Numa das últimas edições do suplemento Fugas, do jornal PÚBLICO, a Zona do Pinhal foi destaque, pela sua rica gastronomia. Num artigo assinado pelo jornalista David Lopes Ramos e intitulado “Por terras de maranhos, plangaios e cabrito estonado”, Sertã, Oleiros, Vila de Rei e Proença-a-Nova ficaram mais próximos dos portugueses.
Com a devida vénia ao jornal PÚBLICO, aqui ficam excertos do artigo publicado:
“A região [Zona do Pinhal] está mais acolhedora e, quem se interessar pelo tema, encontrará restaurantes onde poderá provar as jóias culinárias da região: os maranhos, os plangaios, os buchos de porco recheados, o cabrito estonado. E as estradas estão melhores, muito melhores.
Com a devida vénia ao jornal PÚBLICO, aqui ficam excertos do artigo publicado:
“A região [Zona do Pinhal] está mais acolhedora e, quem se interessar pelo tema, encontrará restaurantes onde poderá provar as jóias culinárias da região: os maranhos, os plangaios, os buchos de porco recheados, o cabrito estonado. E as estradas estão melhores, muito melhores.
(...) Ficamo-nos hoje pela Zona do Pinhal e, em particular, pelos concelhos da Sertã, Oleiros, Proença-a-Nova e Vila de Rei. Região marcada pela floresta de pinheiros e eucaliptos, a monotonia vegetal é, aqui e ali, animada por aldeias de cariz medieval e, sobretudo, por trechos do imenso lago que é a albufeira do Castelo de Bode, um espelho de água de uns 60 quilómetros, ao longo do qual nasceram praias fluviais e duas ou três estalagens com o quanto baste de conforto para uma estadia retemperadora.
A Zona do Pinhal é uma região sossegada e pacata, desaconselhada aos viciados na agitação citadina, embora também haja por lá lugares onde os adeptos dos chamados desportos radicais poderão satisfazer a sua paixão. Comparada com a situação de há 20 anos atrás, as estradas estão, em geral, mais transitáveis, as ligações às principais vias nacionais existem e têm qualidade e as sedes dos concelhos citados, embora mantenham o ar íntimo de outrora, cresceram quase sempre de forma harmoniosa. Em algumas delas há exemplares de arquitectura religiosa que merecem ser conhecidos e visitados, entre os quais a Igreja Matriz da Sertã e a Igreja Matriz de Oleiros. Os coleccionadores de objectos artesanais, designadamente nos domínios da olaria, tecelagem, bordados de linho ou cestaria, têm igualmente por onde escolher. E os lugares estão bem sinalizados na berma das estradas.
A Zona do Pinhal é uma região sossegada e pacata, desaconselhada aos viciados na agitação citadina, embora também haja por lá lugares onde os adeptos dos chamados desportos radicais poderão satisfazer a sua paixão. Comparada com a situação de há 20 anos atrás, as estradas estão, em geral, mais transitáveis, as ligações às principais vias nacionais existem e têm qualidade e as sedes dos concelhos citados, embora mantenham o ar íntimo de outrora, cresceram quase sempre de forma harmoniosa. Em algumas delas há exemplares de arquitectura religiosa que merecem ser conhecidos e visitados, entre os quais a Igreja Matriz da Sertã e a Igreja Matriz de Oleiros. Os coleccionadores de objectos artesanais, designadamente nos domínios da olaria, tecelagem, bordados de linho ou cestaria, têm igualmente por onde escolher. E os lugares estão bem sinalizados na berma das estradas.
(...) Quanto às comidas e bebidas, que são o tema central destas páginas do FUGAS, há algo a dizer, sobretudo no domínio dos sólidos que, quanto a vinhos, salvo alguns de Cernache do Bonjardim (Sertã) com certo interesse, não há mais nada a assinalar. É nos enchidos que a Zona do Pinhal mais se distingue. Os maranhos, quando bem confeccionados, são do mais original e delicado de sabor que existe em Portugal. Os plangaios ou plagaios, mais condimentados e de sabor mais intenso, são igualmente muito bons, bem como os buchos de porco recheados com lombo de porco, carne de galinha, presunto, chouriço magro, ovos, miolo de pão, salsa picada, vinho branco, sumo de laranja e limão, entre outros condimentos. Nos restaurantes da Zona do Pinhal que servem comida regional costumam juntar no mesmo prato umas fatias de maranhos e de bucho recheado.
(...) Outro prato emblemático da região, talvez o mais emblemático, é o cabrito estonado. Faz-se também cabrito assado no forno como noutras regiões portuguesas, mas o estonado é especial. Porquê? Porque os bichinhos, que não devem ter mais de mês e meio e ser gordos, não são esfolados. A exemplo do que se faz na Bairrada com o leitão, os pêlos dos cabritos são retirados com o auxílio de uma serapilheira ou de outro pano grosseiro, após o bicho ser escaldado em água a ferver. Depois, raspa-se bem com uma faca, mas sempre tendo o cuidado de não romper a pele. Depois de estonado, retiram-se as vísceras ao cabrito por uma pequena abertura na barriga. Reservam-se os bofes, o coração, as molejas, os rins, o fígado e lava-se bem o bichinho, que deverá ficar a escorrer de um dia para o outro em lugar fresco.
No dia seguinte, faz-se uma papa com dentes de alho esmagados, sal, pimenta e vinho branco e barra-se o cabrito por dentro e por fora. Picam-se os miúdos, junta-se presunto aos bocadinhos, salsa e uma folha de louro, mistura a que se junta um pouco da papa com que se barrou o bicho. Recheia-se e coze-se a abertura. Assa-se em forno bem quente, se possível de lenha, e sobre paus de loureiro. A pele deverá ficar estaladiça e com uma bela cor acerejada. É uma delícia. Em alguns restaurantes servem-no sendo sempre necessário encomendar previamente, o que também sucede com o cabrito assado no forno. Por exemplo, no restaurante Famado, em Vale de Urso (Proença-a-Nova), servem um e outro, contra a garantia de um consumo mínimo de oito doses.
Merecem ainda menção os queijos de cabra, de mistura de leites de cabra e ovelha, sobretudo estes, em geral muito apaladados, ligeiramente acídulos e macios, e ainda de queijos de vaca, cabra e ovelha, o pão de milho e alguns doces, como as cavacas e as fofas de Mação, as tigeladas, o bolo de mel, as filhoses e o pão doce em forma de ferradura, não muito doce, perfumado com sumo e raspa de limão, delicioso”.
No dia seguinte, faz-se uma papa com dentes de alho esmagados, sal, pimenta e vinho branco e barra-se o cabrito por dentro e por fora. Picam-se os miúdos, junta-se presunto aos bocadinhos, salsa e uma folha de louro, mistura a que se junta um pouco da papa com que se barrou o bicho. Recheia-se e coze-se a abertura. Assa-se em forno bem quente, se possível de lenha, e sobre paus de loureiro. A pele deverá ficar estaladiça e com uma bela cor acerejada. É uma delícia. Em alguns restaurantes servem-no sendo sempre necessário encomendar previamente, o que também sucede com o cabrito assado no forno. Por exemplo, no restaurante Famado, em Vale de Urso (Proença-a-Nova), servem um e outro, contra a garantia de um consumo mínimo de oito doses.
Merecem ainda menção os queijos de cabra, de mistura de leites de cabra e ovelha, sobretudo estes, em geral muito apaladados, ligeiramente acídulos e macios, e ainda de queijos de vaca, cabra e ovelha, o pão de milho e alguns doces, como as cavacas e as fofas de Mação, as tigeladas, o bolo de mel, as filhoses e o pão doce em forma de ferradura, não muito doce, perfumado com sumo e raspa de limão, delicioso”.