O
primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, começou por dizer que se tratava de “uma
oportunidade para mudar de vida” (11/5/2012), emendando depois a mão e classificando-o
como uma “chaga social” (12/5/2012). O desemprego é um dos maiores flagelos do
país e ouvindo hoje o ministro das Finanças, ficámos com a noção de que, muito
dificilmente, o cenário irá inverter-se no próximo ano, altura em que a taxa de
desemprego deverá chegar aos 16,4 por cento. Olhemos para estes números e tentemos
perceber o que se passa no concelho da Sertã.
O
Eurostat revelou, no início desta semana, que a taxa de desemprego, no nosso país,
atingiu os 15,9 por cento, o valor mais alto desde 1953, altura em que o Banco
de Portugal começou a tratar esta informação estatística.
A
subida do nível de desemprego é extensível a todo o território nacional e no concelho
da Sertã, a julgar pelo número de inscritos no Centro de Emprego, no mês de
Agosto, são 791 os indivíduos à procura de trabalho, dos quais 269 estão nesta
situação há mais de um ano.
O
valor é assustador e só não é superior porque estão sinalizados vários casos de
sertaginenses que, depois de perderem o emprego, resolveram emigrar, um
expediente muito utilizado nesta zona do país.
A
maioria dos desempregados no concelho é do sexo feminino (506), sendo que o
grupo etário mais afectado é o que se situa no intervalo entre os 35 e 54 anos
(389 indivíduos). Ao nível da escolaridade, os desempregados com o 9.º ano (3.º
ciclo EB) suplantaram, pela primeira vez em muitos anos, os do secundário. Pela
negativa, referência também para os 62 licenciados no desemprego, o que nos dá
uma ideia precisa da dificuldade que o concelho tem em absorver cidadãos com formação
superior.
Por
mais do que uma vez, temos referido que este é um problema estrutural do país,
agravado pela crise económica e financeira dos últimos anos. Todavia, urge
parar para pensar e não entrar em discursos demagógicos de soluções milagrosas
que colocaram Portugal na situação em que está. Os tempos são difíceis e exigem
protagonistas à altura. Como dizia Pedro Santos Guerreiro, num editorial
recente do Jornal de Negócios, “a gestão política do Governo é um fracasso, mas
alguém tem de pegar nos paus e começar a reconstruir as pontes”.