As eleições para o Parlamento Europeu estão agendadas para o próximo dia 25 de Maio. Tradicionalmente, este é um sufrágio que não motiva os portugueses, sobretudo porque a maioria desconhece os meandros políticos de Bruxelas e a maneira como funcionam as instituições europeias. Não é por acaso que, normalmente, os candidatos a estas eleições preferem centrar o seu discurso em temas nacionais, com breves alusões à Europa.
Esta
situação radica, antes de mais, no facto de Portugal nunca ter assumido – nem
sequer discutido – a sua visão para a Europa, optando por um silêncio passivo,
apenas quebrado quando o assunto é dinheiro. O QREN e os demais fundos europeus
são o tema preferencial e quase único das discussões em torno da Europa. A
crise que a União Europeia atravessa e que coloca desafios gigantescos a todos
os seus estados membros não parece preocupar, para já, os políticos nacionais
(e também de outros países), poucos interessados em discutir matérias como a
União Bancária ou a mutualização da dívida.
Serve
este introito inicial para percebermos um pouco do cenário que circunda estas
eleições europeias, que para muitos analistas nacionais não passam de um teste
ao Governo. Pena que se pense assim, sendo que num futuro muito próximo chocaremos
com a triste realidade de um país, que tem vindo a perder a sua soberania
nacional, sem discutir sequer as consequências que daí advém.
A
União Europeia é talvez uma das construções mais felizes que ocorreram no
chamado Velho Continente. Durante décadas garantiu a paz e a prosperidade dos
povos e permitiu que muitos países conseguissem alcançar um desenvolvimento sem
par na sua história. Veja-se o que era Portugal antes da adesão e o que é hoje;
as diferenças saltam à vista, mas como sempre tendemos a achar que a União
Europeia existe unicamente para financiar as nossas estradas e viadutos. Puro
engano!
Lamento
que estas eleições não sirvam para discutir a Europa e a posição de Portugal no
seio da União Europeia. É frustrante observar os discursos dos principais
candidatos a este sufrágio e perceber como bons tribunos (ex. Paulo Rangel ou
Francisco Assis) anulam o seu pensamento sobre a Europa, optando por papagear
ideias e lemas que serviriam melhor na campanha para as legislativas do que nestas.
Resta-nos
aguardar que o mês que ainda nos separa destas eleições possa ser esclarecedor
ou, pelo menos, indicativo do que cada um dos contendores defende sobre a
Europa. Discutir se o país deve ter uma saída limpa ou com um programa cautelar
é provavelmente o menor dos problemas com que o país terá que se confrontar na
próxima década.