Quem foi? É comum dizer de algumas pessoas que a sua vida dava um filme. A vida de Casimiro Freire dava concerteza um, tais as venturas e desventuras de um homem que ficou ligado à História recente do nosso país. Mecenas, filantropo e com grande paixão pela instrução, sobre ele muito se escreveu, permanecendo ainda na memória o artigo que França Borges redigiu a seu respeito no jornal Comércio e Indústria em 1904: “Esse homem não quer nada para si. Quer tudo para os outros”.
Casimiro Freire nasceu em Pedrógão Pequeno a 8 de Outubro de 1843, filho de José Inácio Freire e de Josefa da Silva Freire. As suas origens humildes levaram-no a deslocar-se para Lisboa, ainda em tenra idade, onde procurava melhores condições de vida.
Trabalhou inicialmente como caixeiro, tendo depois assumido a gestão da firma onde laborava.
Os ideais republicanos começaram a correr-lhe no sangue em 1862 e 14 anos depois esteve na fundação do primeiro centro republicano no nosso país. Já nesta altura assinava artigos na imprensa portuguesa em jornais como o Democracia e o Século. Foi neste último diário que publicou o seu mais famoso artigo, em 1881, intitulado «A instrução do povo e a monarquia», onde se insurgia contra “a incúria dos governos monárquicos no combate ao analfabetismo”, “propondo que fossem enviados aos mais recônditos lugares de Portugal missões de alfabetização de professores habilitados que ensinassem a ler e a escrever”.
As suas ideias ganharam forma e deram origem, no ano seguinte, à Associação de Escolas Móveis pelo Método de João de Deus (hoje conhecida como Associação de Jardins Escolas João de Deus), que fundou conjuntamente com João de Deus a 18 de Maio de 1882. O objectivo desta associação era “ensinar a ler, escrever e contar pelo método de admirável rapidez, do Senhor Dr. João de Deus, os indivíduos que o solicitarem, até onde permitam os seus meios económicos, enviando nesse intuito às diversas povoações da nação portuguesa professores devidamente habilitados – não se envolvendo em assuntos políticos, nem quaisquer outros alheios ao seu fim”, pode ler-se no website daquela escola.
Tornou-se figura de destaque no Partido Republicano Português, onde assumiu diversas funções ao longo da sua vida. Aliás, e já depois da instauração da República em Portugal, Casimiro Freire foi, em 1911, o mais votado da Junta Consultiva do Partido Republicano. Em 1915, o ministro da Instrução Pública, Magalhães Lima, encarregou-o da catalogação e organização do Museu Bibliográfico, Pedagógico e Artístico João de Deus, tarefa que haveria de terminar no dia 30 de Junho de 1916. Durante a sua vida foi também presidente da Associação Comercial de Lisboa, tendo sido designado sócio honorário do Grémio Literário do Pará e da Sociedade Dantesca Italiana.
O seu último estertor de vida ocorreu no dia 20 de Outubro de 1918. Encontra-se sepultado em Pedrógão Pequeno.
Fontes: http://www.joaodeus.com/associacao/biografias.asp?id=2, História de Portugal, Enciclopédia Luso-Brasileira