As eleições para a presidência da República têm lugar no próximo domingo. No entanto, a maioria dos portugueses parece estar a passar ao lado deste facto e nem a campanha eleitoral tem chegado para despertar a atenção.
O desinteresse por esta eleição presidencial tem sido bastante visível e já em actos eleitorais anteriores sucedeu o mesmo – só nas eleições europeias os níveis de abstenção são maiores. Aliás, os cinco candidatos ao sufrágio do próximo domingo não se têm cansado de apelar ao voto, cientes da falta de mobilização dos portugueses para este acto.
Mas é nos candidatos que também reside alguma da responsabilidade pelo desinteresse demonstrado pelos portugueses, cada vez mais cansados do tipo de campanha eleitoral que é protagonizada no nosso país. Os debates não têm servido para grande coisa (ontem no Diário Económico escrevia-se: «O debate entre os candidatos presidenciais é um óptimo reflexo do país: paupérrimo»), os problemas que mais afectam os portugueses (crise económica, pobreza, desemprego, precariedade laboral) ficaram de fora da campanha e nem mesmo aquelas que são as verdadeiras funções de um Presidente da República têm sido discutidas. Aliás, a sensação que fica é a de que os candidatos parecem não saber a que lugar concorrem, fazendo promessas eleitorais que não cabem dentro das suas competências futuras.
Os cinco candidatos têm passeado pelo país nestas duas últimas semanas, distribuindo beijos, deixando promessas, trocando acusações. Talvez seja altura, de discutir seriamente o papel do Presidente da República nesta nossa democracia.