O saudoso João Bénard Costa escreveu um dia a seu propósito: “De meã estatura, magríssimo, lívido, com um fio de voz, parecia, nos hábitos talares que, nesses tempos, nenhum sacerdote dispensava e muito menos um servo de Jesus, a própria encarnação do beato asceta”. O homem de que falava o antigo director da Cinemateca era o padre Manuel Antunes, um dos maiores vultos da nossa cultura e um dos mais ilustres sertaginenses de que há memória.
Este homem ilustre, durante anos esquecido pela sua terra Natal (houve até um presidente de Câmara que afirmou não o conhecer, nem encontrar motivos para o homenagear), até que lhe foi levantado um bonito monumento, na zona da Carvalha, em 2005, deixou uma vasta obra e foi uma referência tanto no meio literário, como no meio académico.
Todavia, o que nos impeliu a escrever este post foi o prémio que anualmente é entregue em sua memória. Trata-se do prémio de cultura Árvore da Vida, instituído pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura em parceria com a Rádio Renascença, que este ano conheceu a sua sexta edição.
O vencedor de 2010 foi revelado na passada semana e a distinção coube à Diocese de Beja, pela “forma criativa e empenhada” como tem colocado a cultura como “campo prioritário da missão da Igreja”. Nos anos anteriores já haviam sido agraciadas com este prémio personalidades como o poeta Fernando Echevarria, o cientista Pe. Luís Archer, o cineasta Manoel de Oliveira, a professora de Estudos Clássicos Maria Helena da Rocha Pereira e o político e intelectual Adriano Moreira.