A lenda estava esquecida mas Jaime Lopes Dias recuperou-a na sua «Etnografia da Beira». Trata-se da história «O Milagre de Santiago», que tem a sua origem na freguesia da Sertã, evocando contudo a imagem que se venera na Capela de São Tiago, na povoação do Mosteiro, freguesia da Várzea dos Cavaleiros.
Aqui vai a transcrição: “No Pego da Ribeira da Sertã, em pleno ermo, longe da vista dos homens, tomava banho, em certo dia, um rapaz crente e devoto do Santo.
Obra do demo, redemoinho ou caso fortuito, o moço em certa altura começou a sentir que as forças lhe faltavam e a reconhecer que não poderia salvar-se pelo seu próprio esforço.
Pegou-se com o apóstolo.
– Santiago me acuda, disse.
Santiago, ouvindo-o, montou rápido o seu cavalo fogoso e este, com uma única passada: uma pata no Ribeiro (que do Santo tomou o nome) e outra na margem da Ribeira da Sertã atingiu o Pego. O Santo estendeu o seu pau ou cajado ao rapaz, que a ele se agarrou e assim se salvou”.
Segundo Jaime Lopes Dias, “a veracidade do facto é ainda hoje atestada, afirmam, pela impressão da pata do cavalo na safra da margem do ribeiro, só o não sendo já na margem do Pego por os últimos vestígios que lá existiam terem sido destruídos por um zorro (lugar por onde escorregam os troncos dos pinheiros que são transportados pela corrente da água) que ali funciona há anos”.