O pedido de ajuda externa feito por José Sócrates, na passada semana, prometia ser, ao mesmo tempo, o fim da linha e o ponto de partida para voltar a colocar nos eixos um país que há muito perdeu o norte. Parece que nos enganámos: o triste espectáculo que se seguiu, protagonizado por aqueles que se dizem ‘representantes do povo’, deu-nos a exacta medida das ambições de cada um e a forma como os interesses pessoais e partidários se colocam à frente dos do país. Felizmente, tivemos algumas excepções (poucas, mas tivemos) e destaque-se também aqui o papel de alguma comunicação social, principalmente a escrita, que soube desencadear, ao longo dos últimos dias, uma tentativa de debate sério sobre o real estado do país e sobre as consequências da entrada do FMI em Portugal, que não haja dúvidas fará com que este país e os seus habitantes passem um muito mau bocado.
Temos também a notícia de hoje do Diário Económico de que os portugueses estão a esgotar, em tempo de crise, os destinos de férias na Páscoa. É surpreendente, mas como diz este jornal: “Muitos portugueses estão a queimar os últimos cartuchos antes das medidas de austeridade que se anunciam”. Contudo, é preciso ter em atenção que muitas das reservas que são feitas, por exemplo em Lisboa e no Algarve, são de espanhóis, habituais frequentadores do nosso país nesta altura do ano.
Sobre a devolução dos cinco mil milhões aos credores, pouco ou nada a dizer, apenas que é desconcertante ver a situação a que uma nação como Portugal chegou, depois de todas as hipóteses falhadas ao longo destes últimos 20 anos – fundos comunitários, juros historicamente baixos, ligação a uma moeda forte, três maiorias absolutas (duas do PSD e uma do PS), investimento estrangeiro no nosso país em níveis nunca antes vistos.
Quanto ao último ponto, é preciso começar por dizer que Portugal pede ajuda ao exterior no preciso momento em que está a entrar em campanha eleitoral – até nisto somos originais! Claro que todos esperávamos dos nossos políticos sentido de Estado e de responsabilidade perante este momento decisivo da nossa história, mas infelizmente o que se tem visto é outra coisa. Parece ser altura dos cidadãos darem uma lição de democracia a estes senhores que mais do que governar, têm-se governado.
E abordando as próximas eleições legislativas, teremos que, obrigatoriamente, falar em cabeças de lista e nos nomes que vão integrar essas mesmas listas nos vários distritos. Já se sabe que nestas coisas de fazer listas não impera a lógica do mérito, nem tampouco da competência. Quem não conhece as reuniões e os processos de eleição, levados a cabo no interior dos partidos, ficaria estarrecido com algumas das coisas que por lá se passam. Mas enfim, isso é tema para outras ‘primaveras’.
Por ora, vamos deter-nos no distrito de Castelo Branco, onde já são conhecidos os cabeças de lista dos principais partidos. Aqui vão os seus nomes: José Sócrates (PS), Costa Neves (PSD), Maria Celeste Capelo (CDS/PP), Vítor Reis (CDU) e Fernando Proença (Bloco de Esquerda).
Sobre Sócrates, pouco resta dizer, apenas que os discursos que fez no último congresso do PS são a prova cabal de como o primeiro-ministro deixou de viver na realidade e criou um país que só existe na sua cabeça. Fernando Serrasqueiro, Hortense Martins, Valter Lemos, Jorge Seguro, Conceição Martins, Artur Patuleia e Cidália Farinha completam a lista socialista.
Costa Neves, o açoriano transformado em candidato beirão por Manuela Ferreira Leite, volta a ser o cabeça de lista do PSD por Castelo Branco. Tal como da primeira vez, não se percebe a escolha deste nome, que pouco ou nada diz às gentes do distrito e de quem não se conhece grande acção em prol da região. Cada vez mais me questiono para que servirão as eleições por círculos distritais? O segundo lugar da lista social-democrata é ocupado por Carlos São Martinho e o terceiro por Rita Calmeiro.
Pelo CDS/PP avança Maria Celeste Capelo, professora aposentada e candidata derrotada nas últimas eleições para a Câmara de Castelo Branco.
Vítor Reis, ex-presidente da junta de freguesia do Paúl e antigo vereador na Câmara Municipal da Covilhã, é o escolhido da CDU para o acto eleitoral.
Já Fernando Luís Pinto Proença será o candidato do Bloco de Esquerda. Licenciado em Gestão de Empresas, este professor de 46 anos tentará obter mais do que os 9,08 por cento das eleições de 2009.
Cartoon: António Maia (http://www.oalgarve.com/wp-content/uploads/2011/04/24_cartoon-1024x658.jpg)