Os
números do desemprego têm vindo a baixar ao longo dos últimos meses, porém
Portugal ainda apresenta um volume substancial de pessoas sem trabalho (15,1%
no final do primeiro trimestre). São dados preocupantes e que mereciam um olhar
mais atento por parte dos agentes políticos do país, ao invés das tradicionais
leituras superficiais, com fins propagandísticos.
Este
cenário negativo é extensível à realidade local, sendo que no concelho da
Sertã, no último mês de Março, contabilizavam-se 895 desempregados (dados do
IEFP). São números inquietantes, mas que ainda assim têm baixado nos meses
recentes – em Março de 2013, estavam registados 978 desempregados nas
estatísticas do IEFP.
Já por várias vezes aqui
reflectimos sobre o problema do desemprego no concelho, cujas causas, além da
conjuntura nacional, têm motivações de índole social e económica. O problema
não é de fácil resolução mas, salvo raras excepções, nunca foi devidamente
debatido, nem sequer ponderado. Ainda assim, é de sublinhar a importante
iniciativa que a Câmara Municipal da Sertã está actualmente a lançar e que se
designa de INSER – Incubadora da Sertã. Esta “incubadora de empresas de índole
social e jovem visa o apoio, o acompanhamento e a potenciação de oportunidades
profissionais aos jovens e desempregados da região, disponibilizando-lhes
instalações, serviços de consultadoria e secretariado no recuperado edifício da
Escola Primária da Abegoaria”, pode ler-se numa nota de imprensa da autarquia.
São sinais importantes que é preciso
dar nestes tempos de dificuldade, ainda para mais numa região muito fustigada
pelo despovoamento e afastada dos principais centros de decisão. Todavia, terá
de se fazer mais e essa tarefa não cabe apenas à autarquia.
O município sertaginense tem pouca
mão-de-obra qualificada, os jovens (a maior parte com formação universitária)
continuam a abandoná-lo em idade activa, a atractividade económica do concelho
é relativamente baixa e a cooperação intermunicipal é diminuta, para não dizer
inexistente. Estes e outros problemas não têm solução imediata e nem as
varinhas mágicas, que alguns políticos dizem possuir, sobretudo em período de
eleições, podem valer perante este cenário.
O tempo em que se assacava às
Câmaras e a outras instituições públicas a responsabilidade de criar emprego
acabou felizmente. O desemprego não se extingue por decreto e sem empresários
corajosos e empreendedores pouco se poderá fazer, seja na Sertã ou em qualquer
outro lado. As autarquias têm um papel importante mas limitado. Como dizia o
investigador espanhol Antonio Argandonã: “São as empresas que criam emprego,
devolvem a confiança aos trabalhadores, abrem novos mercados, inovam e criam
oportunidades”. Aos governantes “devemos pedir que sejam sensíveis às
necessidades dos cidadãos e facilitem as mudanças necessárias nas instituições,
nas regulações e nas leis”.
Para ajudar na reflexão de todos
quantos se preocupam com esta temática, deixamos aqui o perfil do desempregado
sertaginense. Segundo os dados do IEFP, a maioria dos desempregados são
mulheres (521), sendo que o grupo etário mais afectado por este problema é o
situado no intervalo entre os 35 e 54 anos (392 indivíduos). Ao nível da
escolaridade, os desempregados com o secundário concluído são em maior número
(264), seguindo-se os que contam com o 3.º ciclo do ensino básico (249).
Referência para os 97 licenciados no desemprego.
Dos
895 desempregados inscritos no IEFP, 461 estão há mais de um ano sem trabalho e
apenas 119 estão à procura do primeiro emprego.