Passemos aos factos: segundo o relatório «Dinâmicas Populacionais e Projecções Demográficas da Sertã», o concelho perdeu, entre 1970 e 2000, 37,5 por cento da sua população. Em 1970, a Sertã possuía cerca de 23 mil habitantes, um número que, em 2000, baixou para 16.720 (Censos 2001). Se recuperarmos os dados provisórios que têm vindo a ser publicados anualmente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), podemos observar que estes valores continuam em curva descendente – em 2008, a população sertaginense estava estimada em 15.663 habitantes, e não será difícil de imaginar que nos Censos de 2011 este número possa ser inferior.
Esta evolução negativa encontrava-se já plasmada no relatório «Dinâmicas Populacionais e Projecções Demográficas da Sertã», que dava conta de que, até 2026, a Sertã poderia perder mais 12 por cento da sua população (qualquer coisa como 1.845 habitantes).
O cenário que aqui traçamos é infelizmente extensível aos concelhos vizinhos (por exemplo, em Proença-a-Nova, a população baixou de 9.610 habitantes, em 2001, para 8.849 em 2008) e à quase totalidade do Interior português. Contudo, isso não implica que fiquemos de braços cruzados achando que o problema é estrutural (também o é!!!) e que o único caminho é assistir, impávido e sereno, ao definhamento de toda esta zona do país.
No caso particular da Sertã, é urgente fazer um debate sério, juntando todas as forças vivas do concelho (população incluída), no sentido de encontrar caminhos e soluções que possam ajudar a inverter este cenário, sob pena do concelho poder estar, em menos de 100 anos, reduzido a pouco mais de um milhar de habitantes.
Mais do que conversas de circunstância (onde a defesa dos interesses do partido sobrepõe-se sempre à defesa dos interesses do concelho) e banalidades, em forma de soundbyte, urge fazer alguma coisa, sobretudo porque o futuro da Sertã está em risco.
E as ideias para dinamizar este concelho já foram quase todas formuladas, agora basta colocá-las em prática, desde o turismo às energias renováveis, passando pela floresta e pelo aproveitamento do património histórico e natural do concelho.