O povoamento
da Macieira, que deve o seu topónimo à abundância desta árvore de fruto no
lugar, remonta ao século XIII, altura em que terão chegado os seus primeiros
habitantes.
O crescimento
da sua população foi rápido, sendo em 1527 o segundo lugar mais povoado da
futura freguesia do Troviscal (na altura ainda inexistente). Era também
residência de alguns dos cidadãos mais influentes desta zona, como atestam as
nomeações de certos residentes para o cargo de juiz pedâneo da freguesia.
A
religiosidade das suas gentes era bastante arreigada, o que se comprova pelo
facto de já em 1697 aqui existir uma ermida consagrada a Santa Bárbara. Esta
capela foi depois demolida para dar origem ao novo templo, inaugurado e benzido a 30 de Agosto de 1986
(hoje com o estatuto de igreja).
Em 1911,
altura em que foi criada uma escola mista na povoação, a Macieira contava com
247 habitantes, espalhados por 45 fogos. A escola, que inicialmente funcionou
num pequeno casebre conheceu instalações condignas em 1940, devido à boa
vontade das suas gentes que custearam quase por inteiro o novo edifício.
O início da
construção da estrada municipal que ligaria a Macieira às povoações das
Várzeas, na freguesia de Pedrógão Pequeno (1946) constituiu um importante
impulso na aproximação do lugar a outras zonas do concelho.
A
agricultura e a floresta eram os principais meios de subsistência da população
nos finais da década de 1940. Foi neste período que a Macieira foi abastecida
de água, através de fontenários (1939). Mais tarde, em 1966, foram construídos
pela Câmara Municipal mais quatro fontenários, tendo sido também restaurado o
único existente até à data.
O
crescimento demográfico obrigou à construção de uma nova escola em 1962, isto
porque a antiga era exígua e não conseguia corresponder às necessidades dos
cerca de 60 alunos existentes neste período.
Vários
moradores do lugar defenderam, no início desta década de 1960, a divisão da
freguesia do Troviscal em duas, com a sede da segunda freguesia a ficar
instalada na Macieira. A ideia mereceu alguma polémica e foi abandonada após
alguns meses de discussão.
A Macieira padeceu
sempre de um relativo isolamento, resultado da inexistência de boas vias de comunicação
que ligassem o lugar ao resto da freguesia e à sede do concelho. Conforme
relata António Jorge Ramos, em documentação gentilmente cedida, “a Macieira
ligava-se em 1976 à EN238, no lugar da Sardinheira, por uma estrada de terra
batida, passando pela Ribeirinha, no sítio do Saltadouro, onde foi construída
uma ponte em cimento, pela Hidráulica do Tejo”. A estrada de terra batida
chegava à Macieira passando pelo Mindinho. A terraplanagem desta via chegou a
ser efectuada (tal como ainda hoje é visível) mas a obra nunca foi concluída,
tendo-se optado pela construção de uma nova estrada seguindo o trajecto Cruz do
Fundão-Macieira (terminado em 1988). Já neste século foi concluído o
asfaltamento da estrada entre o Pião e a Macieira.
O ensino no
lugar ganhou nova dimensão com a abertura da telescola em 1976. É por esta
altura que também surge na aldeia o Grupo de Danças e Cantares da Macieira
(primeiro com um rancho infantil e depois com o rancho composto por muitos
jovens), que mais tarde (1989) daria origem à criação da Associação Cultural, Recreativa e Desportiva Unidos da
Macieira, constituída para dar suporte àquele agrupamento. Posteriormente,
por escritura de 8 de Maio de 2000, a colectividade opta pelo nome de
Associação de Melhoramentos, Apoio Social e Desporto de Macieira, cujos
estatutos, então remodelados, ainda se mantêm.
O processo de electrificação deste lugar assumiu-se como uma verdadeira
novela. Apesar dos primeiros passos para a consecução deste objectivo terem
sido dados em 1970 problemas vários conduziram a que a luz só chegasse a este
lugar no dia 7 de Dezembro de 1982.
O atraso na reparação de alguns acessos levou diversos populares da
Macieira a acções de protesto contra a Câmara Municipal da Sertã no ano de
1992, que culminaram no corte de várias estradas.
A Macieira tem distribuição diária de correio e está ligada, há já vários anos, à rede telefónica. A título de curiosidade, refira-se que a rede telefónica é: 274664300 e seguintes.
O abandono a que estas e muitas outras povoações do concelho foram sujeitas
na segunda metade do século XX conduziu a uma redução da população. Dos 239
habitantes registados em 1960, apenas restavam 136 em 2001.
Agradecimento a António Jorge Ramos pelas correcções
e adendas ao texto