sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A defesa do Interior é agora uma prioridade de Cavaco Silva

O presidente da República voltou a centrar o seu discurso no Interior do país, nomeadamente nas zonas rurais. Cavaco Silva pediu a criação de incentivos para fixar populações nestas mesmas zonas.
Começam a ser um hábito estes discursos de Cavaco Silva, apelando para a adopção de medidas com vista à resolução de um problema (despovoamento do Interior), onde ele tem muitas culpas no cartório. Claro que essas culpas são extensíveis a boa parte dos governos que passaram pelo país ao longo das três últimas décadas.
Depois de ter centralizado o seu discurso neste mesmo problema, no passado dia 10 de Junho, por ocasião das comemorações do Dia de Portugal, em Castelo Branco, o Chefe de Estado fez neste último sábado mais uma intervenção, que não deixa de pecar por tardia. E porquê? Onde terá andado Cavaco Silva quando, ao longo dos últimos anos, vários sociólogos, geógrafos, historiadores e outros especialistas chamaram a atenção para problemas como as assimetrias criadas entre o Litoral e o Interior, para o despovoamento ou para a falta de oportunidades de quem optava por resistir à tentação de partir?
Mas, como diz o ditado, mais vale tarde do que nunca e é positivo que agora o presidente da República esteja a colocar o assunto na sua agenda. Esperemos que não seja por pouco tempo ou por mero tacticismo político.
Mas concentremo-nos nas ideias de Cavaco Silva. Diz o Chefe de Estado: “Precisamos de um programa de repovoamento agrário que consiga captar uma parte dos recursos humanos desaproveitados”, ao mesmo tempo que deveriam ser concertados “esforços entre entidades públicas e privadas para criar medidas de incentivo à fixação nas zonas rurais”.Entre as possíveis soluções, Cavaco Silva avançou com a hipótese de serem criados incentivos ao emprego e aos jovens agricultores, apoios a empresas e a concessão de microcrédito para projectos de desenvolvimento rural.
As palavras do presidente foram proferidas no encerramento do Congresso do Centenário do Crédito Agrícola, em Lisboa, e nem a propósito referiu: “O que vos peço, a todos, é um esforço adicional no sentido de darem uma oportunidade, neste momento, a quem está disposto a trabalhar e a contribuir para a superação da crise por que passamos”.Dando nota do aparente paradoxo que é o contraste entre o “flagelo do desemprego prolongado”, a emigração de milhares de jovens e o despovoamento dos campos e desertificação do Interior, o presidente da República pugnou pela procura de “soluções inovadoras” para criar mais oportunidades de auto-emprego e de empreendedorismo rural.


As ideias são boas, a questão agora é de saber de onde vem o dinheiro para as colocar em prática e se ainda existe vontade para apostar no Interior. Será que existe?