terça-feira, 24 de maio de 2011

Portugal vai a votos no próximo dia 5 de Junho

As eleições legislativas do próximo dia 5 de Junho trazem, desde logo, um dado novo. Independentemente do resultado das eleições, o ‘vencedor’ será sempre o ‘partido da Troika’ (não confundir com as troikas que se foram fazendo durante os tempos do regime soviético), que por cá deixou as linhas gerais daquilo que terá de ser feito em Portugal nos próximos três anos. E desengane-se quem achar que se podem contornar as medidas previstas – se isso acontecer fecha-se a torneira dos euros. Posto isto, qual é o principal motivo de interesse destas eleições? Saber apenas quem terá a espinhosa missão de colocar em prática o memorando de entendimento celebrado entre Portugal e a já famosa Troika (EU, BCE e FMI).
Olhando para o espectro de candidatos às eleições legislativas, apetece dizer que a Oeste nada de novo. A palavra renovação parece não ter entrado no léxico dos principais partidos portugueses que, no caso do distrito de Castelo Branco, repetem os cabeças de lista: José Sócrates (PS) e Costa Neves (PSD). Contudo, no caso das outras forças partidárias, as estruturas distritais resolveram avançar com novos nomes.
Analisando os candidatos, comecemos pela equipa liderada por José Sócrates, primeiro-ministro demissionário e número um da lista socialista por Castelo Branco. Dele já quase tudo se disse, sobretudo da sua dificuldade em ver e conceber a realidade do país tal como ela é – o seu comportamento durante a crise da dívida portuguesa e o pedido tardio de ajuda poderá ter custado a Portugal muitos anos de crescimento. E nem sequer vale a pena recordar que, durante os seus seis anos de Governo, foi adiando boa parte das reformas estruturais (justiça, administração central e local) de que o país precisava e que terá agora de fazer em meses. Mas nem tudo foi mau e a aposta na qualificação dos cidadãos e nas energias renováveis está aí para o provar.
Devido ao facto do cabeça-de-lista do PS ter sido primeiro-ministro é difícil analisar, de forma precisa, a actividade dos seus eleitos na defesa dos interesses do distrito. Mas a sensação que fica é a de uma enorme decepção, como tem provado a campanha até aqui, centrada, quase exclusivamente, na construção do IC31 e no pagamento de portagens na A23. Claro que a cada visita aos concelhos do distrito, lá surgem as medidas de circunstância e aquelas que mais dizem às populações – no caso da Sertã, é curioso verificar a romaria de políticos que tem visitado o IVS, solidarizando-se com as pretensões dos seus responsáveis…
No caso do PSD, o nome do açoriano Carlos Costa Neves volta a encabeçar a lista por Castelo Branco. Não deixa de ser surpreendente esta escolha, sobretudo de alguém que não conhece minimamente o distrito e cuja acção parlamentar em prol do mesmo foi pouco relevante – as perguntas que dirigiu ao Governo versaram apenas sobre a construção da barragem da Ribeira das Cortes, o acesso à saúde do concelho de Vila de Rei, a ambulância com suporte de vida em Oleiros, a recuperação do edifício do hospital do Fundão, o encerramento de escolas do 1.º ciclo, as portagens na A23 e a desertificação do território. Pouco para quem tanto prometeu!!!
Não deixa de causar alguma estranheza esta insistência do PSD em candidatar, por Castelo Branco, pessoas que não têm qualquer ligação ao distrito – lembram-se de Maria Elisa e Nuno Morais Sarmento? Mais estranho ainda é quando, em quase todas as acções de campanha social-democrata no distrito, o n.º 2 da lista Carlos São Martinho ser a figura em destaque e, para muitos, a escolha natural para n.º 1 da lista.
Não abordaremos, por ora, o programa eleitoral de cada um destes partidos, sobretudo porque ambos se têm esforçado em esconde-lo. O PS insiste nas medidas que já estavam nos programas de 2005 e 2009, ao passo que o PSD apresenta um programa, que parece ter dificuldades em defender junto do eleitorado. Daí que o debate eleitoral se concentre em minudências e coisas inconclusivas. A melhor forma de falar de tudo e de não discutir nada.
Sobre os outros partidos que se apresentam a eleições, o CDS de Paulo Portas escolheu Celeste Capelo para encabeçar a lista dos centristas por Castelo Branco, uma lista onde o sertaginense Pedro Jesus surge em segundo lugar. Não será fácil a este partido eleger um deputado por este círculo, sobretudo se atendermos ao facto de que só em 1976 e 1983, o CDS alcançou tal desiderato.
Ainda assim, esta força partidária parece animada pelas últimas sondagens e pela dinâmica de campanha imposta pelo seu líder.
Do lado do Bloco de Esquerda, Fernando Proença é o cabeça-de-lista e o principal objectivo deverá ser, concerteza, melhorar os 9,06 por cento alcançados nas legislativas de 2009 e que transformaram os bloquistas na terceira força partidária mais votada no distrito.
Vítor Reis Silva será, por seu lado, o candidato da CDU, uma coligação entre o PCP e «Os Verdes», que tem vindo a perder representatividade no distrito. Longe vão os tempos em que a Aliança Povo Unido (coligação entre PCP, «Os Verdes» e MDP/CDE) chegou aos 12,41 por cento no distrito, o que sudeceu em 1979. Como CDU, o melhor resultado foi alcançado em 1987, com 7,10 por cento dos votos.
Pelo círculo de Castelo Branco, concorrem ainda mais cinco partidos: PPM (Pedro Miguel Martins é o cabeça-de-lista), PCTP-MRPP (Rui Oliveira Duarte), Movimento Esperança Portugal (Gonçalo Rebelo Pinto), Partido Nacional Renovador (João Coutinho) e Partido pelos Animais e pela Natureza (Maria Teresa Correia).

Candidatos às eleições legislativas pelo círculo de Castelo Branco:

PS (José Sócrates, Fernando Serrasqueiro, Hortense Martins e Valter Lemos)
PSD (Carlos Costa Neves, Carlos São Martinho, Ana Rita Calmeiro e Álvaro Baptista)
CDS/PP (Celeste Capelo, Pedro Jesus, Aires Patrício e Maria da Graça Sousa)
BE (Fernando Proença, Cristina Guedes, António Pinto e Neli de Ascenção Pereira)
CDU (Vítor Reis Silva, Joaquim Bonifácio da Costa, Marisa Tavares e António de Matos)
PCTP/MRPP (Rui Duarte, José Marrucho, Rosaria Baptista e Luís Mendes)
PPM (Pedro Martins, Tiago Cesário, Susana Mourão e Rafael Peres)
MEP (Gonçalo Pinto, Pedro Venâncio, Maria Teixeira e Jorge Azevedo)
PNR (João Coutinho, João Figueira, Isabel Cruz e Carlos Taborda)
PNA (Maria Teresa Correia, Joaquim Fernandes, Joana Lopes e Ana Catarina dos Santos)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Vitória de Sernache fecha época em beleza com conquista da Taça de Honra

O Vitória de Sernache encerrou a sua época em grande, com a conquista da Taça de Honra de Castelo Branco, depois de ter ficado a um passo da subida à 3.ª Divisão no Campeonato Distrital.
Depois de um início de época pouco espectacular, a formação do Vitória de Sernache assinou uma recuperação, a todos os níveis, notável no Campeonato Distrital e chegou mesmo a colocar em risco a mais do que anunciada subida do Penamacorense à 3.ª Divisão.
A equipa vitoriana terminou a primeira fase do Distrital, na terceira posição, somando 37 pontos (11 vitórias, 4 empates e 5 derrotas), marcando 38 golos e sofrendo 18.
Na segunda fase, o Vitória de Sernache não deu hipóteses, vencendo sete dos 10 jogos disputados e sofrendo apenas uma derrota. Não fosse, o melhor coeficiente de pontos que a turma de Penamacor trazia da primeira fase e hoje seriam os comandados de Filipe Avelar a festejar o título.
No entanto, esse título chegou mesmo, no passado domingo, com a vitória sobre o Oleiros, na final da Taça de Honra. Os quatros golos (Maçaroco, Rabat, Santolini e Dário) sem resposta expressaram bem o domínio exercido durante a partida e foram o corolário de um final de época sempre em ascensão – a equipa não perde um jogo desde 13 de Março.
Deixamos em seguida, os jogadores que alinharam ao longo da época pelo Vitória, que começou por ser treinado por Simões Gapo, que viria, mais tarde, a ser substituído primeiro por António Joaquim e depois por Filipe Avelar.
Plantel: Tiago Ribeiro, João Luís, Toni, André Vieira, Dário, Maçaroco, Jorge Pinheiro, Rodrigo, Filipe Avelar (mais tarde assumiu o lugar de treinador), David Vieira, Tiago Farinha, Gameiro, ‘Velho’, M’Passo, Ricardo André, Rabat, Santolini, Rui Barrela e João Gaspar.
O melhor marcador do Sernache, ao longo da prova, foi Rabat.
Aqui ficam os nossos parabéns aos jogadores, equipa técnica e a toda a direcção do Vitória de Sernache pelas conquistas desta época.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Reflexões sobre a revisão do mapa autárquico: a Troika, o país e a Sertã

Primeiro foi José Sócrates (o ‘nosso’ ilusionista preferido) a anunciar o que não estava e depois Teixeira dos Santos a dizer o que estava. As medidas previstas no memorando de entendimento, assinado entre o Governo demissionário e a Troika, não são simpáticas para Portugal e podem mesmo ser vistas como um atestado de incompetência, e de cobardia, aos políticos nacionais por aquilo que já deviam ter feito e não fizeram.

Considerações à parte e como as principais medidas já foram bastante escalpelizadas ao longo dos últimos dias, sobretudo aquelas que mais directamente afectarão os portugueses, vamos deter-nos no capítulo que diz respeito aos municípios e freguesias.

Já aqui dissemos, por mais de uma vez, que o país teria de fazer uma revisão do seu mapa autárquico idêntica à que, em 1834, levou à extinção de mais de 400 concelhos, entre eles o de Pedrógão Pequeno.

No início da primeira legislatura de José Sócrates, o assunto foi alvo de discussão, mas o processo nunca avançou, isto porque o Governo temia os efeitos, e as prováveis ondas de choque, que essa revisão teria junto das populações. Há alguns meses, esta matéria voltou a entrar na agenda política do primeiro-ministro, não tanto por sua vontade mas devido às iniciativas das câmaras de Lisboa e Porto que apresentaram planos ambiciosos de redução do seu número de freguesias.

Não existem dúvidas de que esta revisão é fundamental para um melhor funcionamento da administração local, sobretudo num país em que o dinheiro não abunda e em que obras faraónicas têm esvaziado os cofres do Estado. Claro que nem todos pensam assim, quiçá temendo o fim de algumas mordomias ou de verem reduzidas a pó magistraturas de poder que são exercidas, infelizmente, em nome de interesses partidários em muitas das câmaras do país.

Todavia, é preciso notar que este tipo de processos de revisão exigem critérios muito bem definidos (o critério da população parece-me um pouco restritivo e mesmo falacioso) e o envolvimento de todos os agentes que são actores neste processo, desde as populações até aos seus representantes políticos e passando também pelas forças vivas de cada um dos concelhos. É fundamental que os critérios não sejam cegos e que o processo não seja apenas político, uma vez que, neste caso, arriscamo-nos aos lóbis do costume e às negociatas de ocasião.

O memorando de entendimento, assinado entre a Troika e o Governo, obriga o próximo Executivo a desenvolver, até Julho de 2012, um plano para “reorganizar e reduzir significativamente” o número de municípios e freguesias. Estas alterações terão de estar concluídas até às próximas eleições autárquicas, em 2013.

Olhando para a actual estrutura do país, temos 308 municípios e 4.259 freguesias. É sobre esta realidade que o processo de revisão irá assentar.

No caso particular da Sertã, não será difícil de imaginar que uma parte das 14 freguesias do concelho desaparecerá. Informações vindas a público, por ocasião da revisão que o primeiro Governo de Sócrates quis operar no mapa autárquico, indicavam que o município sertaginense ficaria reduzido a nove freguesias ou talvez menos.

A provável extinção de alguns dos concelhos vizinhos da Sertã também foi aventada, nomeadamente Vila de Rei e Oleiros, com as suas freguesias a serem distribuídas pelos municípios circundantes ou a serem alvo de extinção.

A formulação deste tipo de cenários exige, todavia, algum cuidado, até porque, segundo o memorando, este processo de revisão partirá da estaca zero, sendo de admitir todas as hipóteses.

Posto isto, importa aqui referir que, depois de 2013, Portugal apresentará um novo figurino na sua administração local, com as câmaras a terem menos dinheiro para gastar e a terem de efectuar gestões mais rigorosas e com menos trabalhadores nos seus quadros. Ou seja, a filosofia de gestão terá de mudar e o dinheiro terá de ser mais bem gasto.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Sertanense fez brilharete na 2.ª Divisão

O Sertanense terminou, este fim-de-semana, a sua presença no Campeonato Nacional da 2.ª Divisão (Zona Centro), alcançando um brilhante quinto lugar na classificação final, em resultado das 14 vitórias, sete empates e nove derrotas. Marcaram-se 29 golos e sofreram-se 25.
Era difícil exigir mais a uma equipa que durante toda a prova andou sempre nos lugares da frente (o Sertanense nunca baixou do quinto lugar) e que chegou a lutar, durante várias jornadas, pelo acesso ao playoff de subida à II Liga.
A formação sertaginense teve pela frente uma série dificílima, que contava com equipas como o Boavista, Padroense (que venceu a prova), Gondomar, Tondela, Sporting de Espinho ou Tourizense, bem mais apetrechadas e com orçamentos superiores ao do Sertanense. Ainda assim, não se atemorizou e mostrou ao mundo futebolístico nacional que no Interior do país ainda se joga futebol de qualidade – se dúvidas houvesse, bastaria aqui citar o exemplo da excelente vitória (2-0) diante do Boavista, um dia que, concerteza, sócios e adeptos não vão esquecer tão cedo.
Como tão cedo não vão esquecer que, no final da primeira volta, o Sertanense estava em segundo lugar a apenas um ponto do líder da prova, o Tondela.
Para a posteridade, fica mais uma página de ouro da história do clube, que soube honrar o seu nome e o da Sertã.
Deixamos aqui os nomes dos heróis que dentro de campo conduziram a equipa até ao quinto lugar, com um referência também para o treinador José Bizarro.
Plantel: Paulo Salgado (15 jogos), Pedro Fernandes (16 jogos), Luís Pedro (1 jogo); Hugo Ventosa (25 jogos), André Santos (25 jogos), Pedro Miguel (23 jogos e 1 golo), Adilson (28 jogos e 3 golos), António (21 jogos), Gil Barros (25 jogos), David Ferreira (1 jogo); Leandro (28 jogos), Neio (8 jogos), Idris (28 jogos e 2 golos), Casquinha (22 jogos), Alex (8 jogos), Danny (7 jogos e 3 golos), Valdinho (14 jogos e 2 golos), Fábio Ferreira (9 jogos), Leo Oliveira (23 jogos), Brito (15 jogos e 1 golo); Luís Fernando (17 jogos e 3 golos), Toni (23 jogos e 5 golos), Marco Farinha (9 jogos e 3 golos) e Júlio (26 jogos e 6 golos).
Os nossos parabéns a todos os jogadores, técnicos e à Direcção do Sertanense pelo excelente trabalho realizado.

terça-feira, 26 de abril de 2011

A Sertã em 1777

Façamos uma viagem no tempo até à Sertã do ano de 1777, altura em que a rainha D. Maria I subiu ao trono e os portugueses assinavam o Tratado de Santo Ildefonso com Espanha, resolvendo assim a disputa pela posse da colónia sul-americana de Sacramento (localizada no actual Uruguai).
Por esta altura, o actual território do concelho da Sertã estava divido em dois municípios: Sertã e Pedrógão Pequeno (este último viria a ser suprimido em 1834).

A agricultura era a principal actividade da população, destacando-se a cultura do azeite que foi, durante séculos, o principal meio de subsistência dos habitantes. Segundo vários documentos da Casa do Infantado e do Almoxarifado da Sertã, existiam mais de dez lagares nos limites dos dois concelhos (só na freguesia da Sertã eram quatro).

O concelho da Sertã era composto por 10 freguesias (Sertã, Várzea dos Cavaleiros, Cernache do Bonjardim, Troviscal, Nesperal, Palhais, Ermida, Marmeleiro, Castelo e Cabeçudo) e o de Pedrógão Pequeno por duas freguesias (Pedrógão Pequeno e Carvalhal). As freguesias da Cumeada e do Figueiredo ainda não haviam sido criadas.

A população total dos dois municípios ultrapassava os 11 mil habitantes, espalhados por mais de 200 lugares.

A vida por estas paragens não era fácil, como o atesta um manuscrito depositado na Torre do Tombo e que terá sido redigido por um habitante da vila nos finais do século XVIII: “(…) Onde não tinhão os olhos liberdade para se divertirem, pois os campos não tinhão efeites, flores o ornato das plantas, frutos hortas e a delia das fontes”.

A Sertã era uma das quatro alcaidarias-mores do Priorado do Crato, juntamente com o Crato, Belver e Amieira, tendo por isso o direito a ter alcaide-mor e alcaide-menor. Em 1777, o alcaide-mor da Sertã (que tinha atribuições de carácter administrativo, jurídico e militar) era Vasco Manuel Cabral da Câmara.

Na Câmara da Sertã, o executivo municipal era constituído por António Velez da Costa Moniz, Bonifácio António Leitão da Mota e Andrade e João Monteiro Cotrim. Em Pedrógão Pequeno, a presidência da Câmara estava entregue a Bento da Silva Ribeiro.

A vida eclesiástica tinha grande expressão em todo o limite do território sertaginense, existindo dois conventos – o Convento de Santo António, na Sertã, e o Convento de São José, em Cernache do Bonjardim.

Francisco Xavier Moniz foi eleito, em 1777, provedor da Santa Casa da Misericórdia da Sertã, lugar que já havia ocupado nos quatro anos anteriores, e João Anselmo Ferreira Granado mantinha-se como almoxarife da vila da Sertã. O juiz de Fora era Manuel José da Silva Ferreira.

Quanto a igrejas e ermidas, onde havia serviço religioso, tínhamos por esta altura notícia de 15: Igreja do Santíssimo Sacramento do Cabeçudo (cura – António Alves Nunes); Ermida de São Domingos na Serra de São Domingos (capelão – Francisco Ferreira); Igreja de São Simão do Nesperal (cura – João Alves da Silva); Igreja de Nossa Senhora de Palhais (cura – Crisóstomo Luís Aires); Ermida de São Pedro no Trizio (capelão – Manuel Caetano de Andrade); Igreja de São Vicente do Troviscal (cura – João Monteiro Cotrim); Igreja do Espírito Santo do Castelo (cura – António Pestana); Igreja de São Pedro da Várzea dos Cavaleiros (cura – Manuel Mendes Bicho); Ermida de Nossa Senhora da Esperança na Ermida (capelão – António Dias); Igreja de São Sebastião de Cernache do Bonjardim (vigário – João Martins Correia); Ermida de Nossa Senhora da Estrela, no Monte Minhoto, freguesia de Cernache (capelão – Manuel Jorge dos Santos); Igreja de Nossa Senhora do Olival, hoje conhecida por Nossa Senhora dos Remédios (capelão – Manuel Alves da Costa); Igreja de São João Baptista de Pedrógão Pequeno (vigário – Manuel Leitão); Igreja Matriz da Sertã (vigário – João Anselmo Ferreira Granado); Ermida de São Rafael, no Bravo, freguesia de Pedrógão Pequeno (capelão – Miguel João) e Igreja de Santo António do Marmeleiro (cura – Francisco Martins). Existiam também mais alguns templos religiosos espalhados pelos dois concelhos, mas onde não havia qualquer serviço religioso.

Fontes: Casa do Infantado (Maços 112 e 764); Convento de Santo António da Sertã; Antiguidades, Famílias e Varões Ilustres de Sernache do Bonjardim, Vol. II; Relação dos Provedores e Auxiliares da Santa Casa da Misericórdia da Sertã; Certan Ennobrecida; Cadastro Populacional Reino de Portugal; História de Portugal;

Imagem: Brasão antigo do concelho da Sertã

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Memórias: A Praça que era do Comércio e agora é da República



Há quem diga que por aqui pulsa o coração da Sertã. Todavia, a julgar pela forma como tem sido estimada e tratada ao longo dos últimos anos, é provável que nos arrisquemos a ter de lhe escrever o elogio fúnebre num destes dias. Falamos da Praça da República, que é hoje uma pálida imagem daquilo que foi no passado.
A sua história perde-se nas brumas do tempo. Até 1910, foi conhecida por Praça do Comércio, porque era aqui que se realizava o tradicional mercado. Uma foto dos finais do século XIX descoberta recentemente, no arquivo particular de Carlos Relvas (filho dos sertaginenses José Farinha Relvas e Clementina Amália de Mascarenhas Pimenta e pai de José Relvas), dá-nos uma ideia da forma como decorria semanalmente o mercado.
Em 1907, um grupo de amigos de Guilherme Marinha Nunes resolveu aproveitar este espaço nobre para aí colocar um busto em homenagem a este ilustre sertaginense.
Com a implantação da República, os homens cá do burgo resolveram mudar-lhe o nome para Praça da República, o mesmo sucedendo com a Rua do Vale que passou a chamar-se Rua Cândido dos Reis.
Ao longo das últimas décadas sofreu diversas intervenções, quase sempre sem se respeitar a herança histórica do local. Mas isso já é hábito por estas paragens!

Foto: Olímpio Craveiro

sexta-feira, 15 de abril de 2011

O país, o FMI e os candidatos à Assembleia da República pelo distrito de Castelo Branco

O país resgatado pelo FMI, os portugueses a caminho das férias da Páscoa, o Estado a fazer contas para devolver cinco mil milhões de euros aos credores e os partidos a assobiar para o lado e a fingirem que o mais importante neste momento é discutir minudências e não a real situação do país. É para este estado de coisas que a maioria olha por estes dias, achando que o país ensandeceu ou pior – que já nem se preocupa.
O pedido de ajuda externa feito por José Sócrates, na passada semana, prometia ser, ao mesmo tempo, o fim da linha e o ponto de partida para voltar a colocar nos eixos um país que há muito perdeu o norte. Parece que nos enganámos: o triste espectáculo que se seguiu, protagonizado por aqueles que se dizem ‘representantes do povo’, deu-nos a exacta medida das ambições de cada um e a forma como os interesses pessoais e partidários se colocam à frente dos do país. Felizmente, tivemos algumas excepções (poucas, mas tivemos) e destaque-se também aqui o papel de alguma comunicação social, principalmente a escrita, que soube desencadear, ao longo dos últimos dias, uma tentativa de debate sério sobre o real estado do país e sobre as consequências da entrada do FMI em Portugal, que não haja dúvidas fará com que este país e os seus habitantes passem um muito mau bocado.
Temos também a notícia de hoje do Diário Económico de que os portugueses estão a esgotar, em tempo de crise, os destinos de férias na Páscoa. É surpreendente, mas como diz este jornal: “Muitos portugueses estão a queimar os últimos cartuchos antes das medidas de austeridade que se anunciam”. Contudo, é preciso ter em atenção que muitas das reservas que são feitas, por exemplo em Lisboa e no Algarve, são de espanhóis, habituais frequentadores do nosso país nesta altura do ano.
Sobre a devolução dos cinco mil milhões aos credores, pouco ou nada a dizer, apenas que é desconcertante ver a situação a que uma nação como Portugal chegou, depois de todas as hipóteses falhadas ao longo destes últimos 20 anos – fundos comunitários, juros historicamente baixos, ligação a uma moeda forte, três maiorias absolutas (duas do PSD e uma do PS), investimento estrangeiro no nosso país em níveis nunca antes vistos.
Quanto ao último ponto, é preciso começar por dizer que Portugal pede ajuda ao exterior no preciso momento em que está a entrar em campanha eleitoral – até nisto somos originais! Claro que todos esperávamos dos nossos políticos sentido de Estado e de responsabilidade perante este momento decisivo da nossa história, mas infelizmente o que se tem visto é outra coisa. Parece ser altura dos cidadãos darem uma lição de democracia a estes senhores que mais do que governar, têm-se governado.
E abordando as próximas eleições legislativas, teremos que, obrigatoriamente, falar em cabeças de lista e nos nomes que vão integrar essas mesmas listas nos vários distritos. Já se sabe que nestas coisas de fazer listas não impera a lógica do mérito, nem tampouco da competência. Quem não conhece as reuniões e os processos de eleição, levados a cabo no interior dos partidos, ficaria estarrecido com algumas das coisas que por lá se passam. Mas enfim, isso é tema para outras ‘primaveras’.
Por ora, vamos deter-nos no distrito de Castelo Branco, onde já são conhecidos os cabeças de lista dos principais partidos. Aqui vão os seus nomes: José Sócrates (PS), Costa Neves (PSD), Maria Celeste Capelo (CDS/PP), Vítor Reis (CDU) e Fernando Proença (Bloco de Esquerda).
Sobre Sócrates, pouco resta dizer, apenas que os discursos que fez no último congresso do PS são a prova cabal de como o primeiro-ministro deixou de viver na realidade e criou um país que só existe na sua cabeça. Fernando Serrasqueiro, Hortense Martins, Valter Lemos, Jorge Seguro, Conceição Martins, Artur Patuleia e Cidália Farinha completam a lista socialista.
Costa Neves, o açoriano transformado em candidato beirão por Manuela Ferreira Leite, volta a ser o cabeça de lista do PSD por Castelo Branco. Tal como da primeira vez, não se percebe a escolha deste nome, que pouco ou nada diz às gentes do distrito e de quem não se conhece grande acção em prol da região. Cada vez mais me questiono para que servirão as eleições por círculos distritais? O segundo lugar da lista social-democrata é ocupado por Carlos São Martinho e o terceiro por Rita Calmeiro.
Pelo CDS/PP avança Maria Celeste Capelo, professora aposentada e candidata derrotada nas últimas eleições para a Câmara de Castelo Branco.
Vítor Reis, ex-presidente da junta de freguesia do Paúl e antigo vereador na Câmara Municipal da Covilhã, é o escolhido da CDU para o acto eleitoral.
Já Fernando Luís Pinto Proença será o candidato do Bloco de Esquerda. Licenciado em Gestão de Empresas, este professor de 46 anos tentará obter mais do que os 9,08 por cento das eleições de 2009.



Cartoon: António Maia (http://www.oalgarve.com/wp-content/uploads/2011/04/24_cartoon-1024x658.jpg)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Júri das «7 Maravilhas da Gastronomia» deixa pratos sertaginenses de fora

A gastronomia da nossa região não foi feliz no concurso das «7 Maravilhas da Gastronomia» portuguesa. O júri desta iniciativa divulgou os 70 finalistas do concurso e na lista não surgem os maranhos, o bucho recheado e os cartuchos de Cernache (os nossos candidatos).
A concorrência era grande e difícil, ainda para mais quando é conhecida a riqueza e variedade que caracterizam a nossa gastronomia. O concelho estava representado por três pratos, mas nenhum deles ultrapassou a primeira fase.
Mais do que lamentar o resultado, importa trazer à discussão algumas reflexões sobre a forma como temos promovido e protegido a nossa gastronomia. Todos estão de acordo quanto à qualidade da cozinha sertaginense – basta visitar alguns dos nossos restaurantes para perceber que um dos nossos argumentos turísticos mais fortes é a gastronomia. Contudo, é de estranhar que a atenção devotada a este tipo de matérias por quem dirige este concelho seja bastante deficitária e alheada de qualquer estratégia. Veja-se o exemplo dos maranhos, o grande trunfo da nossa cozinha. Há anos que vários ‘iluminados’ da nossa praça falam na importância da preservação e promoção desta iguaria, mas o que se tem visto é precisamente o contrário.
Primeiro, foi a aventura desastrosa da Confraria do Maranho, que poucos perceberam para o que foi criada e onde os seus confrades (à excepção de um ou dois) se demitiram das suas responsabilidades – é bom aparecer nas fotos, mas quando toca a trabalhar, a conversa é bem diferente!
Ainda sobre o maranho, há alguns anos surgiu a notícia de que este produto iria ser certificado. No entanto, pouco se viu até à data, além dos costumeiros discursos de intenções. Talvez por isso não seja de estranhar que os maranhos (cuja origem remonta aos inícios do século XIX) façam parte da lista, publicada pela associação As Idades dos Sabores, dos dez pratos portugueses que correm risco de desaparecer. Não fosse o trabalho de alguns empresários de restauração sertaginense e hoje poderiam ser apenas uma memória.
E a importância do maranho não deve ser vista apenas num nível concelhio ou regional. A vitalidade deste prato vê-se na quantidade de pessoas que se deslocam à Sertã para o apreciar e até mesmo comprar, apesar da sua comercialização para o exterior ainda não estar regulamentada.
O sucesso dos maranhos deve ser fomentado a nível nacional, fazendo deles um verdadeiro embaixador da Sertã, tal como a sopa da pedra é para Almeirim, as alheiras para Mirandela ou as tripas para o Porto. Talvez no dia em que os maranhos forem uma prioridade, exista força suficiente para os tornar favoritos a uma nova lista das «7 Maravilhas da Gastronomia» portuguesa. Até lá, é preciso fazer o trabalho de casa e não assobiar para o lado.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O silêncio ensurdecedor em torno de um hipotético museu na Sertã

Já não é a primeira vez que aqui abordamos a hipotética construção de um museu na Sertã mas, correndo o risco de nos tornarmos repetitivos, voltamos ao assunto. Claro que para alguns, esta matéria é de somenos importância perante os desafios que o concelho e o país enfrentam actualmente, contudo nunca na Sertã o assunto mereceu grande debate por parte dos responsáveis políticos, mais preocupados com outras ‘coisas’ (!!!).
Claro que não é novidade para ninguém a forma ‘vergonhosa’ como o património histórico e natural do concelho tem sido tratado ao longo das últimas décadas e nem vou falar na pouca relevância que é dada ao estudo da história da Sertã (tão rica e cheia de pontos que mereceriam uma atenção diferente). Mais do que dar a conhecer o que foi o passado deste concelho (que viu nascer Homens como Nuno Alvares Pereira, Manuel Antunes, Lopo Barriga, Gonçalo Rodrigues Caldeira e que foi berço das famílias Mascarenhas e Relvas), a construção de um museu seria uma oportunidade única para colocar à vista de todos os vários objectos históricos que hoje permanecem em caves e casas particulares.
Falo, por exemplo, dos resultados das escavações levadas a cabo pelo arqueólogo Carlos Batata, dos valiosíssimos documentos/utensílios/artefactos dispersos por todo o país e que ajudariam a compreender melhor como eram, e como viviam, os nossos antepassados. Mais do que um museu, este local seria um verdadeiro pólo de memória e de interpretação do nosso passado.
E a este propósito enunciemos dois exemplos de municípios que não tiveram medo de arriscar. O primeiro exemplo chega-nos de Fafe, onde a Câmara local resolveu, em parceria com a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), constituir um Centro UNESCO – Memória e Identidade, no seio do qual serão formadas equipas multidisciplinares que farão o enquadramento metodológico e científico e consequente trabalho de campo. O objectivo é “fazer o levantamento do património imaterial do concelho, procurando preservar tradições, expressões linguísticas, lendas, rituais e aptidões”.
O segundo exemplo vem directamente da Batalha, que este fim-de-semana assistiu à inauguração (presidida por Cavaco Silva) do seu Museu da Comunidade Concelhia, que segundo os seus responsáveis pretende “valorizar a identidade e a história do concelho da Batalha e dos seus munícipes”, ao mesmo tempo que dará a conhecer “a vida deste território, desde as suas origens geológicas, paleontológicas e arqueológicas, percorrendo os principais acontecimentos históricos e artísticos até à actualidade”.
Claro está que a criação de um museu acarreta custos e que a sua manutenção é altíssima, mas também ninguém está a pedir que se construa um CCB ou um Museu Nacional de Arte Antiga. Quando se vê tanto dinheiro desperdiçado em obras e festas que apenas servem para esconder a ausência de ideias e de estratégia, custa a aceitar que pelo menos a hipótese não seja discutida. E a discussão seria sempre útil nem que fosse para concluir que a Sertã não precisa de um museu.

terça-feira, 29 de março de 2011

Presidente da Câmara da Sertã falou sobre o seu mandato

O presidente da Câmara Municipal da Sertã concedeu uma entrevista à Rádio Beira Interior (depois publicada nas páginas do jornal Povo da Beira), onde fez um “balanço francamente positivo” do seu mandato e mostrou-se disponível para continuar na autarquia depois de 2013, isto claro se os eleitores depositarem novamente a confiança no seu partido.
A entrevista abordou alguns dos temas mais sensíveis do momento (com excepção para a educação e saúde) e provocou algumas revelações surpreendentes por parte de José Nunes.
Depois de fazer um balanço positivo, o autarca lamentou a conjuntura difícil na altura em que tomou posse e disse ter sido “uma surpresa desagradável porque estávamos convencidos que íamos fazer um trabalho mais abrangente, mas com a diminuição da receita, em cerca de um milhão de euros, o nosso trabalho foi condicionado”.
O edil sertaginense referiu, em seguida, que alguns dos projectos previstos (não referiu quais) iriam ficar, para já, “sem concretização”, uma vez que as candidaturas a fundos “não seriam aceites”. José Nunes disse que a aposta iria estar centrada nas zonas industriais da Sertã e de Cernache, “numa tentativa de consolidação e criação de empregos”.
O mercado imobiliário sertaginense mereceu algumas palavras, com o presidente da Câmara a informar que “tudo o que foi construído foi vendido”, além de que “todas as moradias em construção estão já vendidas”. Não deixa de surpreender este bom momento do mercado imobiliário sertaginense, em claro contraciclo com o que se passa no resto do país.
Revelando que “temos muitos pedidos para implementação de empresas no concelho”, José Nunes congratulou-se com esses pedidos “numa altura em que tanto se fala de crise”.
O turismo será uma das apostas deste executivo e a sua concretização deverá passar por uma requalificação da zona histórica da vila (ainda pouco se sabe do projecto que se diz estar em preparação na autarquia), pela aposta na gastronomia (será organizada, em Junho, a primeira edição da Feira da Gastronomia) e por algumas requalificações em zonas estratégicas da vila da Sertã.
O problema da falta de quartos no concelho (é um facto, mas parece haver quem se esqueça que o concelho dispõe de um hotel em Pedrógão Pequeno, de uma residencial na Sertã e de algumas casas de turismo de habitação) foi igualmente abordado, com o edil a anunciar que estão “em andamento” três ou quatro projectos, destacando a construção de um hotel de quatro estrelas no antigo Convento de Santo António.
Questionado sobre uma eventual recandidatura, José Nunes parece decidido a avançar: “Se tivesse que decidir hoje diria que estava disponível para um novo mandato”.