Já aqui, várias vezes, reproduzimos as excelentes fotos que Olímpio Craveiro registou sobre a Sertã. Mas hoje vamos falar um pouco melhor deste homem a quem o concelho muito deve, sobretudo por ter perpetuado, nos seus ‘instantâneos’, as memórias da Sertã antiga.
Olímpio
Craveiro nasceu na Sertã pouco antes do final do século XIX. Como muitos jovens
da sua idade, foi recrutado para integrar o Corpo
Expedicionário Português, que lutou em França durante a I Guerra Mundial (1914-1918).
Conseguiu sobreviver ao conflito, guardando contudo alguns ferimentos de guerra
que – dizem alguns – não hesitava em mostrar quando a isso era solicitado.
Terminada
a guerra, permaneceu em Paris, onde trabalhou na embaixada portuguesa
vários anos. Apaixonou-se
e quando teve de regressar a Portugal deixou a mulher por quem nutria profundo
amor (confidenciou anos mais tarde que ela o quis acompanhar mas que ele
recusou, para a poupar às agruras do que era viver num país tão diferente e
bastante pobre).
Quando chegou
à Sertã, foi nomeado chefe de Conservação das Estradas.
Porém, a cultura
era a sua grande paixão e a fotografia o seu principal hobby. Ainda jovem tivera
a sua primeira máquina, com que registou algumas paisagens do concelho e também
uma imagem que haveria de se tornar icónica – os antigos Paços do Concelho da
Sertã.
Voltou a
fotografar após o retorno à Sertã e aí dedicou-se de corpo e alma a esta arte.
Fotografava tudo e sempre que sabia que alguma casa ou edifício estava para ir
abaixo corria ao local para registar para a posteridade a memória do que lá
existira.
Nutria também grande admiração pelo teatro, sendo um dos grandes impulsionadores desta arte na vila da
Sertã e integrando diversas companhias
de amadores – ensaiou mesmo algumas delas.
Nos Bombeiros Voluntários
da Sertã, Grémio Sertaginense e Filarmónica União Sertaginense fez parte dos corpos gerentes.
Para
recordação, aqui fica uma foto sua e também uma outra que retrata uma parte da
serrada da alcaidaria, tendo ao fundo a avenida Gonçalo Rodrigues Caldeira.