Quem por estes dias sintonizar a Antena 1 poderá ter uma agradável surpresa. A estação pública de rádio elegeu como ‘disco da semana’ o primeiro álbum do cantautor, contrabaixista e compositor sertaginense Miguel Calhaz.
O álbum «Estas Palavras», que será apresentado na Sertã, no próximo dia 8 de Dezembro (Casa da Cultura, 22h), é constituído por 11 canções, escritas e compostas por Miguel Calhaz, que conta com a colaboração neste disco dos músicos Marco Figueiredo (piano), Rita Marques (voz), João Gentil (acordeão) e Leandro Leonet (bateria).
Segundo Miguel Calhaz, citado pela Antena 1, estes 11 temas são “moldados a risos e lágrimas, forjados na brasa dos tempos da vontade de mudança”. Tratam-se de “autênticos retratos vivos na clareza das madrugadas de sol, relatos escondidos nas névoas da vida”.
Miguel Calhaz nasceu na Sertã em 1973 e é licenciado em Contrabaixo/Jazz pela Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo do Instituto Politécnico do Porto. Além da carreira a solo, o músico integra os projectos Popxula, Quartinto, Trilhos e Os Cantautores.
Para aguçar o apetite, aqui fica o link com a interpretação do tema «Estas Palavras», que dá nome ao novo disco e com o qual Miguel Calhaz venceu recentemente o Premio José Afonso:
http://www.youtube.com/watch?v=v2rvj9-dNa0
“Daqui a Sertã unida nos seus contornos, robusta nas suas linhas, imponente na sua grandeza, é uma rainha altiva e majestosa que ao abrigo das muralhas inexpugnáveis das suas serranias, pode como no passado desafiar a fúria dos homens e dos séculos”. José Pinto Duarte, escritor
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Memórias: Inauguração da escola da Cumeada
É
uma daquelas imagens em que o Estado Novo era pródigo – a inauguração das
escolas assumia-se sempre como um momento solene que obedecia a um conjunto de
ritos e onde todos conheciam o seu lugar.
A inauguração, no mês de Março de 1968, da nova escola da Cumeada funciona como a síntese perfeita de tudo aquilo que dissemos atrás. Na foto (assinada pelo saudoso Sarmento Nunes) é possível ver o antigo presidente da Câmara da Sertã, José Antunes, acompanhado pelo presidente da Junta de Freguesia da Cumeada, Acácio dos Reis, momentos antes da cerimónia do corte da fita.
O dia foi de festa para os habitantes da Cumeada, que viram ainda ser inaugurada a electrificação da sede de freguesia e dos lugares de Albergaria, Casal de Santana, Casal do Calvo, Rebaixia dos Faustinos e Rebaixia dos Tomés, bem como o calcetamento das povoações de Casal de Santana, Cardiga Cimeira, Albergaria e Castanheiro Grande.
A inauguração, no mês de Março de 1968, da nova escola da Cumeada funciona como a síntese perfeita de tudo aquilo que dissemos atrás. Na foto (assinada pelo saudoso Sarmento Nunes) é possível ver o antigo presidente da Câmara da Sertã, José Antunes, acompanhado pelo presidente da Junta de Freguesia da Cumeada, Acácio dos Reis, momentos antes da cerimónia do corte da fita.
O dia foi de festa para os habitantes da Cumeada, que viram ainda ser inaugurada a electrificação da sede de freguesia e dos lugares de Albergaria, Casal de Santana, Casal do Calvo, Rebaixia dos Faustinos e Rebaixia dos Tomés, bem como o calcetamento das povoações de Casal de Santana, Cardiga Cimeira, Albergaria e Castanheiro Grande.
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
Concelho da Sertã vai passar a contar com 10 freguesias
A
Assembleia Municipal da Sertã disse que não tinha ‘mandato’ para extinguir/agregar
freguesias, no âmbito da reforma da administração local decretada pelo Governo,
e colocou o ónus da decisão nas mãos da Unidade Técnica para a Reorganização
Administrativa do Território (UTRAT). Esta unidade anunciou, na passada
quarta-feira, a proposta do novo mapa administrativo do concelho da Sertã, que
passa a contar com 10 freguesias ao contrário das actuais 14.
Mas
antes de entrarmos na análise da proposta propriamente dita, façamos um
exercício de memória relativamente ao comportamento da Assembleia Municipal da
Sertã e dos seus deputados durante todo este processo.
Desde
que foi conhecida a intenção do Governo em extinguir/agregar freguesias,
plasmada no célebre Documento Verde, se percebeu que esta e outras assembleias
municipais do país não estavam particularmente interessadas em discutir a
matéria, nem tampouco em reflectir sobre se o actual mapa administrativo espelha
o que são as novas dinâmicas demográficas e sócio-económicas do país.
Contudo,
o primeiro sinal de alarme no concelho soou quando se percebeu que o município
da Sertã poderia perder até seis freguesias com esta reforma. Os presidentes de
junta vieram à praça pública dizer que não concordavam com os critérios
utilizados pelo Governo (critérios esses bastante reducionistas, diga-se) e
pediam uma revisão da proposta apresentada.
Passos
Coelho fez-lhes a vontade e o documento seguinte foi mais ‘brando’ e com
critérios bastante aceitáveis. Fazendo as contas, o concelho perderia entre
duas a três freguesias, com a benesse de a decisão partir das assembleias
municipais, que indicariam as freguesias a extinguir/agregar.
O
presente era envenenado, diziam as assembleias municipais, que a partir daí
utilizaram as suas sessões para discussões inócuas e sem sentido sobre o que
era isto de agregar/extinguir freguesias e quais as consequências políticas que
uma decisão deste género teria em futuros actos eleitorais. Porque, no fundo,
foi isso que demoveu os cerca de dois terços de assembleias municipais de não
apresentaram qualquer proposta de reforma do seu território administrativo.
Na
Sertã, os deputados, com duas ou três honrosas excepções, assobiaram para o
lado e não perceberam o que estava em jogo, nem sequer entenderam a
oportunidade que se abria para discutir o mapa administrativo do nosso
território, que é hoje tão desajustado face à realidade que temos no município.
A inacção
dos nossos deputados foi revoltante. Talvez seja por isso que outros debates decisivos
para o futuro da Sertã nunca se fizeram.
Sobre
a proposta da UTRAT, o mínimo que se pode dizer é que a reforma do território
se faz a regra e esquadro, sem atender sequer às características culturais e
sócio-económicas do território. Por exemplo, agregar duas freguesias
extremamente despovoadas como a Ermida e o Figueiredo é o mesmo que juntar dois
pequenos problemas para acabar a transformá-lo num grande. Seria mais lícito
que essa agregação se fizesse com uma freguesia dita mais forte como o Troviscal
ou a Várzea dos Cavaleiros, como agora parece que tem sido sugerido (agora é
que sugerem!?!?!?).
Por
seu lado, a agregação das freguesias do Nesperal e de Palhais à de Cernache do
Bonjardim parece ser mais acertada, ainda que deva merecer alguma atenção o
facto de algumas das povoações da freguesia de Palhais estarem mais próximas da
Cumeada do que propriamente de Cernache do Bonjardim.
Já
sobre a agregação das freguesias de Marmeleiro e Cumeada, será curioso perceber
como é que duas freguesias separadas por uma rivalidade com mais de dois
séculos conviverão sob uma mesma unidade. Ainda assim, e olhando para o mapa do
território e para os critérios que presidiram a esta reforma, parecia desde o
início a agregação mais óbvia, como aliás surgia a agregação de duas
freguesias, que há mais de cinco séculos têm estado unidas, ainda que separadas
administrativamente – falamos de Pedrógão Pequeno e do Carvalhal. Quem se
lembra dos limites do extinto concelho de Pedrógão Pequeno, que no próximo ano
comemora os 500 anos da sua fundação?
Foi
esta a discussão que ninguém teve coragem de fazer aqui na Sertã como na maior
parte dos municípios vizinhos ou no resto do país.
O
que agora se segue é aquilo que já tivemos oportunidade de ouvir na Rádio
Condestável (saúde-se a acção desta rádio na tentativa de discutir o problema
nestes últimos meses): os presidentes de junta e os nossos representantes
autárquicos a criticarem a proposta e a dizer que tudo deveria ter sido feito
de forma diferente.
Contudo, o que está na proposta da UTRAT – e ficará para a
posteridade – é esta frase lapidar: “A Assembleia Municipal da Sertã não se
pronunciou nos termos do artigo 11.º da Lei n.º 22/2012”.
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
As ruas da Sertã: Rua Manuel Joaquim Nunes
Onde
fica? Situada nas imediações do Mercado Municipal da Sertã e em confluência com
a rua do Viriato
Quem
foi? Se em 1900 perguntássemos a qualquer sertaginense quem ele era, a resposta
surgiria de imediato. Todavia, hoje a mesma questão provocaria um encolher de
ombros ou até um olhar de indiferença.
Manuel
Joaquim Nunes foi uma das principais figuras do concelho da Sertã nas últimas
décadas do século XIX e algumas das obras em que tomou parte persistem ainda nos
dias que correm.
Nascido
na Sertã nos finais da primeira metade do século XIX, Manuel Joaquim Nunes cedo
se interessou pela vida pública e rapidamente foi convidado para cargos de direcção.
Na
Santa Casa da Misericórdia da Sertã, foi nomeado provedor em 1878, lugar que
desempenhou com “grande distinção” e a “contento de todos” os irmãos daquela
instituição, como relatam as crónicas da época.
Antes
disso, em 1870, foi eleito vereador da Câmara Municipal da Sertã, onde se
manteve ininterruptamente até 1877. No ano seguinte, assumiu a presidência da
autarquia e, em 1880, regressou ao lugar de vereador, sendo eleito
consecutivamente até 1893.
O
jornal «Gazeta das Províncias», referindo-se à sua actividade como presidente
da Câmara e vereador, disse que Manuel Joaquim Nunes “tomou sempre parte activa
nos melhoramentos materiais desta vila, pugnando incansavelmente pela sua terra
com um patriotismo digno de admiração”.
A
sua acção foi, por exemplo, decisiva na obra de abastecimento de água à vila da
Sertã (através da instalação de um chafariz na actual Praça da República e dois
fontenários no Largo do Adro e em frente ao actual edifício do Clube da Sertã),
cuja inauguração ocorreu em 1889.
A
cultura e o mutualismo foram outras das áreas onde marcou presença. Foi presidente
da Assembleia-geral do Monte-Pio Certaginense da Rainha Santa Isabel (1889) e
integrou, por várias vezes, os corpos gerentes da Sociedade Filarmónica
Certaginense.
No
final de 1893 emigrou para o Brasil e aí permaneceu até 1900, altura em que regressou
à Sertã.
Faleceu
a 26 de Abril de 1905 e alguns anos depois, a Câmara Municipal da Sertã, em
sinal de profunda homenagem, atribuiu o seu nome a uma das artérias da vila.