Enquanto em Lisboa os responsáveis dos dois principais partidos políticos dão um triste espectáculo, mostrando que nem um nem outro merecem governar o que quer que seja, no concelho da Sertã assiste-se ao arrastar de um problema, que nos coloca bem próximo de uma realidade de terceiro mundo. Falo das consultas médicas ou das dificuldades encontradas na sua marcação.
O último capítulo deste episódio foi denunciado pela Rádio Condestável que, na sua edição on-line, dá conta de que a população da freguesia do Carvalhal “está a deslocar-se de véspera à extensão do Centro de Saúde da Sertã (CSS) na localidade para conseguir obter uma simples consulta”.
Este problema é justificado por António Silva, coordenador do CSS, com base no facto da funcionária daquela extensão estar de férias, uma situação que foi agravada pela mudança do “esquema que habitualmente estava estabelecido”, visto que “o médico mudou e depois de alguns dias também teve férias”.
Mas António Silva, citado pela Rádio Condestável, disse mais: “o que está estabelecido [nesta extensão de saúde] é que teremos, numa semana uma consulta e noutra duas consultas”, adiantando que “é o que o apropriado para aquele posto médico que tem 500 utentes”. “Esta situação não se vai repetir e foi uma coincidência por causa das férias”, sublinhou.
No entanto, este episódio é apenas a ponta de um icebergue que tem vindo a ganhar uma dimensão razoável. Por exemplo, no Centro de Saúde da Sertã, são várias as queixas dos utentes que são obrigados a deslocar-se para a porta do edifício às três e quatro da manhã para conseguirem uma consulta.
É um facto que as coisas têm vindo a melhorar nos últimos tempos, mercê de algumas alterações operadas na marcação de consultas, contudo as filas noite dentro, à porta do centro de saúde, mantém-se.
E já que falamos no centro de saúde da Sertã, o que irá realmente acontecer ao actual edifício? A pintura a que foi sujeito servirá para lhe dar cara nova por mais umas décadas? Vai ser construído um novo centro? Estará o Ministério da Saúde disposto (em tempo de vacas magras) a investir mais dinheiro num concelho que ainda há menos de duas décadas foi dotado de um centro de saúde “moderno e novinho em folha”? E para terminar, como é que será resolvido o problema da falta de médicos com que se debate actualmente o Centro de Saúde da Sertã?