Luís Vaz de Camões é por muitos considerado um dos maiores vultos da nossa literatura e da sua pena nasceu talvez uma das obras mais celebradas pelo povo português, Os Lusíadas.
Da vida deste escritor pouco se sabe. Terá nascido em Lisboa, estudado em Coimbra e deambulado por meio mundo. E neste meio mundo terá cabido o concelho da Sertã, ou pelo menos as suas margens.
A história é simples, apesar de não existirem evidências históricas que comprovem aquilo que vamos narrar. Corria o ano de 1548 (mais coisa, menos coisa), quando “Camões desterrado da Corte, e errante pelo Ribatejo” terá feito “uma excursão até Pedrógão” Grande, tendo recolhido ao Convento Dominicano de N.ª S.ª da Luz, na confluência do rio Zêzere com a ribeira de Pêra. Diz-se que por ali esteve para “recuperar de amores” e que era grande fã da zona do Cabril, aquele vale maravilhoso que marca as paisagens de Pedrógão Pequeno e Grande, e que o rio Zêzere separa. Por lá se perdia em grandes passeios, apesar dos seus locais preferidos estarem junto ao convento de N.ª S.ª Luz, a quem Miguel Leitão de Andrade dedicou grande atenção na sua Miscelânea.
A passagem por terras do Cabril ficou imortalizada no poema «Oh! Pomar Venturoso», que Luís Vaz de Camões haveria de dedicar ao convento que lhe servira de refúgio.
Reproduzimos em seguida algumas das passagens deste poema: “ Oh Pomar venturoso,/Onde co’a natureza/A sutil arte tem demanda incerta,/Que em sítio tão fermoso,/A maior sutileza,/Do engenho em ti nos mostra descuberta/Nenhum juízo acerta,/De cego e de enlevado,/Se tem em ti mais parte/A natureza ou arte,/ Se terra ou ceo de ti tem mais cuidado;/Pois em tão bom terreno,/Gozas o ar mais puro e mais sereno”.