Continuamos a publicação do texto inédito «Sertã... No Coração do Pinhal», com a apresentação da segunda parte:
A placa toponímica que assinala a entrada na vila sede de concelho acabou de passar diante dos nossos olhos. Algumas casas de pedra e dois prédios de três andares são as primeiras coordenadas que anotamos do local. Contornamos uma enorme rotunda, ainda em construção, e atravessamos a rua 1º de Dezembro. A estreiteza da rua provoca alguns engarrafamentos de segundos. As pessoas vão passando e lançam-nos olhares de curiosidade. Ali todos se parecem conhecer, pelo menos é a primeira impressão com que ficamos.
Passamos ao lado da Ponte de Pelomes (vulgarmente conhecida por Ponte de Santo Amaro) e seguimos. Olhamos para o alto e a nossa atenção e imediatamente requisitada pela imagem do castelo de Sertório, ou daquilo que resta dele. Nos primórdios, o castelo era constituído por três torres que se dispunham em forma de triângulo. Actualmente, resta apenas uma torre (reconstruída por várias vezes) e a capela de São João Baptista, também ela alvo de muitas intervenções.
A nossa atenção vira-se agora para o jardim que se encontra mesmo à nossa frente. Aí, uma fonte, curiosamente baptizada de Fonte da Boneca é aproveitada para saciar a nossa sede. Em frente a praça de táxis, onde homens encostados a veículos de cores várias esperam pacientemente pelo próximo cliente.
A rua Cândido dos Reis (vulgo rua do Vale), em frente, convida a uma caminhada artéria acima. Ocomércio tradicional e a antiguidade das casas misturam-se num cenário deveras pitoresco. À medida que nos vamos embrenhando no coração do centro histórico da vila, vamos auscultando os rostos das pessoas que por ali passam, as conversas que pontuam o início de tarde, a frescura dos lugares à sombra, a simplicidade arquitectónica das habitações de pedra que estão em frente e, acima de tudo, as irresistíveis “quelhas” que nos convidam a entrar num lugar desconhecido. Resolvemos atalhar por uma delas. Depois de ultrapassarmos a pequena rampa em forma de escada, seguimos por um caminho forrado a calçada. Uma antiga loja de artigos em latão (ou coisa parecida) surge à nossa direita: um regador de metal e uma estranha bacia atravessada por uma “ripa” de madeira decoram a entrada do estabelecimento. Três velhotes sentados junto à soleira de uma porta falam de futebol. Um deles lança um olhar na nossa direcção e pergunta-nos se estamos perdidos. Mecanicamente, respondemos que não. Sorri e continua a conversar com os outros dois que não deram sequer pela nossa presença.
Passamos pela Capela da Misericórdia. Construída algures entre os séculos XVI ou XVII, o seu pórtico renascentista, a janela gótica e os painéis de azulejos figurativos e geométricos ficam a merecer uma visita mais atenta. Um pouco mais acima, atingimos o Largo do Adro, local onde está instalada desde 1404 a igreja Matriz. Apesar da estrutura exterior se assimilar a muitas das igrejas construídas durante o renascimento e em períodos precedentes, após entrarmos no interior, somos presenteados pelas suas três naves, todas elas separadas por arcos de granito de traço gótico (estilo predominante em toda a igreja). Na nave principal, um conjunto de painéis de azulejos com as representações dos apóstolos e algumas talhas douradas acabam por revelar-se uma agradável surpresa.
Seguimos até ao Largo do Município, onde se encontram os Paços do Concelho. Inspirado no seu congénere lisboeta, o edifício que alberga a Câmara Municipal da Sertã, construído em 1926, encontra-se distribuído por dois andares e com uma escadaria principal de grande beleza.
Depois de tomarmos a rua dr. Romão de Mascarenhas (também conhecida por rua do Castelo) em sentido descendente, desaguamos na Alameda da Carvalha (em tempos baptizada de Alameda Salazar). Autêntico jardim à beira rio, a sua visão acompanha-nos até à ponte romana. Construída no tempo dos filipes, este lindíssimo monumento é constituído por seis arcos em pedra e por uma estreita via pedonal que liga as duas margens.
Passamos ao lado da Ponte de Pelomes (vulgarmente conhecida por Ponte de Santo Amaro) e seguimos. Olhamos para o alto e a nossa atenção e imediatamente requisitada pela imagem do castelo de Sertório, ou daquilo que resta dele. Nos primórdios, o castelo era constituído por três torres que se dispunham em forma de triângulo. Actualmente, resta apenas uma torre (reconstruída por várias vezes) e a capela de São João Baptista, também ela alvo de muitas intervenções.
A nossa atenção vira-se agora para o jardim que se encontra mesmo à nossa frente. Aí, uma fonte, curiosamente baptizada de Fonte da Boneca é aproveitada para saciar a nossa sede. Em frente a praça de táxis, onde homens encostados a veículos de cores várias esperam pacientemente pelo próximo cliente.
A rua Cândido dos Reis (vulgo rua do Vale), em frente, convida a uma caminhada artéria acima. Ocomércio tradicional e a antiguidade das casas misturam-se num cenário deveras pitoresco. À medida que nos vamos embrenhando no coração do centro histórico da vila, vamos auscultando os rostos das pessoas que por ali passam, as conversas que pontuam o início de tarde, a frescura dos lugares à sombra, a simplicidade arquitectónica das habitações de pedra que estão em frente e, acima de tudo, as irresistíveis “quelhas” que nos convidam a entrar num lugar desconhecido. Resolvemos atalhar por uma delas. Depois de ultrapassarmos a pequena rampa em forma de escada, seguimos por um caminho forrado a calçada. Uma antiga loja de artigos em latão (ou coisa parecida) surge à nossa direita: um regador de metal e uma estranha bacia atravessada por uma “ripa” de madeira decoram a entrada do estabelecimento. Três velhotes sentados junto à soleira de uma porta falam de futebol. Um deles lança um olhar na nossa direcção e pergunta-nos se estamos perdidos. Mecanicamente, respondemos que não. Sorri e continua a conversar com os outros dois que não deram sequer pela nossa presença.
Passamos pela Capela da Misericórdia. Construída algures entre os séculos XVI ou XVII, o seu pórtico renascentista, a janela gótica e os painéis de azulejos figurativos e geométricos ficam a merecer uma visita mais atenta. Um pouco mais acima, atingimos o Largo do Adro, local onde está instalada desde 1404 a igreja Matriz. Apesar da estrutura exterior se assimilar a muitas das igrejas construídas durante o renascimento e em períodos precedentes, após entrarmos no interior, somos presenteados pelas suas três naves, todas elas separadas por arcos de granito de traço gótico (estilo predominante em toda a igreja). Na nave principal, um conjunto de painéis de azulejos com as representações dos apóstolos e algumas talhas douradas acabam por revelar-se uma agradável surpresa.
Seguimos até ao Largo do Município, onde se encontram os Paços do Concelho. Inspirado no seu congénere lisboeta, o edifício que alberga a Câmara Municipal da Sertã, construído em 1926, encontra-se distribuído por dois andares e com uma escadaria principal de grande beleza.
Depois de tomarmos a rua dr. Romão de Mascarenhas (também conhecida por rua do Castelo) em sentido descendente, desaguamos na Alameda da Carvalha (em tempos baptizada de Alameda Salazar). Autêntico jardim à beira rio, a sua visão acompanha-nos até à ponte romana. Construída no tempo dos filipes, este lindíssimo monumento é constituído por seis arcos em pedra e por uma estreita via pedonal que liga as duas margens.