É uma história que tem atravessado gerações e que ainda hoje fascina aqueles que estudam estas coisas. O músico e pintor Alfredo Keil (o homem que compôs o hino nacional) foi um dos que, na sua obra literária Tojos e Rosmaninhos, eternizou a lenda de Nossa Senhora do Pranto. A história está mesmo na origem da construção de uma igreja na vila de Dornes, no concelho de Ferreira de Zêzere.
“Pelas ravinas e quebradas que da serra da Vermelha, também conhecida por serra da Mendeira, situada no limite de Cernache do Bonjardim, vão até ao rio Zêzere, ouviam-se e repetiam-se, de dia e de noite, ais magoados.
O povo andava assustado.
São Guilherme de Pavia, que passava muitas vezes por aqueles sítios e ali atravessava o rio, ouviu as queixas das populações.
Regressando à Corte e tendo-lhe a Rainha Santa Isabel perguntado novidades dos terrenos dela, o santo respondeu-lhe:
- Real Senhora, anda lá tudo atemorizado com uns gemidos que se ouvem na serra.
- Não têm que se assustar – disse Santa Isabel – é minha prima que não quer ficar na serra da Vermelha e deseja passar para as minhas terras.
De facto, a imagem da Senhora do Pranto, com seu filho ao colo, aparecida no rio e recolhida em pequena ermida na serra, desaparecia para aparecer do outro lado do Zêzere. Os moradores de Cernache iam buscá-la mas, durante o trajecto, desaparecia para voltar para a outra margem do rio.
A Rainha Santa continuou:
- Vai lá. Os terrenos hão-de estar cobertos de grande orvalhada. No sítio onde não houver orvalho mandarás levantar uma igreja e nela recolherás a imagem. E verás como deixam de ouvir-se os ais, e o povo sossega.
Assim foi.
Edificada nova capela em Dornes, em sítio pitoresco, em frente à serra da Vermelha, Nossa Senhora do Pranto lá ficou para sempre, e lá continua a ser venerada por fiéis de uma e de outra margem do rio que, todos os anos, nos três dias do Espírito Santo, se juntam aos milhares para realizarem curiosos círios, cumprirem promessas e cantarem quadras”.
“Pelas ravinas e quebradas que da serra da Vermelha, também conhecida por serra da Mendeira, situada no limite de Cernache do Bonjardim, vão até ao rio Zêzere, ouviam-se e repetiam-se, de dia e de noite, ais magoados.
O povo andava assustado.
São Guilherme de Pavia, que passava muitas vezes por aqueles sítios e ali atravessava o rio, ouviu as queixas das populações.
Regressando à Corte e tendo-lhe a Rainha Santa Isabel perguntado novidades dos terrenos dela, o santo respondeu-lhe:
- Real Senhora, anda lá tudo atemorizado com uns gemidos que se ouvem na serra.
- Não têm que se assustar – disse Santa Isabel – é minha prima que não quer ficar na serra da Vermelha e deseja passar para as minhas terras.
De facto, a imagem da Senhora do Pranto, com seu filho ao colo, aparecida no rio e recolhida em pequena ermida na serra, desaparecia para aparecer do outro lado do Zêzere. Os moradores de Cernache iam buscá-la mas, durante o trajecto, desaparecia para voltar para a outra margem do rio.
A Rainha Santa continuou:
- Vai lá. Os terrenos hão-de estar cobertos de grande orvalhada. No sítio onde não houver orvalho mandarás levantar uma igreja e nela recolherás a imagem. E verás como deixam de ouvir-se os ais, e o povo sossega.
Assim foi.
Edificada nova capela em Dornes, em sítio pitoresco, em frente à serra da Vermelha, Nossa Senhora do Pranto lá ficou para sempre, e lá continua a ser venerada por fiéis de uma e de outra margem do rio que, todos os anos, nos três dias do Espírito Santo, se juntam aos milhares para realizarem curiosos círios, cumprirem promessas e cantarem quadras”.
Fontes: Tojos e Rosmaninhos, Etnografia da Beira, O Povo Português nos seus Costumes, Crenças e Tradições