sexta-feira, 2 de julho de 2010

Estação dos CTT de Cernache com os dias contados?

Após o encerramento da FAFIC, esta é a notícia que tem dominado as conversas, sobretudo na zona de Cernache do Bonjardim: a transferência dos serviços prestados pelos CTT para a junta de freguesia local.
Na primeira versão desta história, a que a Rádio Condestável tem dado grande destaque, os CTT diziam ter contactado a junta para que esta assegurasse a distribuição postal à população (uma proposta estranha, uma vez que a distribuição de correspondência é feita a partir do Centro de Distribuição Postal da Sertã), ao passo que a junta de freguesia, pela voz do seu presidente, Diamantino Calado Pina, afirmava ter sido contactada pelos CTT para ficar com alguns dos serviços prestados na estação cernachense.
A Assembleia de Freguesia de Cernache do Bonjardim, reunida no passado dia 30 de Junho, esclareceu as dúvidas, com o presidente da junta a revelar a proposta que lhe chegara da parte dos CTT: a junta ficaria com a estação dos CTT de Cernache, já a partir do início do próximo ano (altura em que terá início a liberalização dos serviços postais), recebendo uma verba de 609,6 euros para fazer face às despesas com a contratação de um funcionário para a nova estação.
Entre as competências da junta, estariam incluídos todos os serviços prestados pelos CTT, com excepção do pagamento de impostos, IVA, IRS, IMI e Segurança Social.
Como seria de prever, a Assembleia de Freguesia recusou a proposta, que considera um “presente envenenado”, isto porque “irá contribuir para a desertificação”, sendo mais “um serviço e uma casa que fecha em Cernache” (citações recolhidas pela Rádio Condestável).
Depois do encerramento das escolas, a que se juntam agora mais duas no concelho (estranho silêncio dos nossos responsáveis sobre esta matéria), chegou a vez das estações de correio. Que a estratégia dos CTT, na sequência da liberalização dos serviços postais, passa por ‘deixar’ para os privados algumas das estações situadas em concelhos pouco populosos ou em sedes de freguesia disso parece não existir dúvidas, contudo seria bom que o autismo que estas estruturas têm revelado ao longo dos últimos anos, desrespeitando as populações do Interior e colocando em prática regras discricionárias, que não levam em linha de conta os interesses dos habitantes e das populações que deviam servir, desaparecesse de uma vez por todas.

E quando se fala em liberalizar os serviços postais, o que à primeira vista poderá ser uma boa notícia em termos de aumento da qualidade e da competitividade, terá de ser encarado com muita precaução. Veja-se por exemplo o que aconteceu no caso dos Notários, onde o Estado desempenhou um papel vergonhoso em todo o processo.