sexta-feira, 24 de setembro de 2010

As raízes de José Relvas na Sertã

José Relvas era conhecido entre os seus camaradas republicanos pelo «Conspirador Contemplativo» e foi ele que na manhã do dia 5 de Outubro de 1910, na varanda da Câmara Municipal de Lisboa, declarou a implantação da República.
A sua participação no antes e depois desta implantação foi decisiva, contudo o que poucos sabem é que as suas origens estão directamente ligadas ao concelho da Sertã.
O seu avô paterno, José Farinha Relvas, nasceu em 1791, na povoação das Relvas, na freguesia da Ermida (concelho da Sertã). Seus pais, Manuel Ferreira Relvas e Maria Antónia Relvas, eram proprietários de boa parte dos terrenos da aldeia, e não só, e pessoas muito respeitadas pelos vizinhos.
Mas José Farinha Relvas não permaneceu por terras sertaginenses, tendo rumado, quando completou 30 anos de idade, à Golegã, para administrar a Quinta da Labruja. Nos anos seguintes, acumulou património e construiu uma fortuna assinalável.
Em 1837, casou com Clementina Amália de Mascarenhas Pimenta [nascida na Sertã, em 1810, no seio da ilustre família dos Mascarenhas Pimenta], com quem teve dois filhos – Carlos Augusto Relvas e José Relvas (que viria a falecer ainda jovem).
Carlos Relvas é o senhor que se segue. Pioneiro da fotografia em Portugal e grande apaixonado pela tauromaquia, o filho de José Farinha Relvas manteve as ligações paternas à Sertã, onde foi visita permanente sempre que as férias chegavam ou quando surgia a oportunidade de visitar algum amigo mais chegado.
Da sua união com Margarida Mendes de Azevedo Vasconcelos, resultou o nascimento de cinco filhos: José Relvas, Clementina Relvas (que chegou a morar na Sertã em 1892), Francisco Relvas, Maria Liberata (faleceu depois de completar um ano de vida) e Margarida Relvas.
A história continua agora com José de Mascarenhas Relvas. Nascido a 5 de Março de 1858 (foi baptizado a 7 de Abril do mesmo ano, sendo o seu avô José Farinha Relvas o padrinho), frequentou o curso de Direito na Universidade de Coimbra, que viria a abandonar para se matricular no curso superior de Letras.
Depois de regressar a Alpiarça, casou-se com Eugénia Antónia de Loureiro da Silva Mendes e tornou-se um dos mais abastados agricultores da região. A sua voz levantou-se, mais do que uma vez, pela defesa dos agricultores da região e contra as políticas agrícolas do governo de João Franco.
Aderiu ao Partido Republicano Português e iniciou um período bastante prolífico a nível político – presidiu à 1.ª sessão do Congresso do Partido Republicano, em Abril de 1908; envolveu-se activamente na preparação da revolta que viria a culminar com a queda da monarquia a 5 de Outubro de 1910; foi eleito ministro das Finanças a 11 de Outubro de 1910; foi embaixador de Portugal em Madrid entre Novembro de 1911 e os inícios de 1914; em Janeiro de 1919 foi chamado a formar Governo, que duraria apenas de 27 de Janeiro a 30 de Março desse mesmo ano.
Voltou a Alpiarça e, na sua Casa dos Patudos, passou os últimos anos de vida, ocupando o tempo com os seus negócios vitícolas e com a actividade de coleccionador. Viria a falecer a 31 de Outubro de 1929.


Bibliografia: José Relvas e a República, Fotobiografia de José Relvas, Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Folhetim sobre a família Mascarenhas