sábado, 3 de maio de 2008

Um jardim que poderá passar a ser uma memória



É um dos jardins mais emblemáticos da Sertã e que ainda não há muitos anos sofreu importantes obras de recuperação. Hoje, o jardim do Cimo da Vila está votado ao abandono. Os baloiços desapareceram, as madeiras dos bancos apodrecem paulatinamente, a vegetação rasteira cobre os supostos percursos pedonais e um longo manto de areia acumula dejectos de animais.
Já por várias vezes aqui se falou de obras que são bons exemplos de dinheiro mal investido, mas este não é o caso. É o fiel exemplo de como o planeamento urbanístico na Sertã tem sido negligenciado durante as últimas décadas (e o novo PDM que nunca mais chega). Construir sem planear é um erro que à primeira vista pode parecer insignificante, mas que com o passar dos anos terá repercussões assinaláveis. O conhecido Cimo da Vila é um bom exemplo disso mesmo.
Foi durante anos uma das zonas mais apetecíveis para quem queria comprar casa e até para os que pretendiam montar o seu negócio. No entanto, a deslocalização de serviços importantes (veja-se o encerramento do hospital) para outras zonas da vila fez com que esta área perdesse grande parte do seu peso e da sua atractividade. E nem mesmo o Parque de Feiras e o recém-inaugurado quartel dos bombeiros parecem capazes de recuperar o dinamismo perdido.
Não quero com isto dizer que se deva obrigar alguém a viver numa determinada zona só porque assim o desejamos. Isso seria uma patetice. Até porque, as pessoas estão onde estão os serviços, as escolas, os espaços comerciais. O que é pena é ver morrer uma das zonas mais bonitas da vila, sem que este ciclo se inverta. E já nem falo do centro histórico da Sertã .
Hoje, a imagem do jardim do Cimo da Vila é uma boa metáfora de toda a sua zona envolvente: uma sombra de si mesma.
Uma pergunta final: para quê gastar dinheiro a recuperar jardins, se depois eles ficam fechados durante todo o ano? E este está mesmo fechado…
E que falta fazem os jardins a uma terra que sempre se vendeu em tons de verde!