunda, mas ainda assim foi possível reunir alguns dados sobre esta povoação situada “numa encosta aprazível e fértil, com a ribeira da Tamolha por companheira”.
Segundo a obra «Certa Ennobrecida ou Discrição Topographica da Villa da Certa», de Jacinto Leitão Manso de Lima, o nome original desta povoação terá sido o de Casal de Pedro Vaz, nome atribuído por nesse lugar morar um tal de Pedro Vaz.
No entanto, a tradição oral remete-nos para uma história bem diferente: Conta-se que por estas bandas apenas moravam duas famílias, que lavravam as suas terras com uma junta de bois que lhes pertencia igualmente. Um dia, um dos bois teve um acidente do qual resultou a sua morte, ficando um ‘boi só’ para executar os trabalhos agrícolas. Claro está que a aldeia passou a ser conhecida por Boiçó.
O blogue
http://www.varzeadoscavaleiros.blogspot.com/ dá-nos conta de algumas das riquezas das terras deste povoado: “No Boiçó abundavam as oliveiras que produziam excelentes azeitonas, umas para curtir – as cordovis – e outras para pisar e extrair o azeite. Além da azeitona havia outras produções no Boiçó: trigo, centeio, milho, frutas e produtos hortícolas”. Todavia, “a principal riqueza era o pinheiro donde provinha a resina, a madeira, a lenha, as agulhas e as pinhas”.
Nesta zona, que não dista muito da sede de freguesia, Várzea dos Cavaleiros, está situada a ponte do Boiçó, que data de 1908.
A população nunca foi muito abundante por estes lados, conforme refere o Pe. António Lourenço Farinha, no livro «A Sertã e o seu Concelho» – em 1527, existiam três fogos; em 1730, esse número subiu para quatro; em 1891, os fogos eram apenas dois, o mesmo sucedendo em 1930.

Foto e informações: http://www.varzeadoscavaleiros.blogspot.com/

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Povoações: Vale do Laço (Troviscal)


A nossa viagem pelas aldeias do concelho leva-nos hoje até ao Vale do Laço, na freguesia do Troviscal. Os relatos mais antigos parecem indiciar que a primeira casa na aldeia terá sido construída algures no Século XVIII – uma consulta mais atenta ao livro «A Sertã e o seu Concelho», do Pe. António Lourenço Farinha, dá-nos conta de que em 1730 existia um fogo nesta povoação.
No entanto, o livro lançado em Julho de 2007, «Vale do Laço: Passado, presente e futuro», da autoria de Teotónio Rodrigues Farinha, (obra a não perder), revela que a povoação “teve início nas primeiras décadas do século XIX, com três raparigas oriundas das Sardeiras, que posteriormente casaram, tendo os seus descendentes dado origem ao aumento da natalidade”.
Este crescimento está bem documentado nas estatísticas oficiais, que indicam que em 1911, a aldeia possuía 22 fogos, pelo que podemos inferir a existência de 22 famílias na zona.
Nos anos seguintes, o crescimento da população não parou e prova disso mesmo é que a escola primária, construída no princípio da década de 1950, “chegou a ser frequentada por aproximadamente 50 alunos”, constata Teotónio Rodrigues Farinha na sua obra.
Para sabermos mais sobre os meios de subsistência das suas gentes, nos primeiros anos, voltamos a recorrer ao livro sobre a aldeia: “A população do Vale do Laço dedicava-se essencialmente à agricultura de subsistência. Atendendo às características do terreno semeavam, principalmente, o centeio e o milho, cujos grãos depois de moídos em conjunto, em moinhos movidos a água, eram transformados em farinha”. Nas primeiras décadas do século XX, o fabrico de carvão (extraído da raíz da urze) também ganhou alguma notoriedade, o mesmo sucedendo com a exploração do pinhal.
As habitações eram construídas em xisto e o dinheiro era um bem escasso.
Um dos grandes ‘tesouros’ da localidade é a capela, construída na década de 1970 em honra de N.ª Senhora dos Bons Caminhos e de São José.
De destacar também a constituição, a 29 de Junho de 1999, do Centro Social, Recreativo e Cultural de Vale do Laço que desempenha hoje um papel fundamental na dinamização da localidade e na preservação de usos e costumes das suas gentes.
O Vale do Laço, que só viu a electricidade chegar às suas casas em 1985 e a água canalizada em 1999, possui actualmente uma população de cerca de 80 habitantes.
Fontes: «A Sertã e o seu Concelho», do Pe. António Lourenço Farinha, «Vale do Laço: Passado, presente e futuro», de Teotónio Rodrigues Farinha, e vários relatos de locais
Foto: «Vale do Laço: Passado, presente e futuro», de Teotónio Rodrigues Farinha

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Povoações: Casal Novo (Pedrógão Pequeno)

Iniciamos hoje uma nova secção dedicada às povoações do concelho da Sertã. Com uma periodicidade regular, tentaremos colocar aqui pequenos textos descritivos sobre cada uma delas

Pouco antes de chegar ao Vale da Froca, pela estrada nacional (Sertã-Pedrógão pequeno) é preciso ‘cortar’ à direita para atingirmos o nosso destino: a povoação de Casal Novo. Estamos na freguesia de Pedrógão Pequeno, a pouco mais de cinco quilómetros do centro desta vila histórica.
Um pequeno aglomerado de casas dá-nos as boas-vindas. Sabemos logo ali que estamos junto ao largo onde no mês de Maio se realizam os tradicionais festejos em honra de Nossa Senhora de Fátima, santa venerada por estas paragens. Não há capela, apenas um pequeno altar (‘alminhas’) a assinalar o lugar do culto.
Mais abaixo, o lavadouro da povoação é a obra mais vistosa. Inaugurado em 1989, ainda hoje há quem dele se sirva, apesar das máquinas de lavar roupa terem dado descanso a quem por ali passava horas a fio.
No Casal Novo, restam pouco mais de 30 pessoas (em 1911, eram 80), apesar deste número ter tendência a subir nos próximos tempos, segundo alguns locais, isto porque existem várias pessoas com vontade de voltar. A maioria dos habitantes vive essencialmente da agricultura e das pequenas reformas (os mais velhos) que o Estado envia todos os meses. Há também os que, não querendo deixar a sua terra, foram procurar emprego à Sertã ou a Pedrógão Pequeno.
Actualmente, pouco se sabe sobre o passado deste lugar. Segundo o livro «A Sertã e o seu Concelho», ele já existia em 1758, altura em que contava apenas três fogos. Ao longo dos anos, o número de fogos foi aumentando, chegando aos 27 em 1913.