O
jornalista João Garcia escreveu, este fim-de-semana, no Expresso que “quando se encerra uma estação dos correios (estão 200
ameaçadas) fecha-se uma porta da vila e abre-se mais um caminho para o litoral”.
E se aos correios somarmos os inúmeros serviços que têm encerrado nos últimos anos,
no interior do país, então as portas a fechar têm sido em muito maior número do
que as janelas a abrir – para usar um adágio popular.
Vem
isto a propósito das notícias recentes que envolvem a estação de correios de Cernache
do Bonjardim. Em cima da mesa está o encerramento da estação ou a transferência
dos serviços ali prestados pelos CTT para a Junta de Freguesia.
Nos
últimos dias têm decorrido diversas reuniões entre a junta local, Câmara
Municipal e representantes dos correios, todas elas inconclusivas.
O
que aqui se joga é a manutenção de um serviço indispensável às populações da
freguesia de Cernache do Bonjardim e zonas limítrofes. Recorde-se que já em
2010, os CTT haviam encetado diligências para que a Junta de Cernache tomasse
conta daquela estação, o que esta última sempre recusou.
A
iminente privatização dos correios e o consequente reajustamento da empresa,
para a tornar mais apetecível a futuros investidores, tem levado a esta espécie
de ‘jogo do empurra’, com os CTT a pretenderem colocar de lado os balcões menos
‘interessantes’.
O que parece ser
esquecido pelos CTT, e pelo próprio Governo, é que este tipo de decisões influi
na vida das pessoas, pelo que torna-se premente explicar o que se passa
actualmente. O triste espectáculo protagonizado pelo presidente dos CTT, ainda
recentemente, durante uma entrevista na RTP, não abona muito em favor da
clarificação deste processo – às questões sobre a reforma dos correios, Francisco
de Lacerda remeteu explicações para o Governo. Como o Executivo raramente
explica convenientemente as medidas que toma, então estamos conversados!