segunda-feira, 22 de novembro de 2010

As ruas da Sertã: Rua Eduardo Barata da Silva Corrêa

Onde fica? Está situada na zona da Praceta da Pinhal, não muito longe da Mata Velha

Quem foi? “No dia 30 de Março de 1957, ao cair da noite, pelas 19 horas, exalava o último suspiro na sua casa da Sertã, o Sr. Eduardo Barata da Silva Corrêa, director deste jornal desde a sua fundação, em Maio de 1936”. Foi desta maneira que o jornal «A Comarca da Sertã» noticiou a morte do seu director e fundador Eduardo Corrêa, um dos homens que mais fez pelo jornalismo da região e que deixou um legado impressionante nas diversas áreas em que actuou.
Quem com ele conviveu fala de um homem “corajoso”, “sincero”, “persistente”, “lutador”, “teimoso” e “destemido”. Eduardo Corrêa foi isso e muito mais, mas para a posteridade ficou como o ‘pai’ d’A Comarca da Sertã, o semanário que no próximo ano comemora os 75 anos de existência.
A sua vida foi preenchida e cheia de histórias. Nasceu no dia 24 de Fevereiro de 1902, sendo filho de Eduardo Barata Correia e Silva e de Efigénia Neves Correia e Silva.
A sua infância foi passada na vila da Sertã. Depois de frequentar a escola primária (onde teve como professores Tomás Namorado e Joaquim Pires de Moura), viajou até Lisboa para seguir o liceu, que haveria de concluir em Cernache do Bonjardim, mais precisamente no Instituto de Missões Coloniais.
A paixão pelo jornalismo começou a desenvolver-se durante a sua estada neste instituto. Nas férias, resolveu publicar um pequeno jornal, «A Hora», “cujos exemplares eram obtidos por meio de copiógrafo e distribuídos pelos assinantes, constituídos pelas pessoas de família e amigos”, escrevia o jornal «A Comarca da Sertã», na sua edição de 15 de Abril de 1957.
Regressado à Sertã, começou a trabalhar no escritório de seu pai, dividindo o tempo entre os seus afazeres profissionais e a publicação de um novo jornal, «A Folha», que além da actualidade noticiosa do concelho, dedicava as suas páginas a fomentar a cultura entre os sertaginenses.
Aos 20 anos decidiu tentar a sua sorte em Moçambique e por lá permaneceu durante 12 anos.
Já na Sertã, juntou-se a Ângelo Henriques Vidigal, António Barata e Silva, José Barata Corrêa e Silva e José Carlos Erhardt e fundou, em 1936, o jornal «A Comarca da Sertã», que dirigiu até 1957, altura do seu falecimento. “Foi no desempenho destas funções que melhor deu a medida das suas qualidades de inteligência e de carácter, mostrando também ser um trabalhador incansável que dava ao seu jornal horas e horas de exaustiva aplicação”, assinala a mesma edição deste semanário.
Nas mais de duas décadas em que foi director desta publicação pugnou pela defesa dos interesses da Sertã e integrou diversas comissões que lutavam pela construção de diversas infra-estruturas no concelho. Só para referir algumas, destacamos o seu papel em todo o processo de instalação do Centro Liceal Técnico, na construção de uma linha de caminho de ferro que passasse pela Sertã e na definição de um novo plano urbanístico para a vila da Sertã (processo polémico que se arrastou durante quase toda a década de 1940).
Mas não foi só no jornalismo que a sua presença se fez notar. Esteve igualmente ligado a diferentes direcções do Clube da Sertã, do Sertanense Futebol Clube e dos Bombeiros Voluntários da Sertã (o seu corpo foi conduzido à última morada no pronto-socorro dos Bombeiros Voluntários da Sertã).
Os seus dotes para a docência eram-lhe também reconhecidos, tendo sido professor particular de “muita competência”.

Foi casado com Maria Vitorina de Oliveira Barata, com quem teve seis filhos.