O presidente da Câmara Municipal da Sertã concedeu uma entrevista à Rádio Beira Interior (depois publicada nas páginas do jornal Povo da Beira), onde fez um “balanço francamente positivo” do seu mandato e mostrou-se disponível para continuar na autarquia depois de 2013, isto claro se os eleitores depositarem novamente a confiança no seu partido.
A entrevista abordou alguns dos temas mais sensíveis do momento (com excepção para a educação e saúde) e provocou algumas revelações surpreendentes por parte de José Nunes.
Depois de fazer um balanço positivo, o autarca lamentou a conjuntura difícil na altura em que tomou posse e disse ter sido “uma surpresa desagradável porque estávamos convencidos que íamos fazer um trabalho mais abrangente, mas com a diminuição da receita, em cerca de um milhão de euros, o nosso trabalho foi condicionado”.
O edil sertaginense referiu, em seguida, que alguns dos projectos previstos (não referiu quais) iriam ficar, para já, “sem concretização”, uma vez que as candidaturas a fundos “não seriam aceites”. José Nunes disse que a aposta iria estar centrada nas zonas industriais da Sertã e de Cernache, “numa tentativa de consolidação e criação de empregos”.
O mercado imobiliário sertaginense mereceu algumas palavras, com o presidente da Câmara a informar que “tudo o que foi construído foi vendido”, além de que “todas as moradias em construção estão já vendidas”. Não deixa de surpreender este bom momento do mercado imobiliário sertaginense, em claro contraciclo com o que se passa no resto do país.
Revelando que “temos muitos pedidos para implementação de empresas no concelho”, José Nunes congratulou-se com esses pedidos “numa altura em que tanto se fala de crise”.
O turismo será uma das apostas deste executivo e a sua concretização deverá passar por uma requalificação da zona histórica da vila (ainda pouco se sabe do projecto que se diz estar em preparação na autarquia), pela aposta na gastronomia (será organizada, em Junho, a primeira edição da Feira da Gastronomia) e por algumas requalificações em zonas estratégicas da vila da Sertã.
O problema da falta de quartos no concelho (é um facto, mas parece haver quem se esqueça que o concelho dispõe de um hotel em Pedrógão Pequeno, de uma residencial na Sertã e de algumas casas de turismo de habitação) foi igualmente abordado, com o edil a anunciar que estão “em andamento” três ou quatro projectos, destacando a construção de um hotel de quatro estrelas no antigo Convento de Santo António.
Questionado sobre uma eventual recandidatura, José Nunes parece decidido a avançar: “Se tivesse que decidir hoje diria que estava disponível para um novo mandato”.
“Daqui a Sertã unida nos seus contornos, robusta nas suas linhas, imponente na sua grandeza, é uma rainha altiva e majestosa que ao abrigo das muralhas inexpugnáveis das suas serranias, pode como no passado desafiar a fúria dos homens e dos séculos”. José Pinto Duarte, escritor
terça-feira, 29 de março de 2011
quarta-feira, 23 de março de 2011
Património esquecido: Ponte ‘romana’ de Palhais
É uma ponte que liga as povoações de Palhais (Sertã) e de Vilar Ruivo (Vila de Rei) e que começou a ser construída no ano de 1889. A sua história é marcada pela perseverança das populações dos dois lugares, que num esforço sem precedentes tentaram convencer as autoridades para a necessidade de se construir uma ponte que ligasse as duas margens.
Como a resposta não chegou, as populações colocaram mãos à obra e iniciaram a construção desta ponte de ‘estilo romano’, que ficou concluída em finais do século XIX.
Com a nova ponte de três arcos em volta perfeita, os habitantes dos dois lugares ficaram mais próximos e as trocas entre os dois concelhos aumentaram.
Recentemente, a ponte foi alvo de recuperação, tendo sido aberta uma estrada do lado de Palhais, o que permite um melhor acesso a todos os que a queiram visitar.
Como a resposta não chegou, as populações colocaram mãos à obra e iniciaram a construção desta ponte de ‘estilo romano’, que ficou concluída em finais do século XIX.
Com a nova ponte de três arcos em volta perfeita, os habitantes dos dois lugares ficaram mais próximos e as trocas entre os dois concelhos aumentaram.
Recentemente, a ponte foi alvo de recuperação, tendo sido aberta uma estrada do lado de Palhais, o que permite um melhor acesso a todos os que a queiram visitar.
quinta-feira, 17 de março de 2011
Guerra do ultramar: Lembrar os sertaginenses 50 anos depois
Há cerca de dois anos, lembrámos aqui os sertaginenses que ‘pagaram’ com a vida a sua participação na guerra do ultramar. Num ano, em que se comemoram os 50 anos do início desta ofensiva militar, voltamos ao assunto.
Quase sempre nos habituámos a tratar como factos históricos episódios que a todos, directa ou indirectamente, nos dizem muito. E a guerra colonial é um deles. Foram muitos os naturais do nosso concelho que tomaram parte nesta ofensiva e cujos feitos foram esquecidos.
Em homenagem aos 31 sertaginenses que pereceram nessa guerra, deixamos hoje aqui os seus nomes. Prometemos, em breve, dar a conhecer também o nome de todos os outros que regressaram com vida do teatro de guerra.
Aqui vai a lista dos que faleceram: Adelino Duarte (natural do Carvalhal), Albino Farinha (Mosteiro de São Tiago), Albino Simão (Troviscainho), Alfredo Marques (Santa Rita – Castelo), António Farinha (Relvas – Ermida), António Marçal (Palhais), António Alves (Outeirinho – Várzea dos Cavaleiros), Carlos Marques (Castelo), Clementino António (Ladeirinha – Figueiredo), Daniel dos Santos (Chão das Macieiras – Cernache do Bonjardim), Eduardo Alves (Ermida), Eduardo Cartaxo (Sertã), Fernando Silva (Várzea dos Cavaleiros), Fernando Cotrim (Orgueira – Palhais), Fernando Martins (Tojal – Cabeçudo), Joaquim Gonçalves (Cernache do Bonjardim), Joaquim Ramos (Moinho da Rola – Sertã), José Mendes (Cernache do Bonjardim), José Martins (Pedrógão Pequeno), José Marques (Mourisco), José Nunes (Cernache do Bonjardim), José Rodrigues (Mourisco), José Martins (Várzea dos Cavaleiros), José Pereira (Castanheira Grande – Cumeada), Libânio Pires (Troviscal), Manuel Mendes (Tapada), Manuel de Jesus (Santinha – Figueiredo), Manuel Dias (Entre-a-Serra – Várzea dos Cavaleiros), Olímpio Santos (Cernache do Bonjardim), Pedro Matos Neves (Sertã), Rogério Fernandes e Silva (Pombas – Sertã).
Quase sempre nos habituámos a tratar como factos históricos episódios que a todos, directa ou indirectamente, nos dizem muito. E a guerra colonial é um deles. Foram muitos os naturais do nosso concelho que tomaram parte nesta ofensiva e cujos feitos foram esquecidos.
Em homenagem aos 31 sertaginenses que pereceram nessa guerra, deixamos hoje aqui os seus nomes. Prometemos, em breve, dar a conhecer também o nome de todos os outros que regressaram com vida do teatro de guerra.
Aqui vai a lista dos que faleceram: Adelino Duarte (natural do Carvalhal), Albino Farinha (Mosteiro de São Tiago), Albino Simão (Troviscainho), Alfredo Marques (Santa Rita – Castelo), António Farinha (Relvas – Ermida), António Marçal (Palhais), António Alves (Outeirinho – Várzea dos Cavaleiros), Carlos Marques (Castelo), Clementino António (Ladeirinha – Figueiredo), Daniel dos Santos (Chão das Macieiras – Cernache do Bonjardim), Eduardo Alves (Ermida), Eduardo Cartaxo (Sertã), Fernando Silva (Várzea dos Cavaleiros), Fernando Cotrim (Orgueira – Palhais), Fernando Martins (Tojal – Cabeçudo), Joaquim Gonçalves (Cernache do Bonjardim), Joaquim Ramos (Moinho da Rola – Sertã), José Mendes (Cernache do Bonjardim), José Martins (Pedrógão Pequeno), José Marques (Mourisco), José Nunes (Cernache do Bonjardim), José Rodrigues (Mourisco), José Martins (Várzea dos Cavaleiros), José Pereira (Castanheira Grande – Cumeada), Libânio Pires (Troviscal), Manuel Mendes (Tapada), Manuel de Jesus (Santinha – Figueiredo), Manuel Dias (Entre-a-Serra – Várzea dos Cavaleiros), Olímpio Santos (Cernache do Bonjardim), Pedro Matos Neves (Sertã), Rogério Fernandes e Silva (Pombas – Sertã).
quarta-feira, 9 de março de 2011
Memórias: Campo Nun’Álvares
Primeiro foi o Campo de Jogos da Casa do Povo de Sernache do Bonjardim e depois o ‘mítico’ Campo Nun’Álvares. É a este último que dedicaremos as nossas memórias de hoje.
O campo de futebol, que se localizava no local onde hoje está o pavilhão desportivo de Cernache, assistiu a muitas tardes de glória do Viação e, mais tarde, do Vitória de Sernache.
O Viação de Sernache (que alterou a sua designação na década de 1970 para Vitória) viveu neste campo a euforia de várias subidas de divisão, nomeadamente aquela que conduziu o clube à 2.ª Divisão Nacional, nos inícios da década de 1960. Foi uma época (1961/62) para recordar e os mais velhos ainda se lembram de ali se deslocarem para ver jogar equipas como o Boavista, Sporting de Braga ou Oliveirense.
A foto que aqui reproduzimos é de um desafio, no Campo Nun’Álvares, entre o Viação de Sernache e o Desportivo da Sertã, um clube com existência efémera e que apenas se dedicou ao futebol.
O campo de futebol, que se localizava no local onde hoje está o pavilhão desportivo de Cernache, assistiu a muitas tardes de glória do Viação e, mais tarde, do Vitória de Sernache.
O Viação de Sernache (que alterou a sua designação na década de 1970 para Vitória) viveu neste campo a euforia de várias subidas de divisão, nomeadamente aquela que conduziu o clube à 2.ª Divisão Nacional, nos inícios da década de 1960. Foi uma época (1961/62) para recordar e os mais velhos ainda se lembram de ali se deslocarem para ver jogar equipas como o Boavista, Sporting de Braga ou Oliveirense.
A foto que aqui reproduzimos é de um desafio, no Campo Nun’Álvares, entre o Viação de Sernache e o Desportivo da Sertã, um clube com existência efémera e que apenas se dedicou ao futebol.
sexta-feira, 4 de março de 2011
As ruas da Sertã: Avenida Ângelo Henriques Vidigal
Onde fica? artéria que dá acesso ao mercado municipal
Quem foi? De uma ou de outra forma, já todos devem ter ouvido este nome: Ângelo Henriques Vidigal. O concelho da Sertã tem para com ele uma dívida de gratidão pelos serviços que prestou, tanto como médico, professor ou simplesmente como dinamizador cultural e desportivo em várias colectividades.
Ângelo Henriques Vidigal nasceu em Pedrógão Pequeno, no dia 13 de Junho de 1893, sendo filho de Joaquim Henriques Vidigal e de Maria Ângela da Conceição Vidigal. Fez a instrução primária nesta vila e estudou medicina em Lisboa, onde se formou na Faculdade de Medicina, em 1920.
Regressou à sua terra e Abílio Marçal, na altura director do Instituto das Missões Coloniais, em Cernache do Bonjardim, convidou-o para leccionar no liceu nacional, que estava anexo àquele instituto.
Cinco anos depois, em 1925, vários cidadãos proeminentes da Sertã tentaram convence-lo a ocupar a vaga que José Carlos Ehrardt iria deixar no partido médico da vila. Resistiu a aceitar, num primeiro momento, mas o Pe. Francisco dos Santos e Silva (seu grande amigo e padrinho de casamento) conseguiu demove-lo da sua recusa. A 30 de Março de 1925 tomou posse do cargo de forma interina, subindo a efectivo no dia 13 de Junho do mesmo ano.
Em 21 de Agosto de 1940, foi nomeado subdelegado de saúde do concelho, substituindo Gualdim de Queirós e Melo.
O seu trabalho como médico era por todos reconhecido e isso ficou bem patente em vários artigos publicados no jornal «A Comarca da Sertã», após a sua morte. Por exemplo, José Barata Correia escrevia: “Era um homem singular, um médico de eleição e um homem bom”, acrescentando: “Ângelo Vidigal era um homem cheio de actividade para quem não era suficiente a canseira quase permanente de um médico de província, sem horas para as refeições, calcorreando montes e vales e estradas péssimas para fazer um parto ou para acudir a todos os aflitos que o chamavam em busca de consolo e alívio para os seus males”.
Dele se dizia, que “servia o pobre e o rico com igual carinho, o mesmo fervor e isenção. Nunca registou nem fez assentos dos serviços prestados. Não apresentou contas a ninguém”.
Contam-se várias histórias da sua nobreza e disponibilidade enquanto homem. João Lopes Ferreira, que assinou durante muitos anos várias crónicas n’«A Comarca da Sertã», contava certo dia: “Por motivo de saúde, fui levado por minha mãe até ao seu consultório, e ali, depois do diagnóstico feito, e de ter ganho uma lembrança para não chorar, minha genitora, faz aquela pergunta de praxe: Então senhor doutor Ângelo quanto é que lhe devo? Eu que ainda não tinha meia dúzia de anos estava de lado mirando aquela figura simpática de faces rosadas, pesando mais de cem quilos, quando com os olhitos meio espantados, ouvi aquela voz suave como uma melodia dizer: «Tu és doida Maria, guarda o dinheiro para comprares pão para os teus filhos». Minha mãe ficou meia estática e sem jeito, agradeceu-lhe comovida, e aquele projecto de gente que se agarrava às suas saias, jamais esqueceu tão nobre gesto”.
As suas simpatias políticas iam directamente para o ideário republicano (por clara influência de seu pai – um dos ilustres republicanos do concelho) e mais tarde ficou a saber-se que era “anti-salazarista” (algo que escondeu toda a sua vida, ainda para mais porque ocupava o cargo de subdelegado de saúde).
Mas o seu nome não ficou apenas ligado à medicina. Foi ainda presidente da Assembleia-Geral do Sertanense ininterruptamente entre 1936 e 1956; liderou a direcção do Clube da Sertã em várias ocasiões e foi um dos fundadores do jornal «A Comarca da Sertã».
Casou com D. Maria Amélia, sua prima, nascida no Brasil.
Quem foi? De uma ou de outra forma, já todos devem ter ouvido este nome: Ângelo Henriques Vidigal. O concelho da Sertã tem para com ele uma dívida de gratidão pelos serviços que prestou, tanto como médico, professor ou simplesmente como dinamizador cultural e desportivo em várias colectividades.
Ângelo Henriques Vidigal nasceu em Pedrógão Pequeno, no dia 13 de Junho de 1893, sendo filho de Joaquim Henriques Vidigal e de Maria Ângela da Conceição Vidigal. Fez a instrução primária nesta vila e estudou medicina em Lisboa, onde se formou na Faculdade de Medicina, em 1920.
Regressou à sua terra e Abílio Marçal, na altura director do Instituto das Missões Coloniais, em Cernache do Bonjardim, convidou-o para leccionar no liceu nacional, que estava anexo àquele instituto.
Cinco anos depois, em 1925, vários cidadãos proeminentes da Sertã tentaram convence-lo a ocupar a vaga que José Carlos Ehrardt iria deixar no partido médico da vila. Resistiu a aceitar, num primeiro momento, mas o Pe. Francisco dos Santos e Silva (seu grande amigo e padrinho de casamento) conseguiu demove-lo da sua recusa. A 30 de Março de 1925 tomou posse do cargo de forma interina, subindo a efectivo no dia 13 de Junho do mesmo ano.
Em 21 de Agosto de 1940, foi nomeado subdelegado de saúde do concelho, substituindo Gualdim de Queirós e Melo.
O seu trabalho como médico era por todos reconhecido e isso ficou bem patente em vários artigos publicados no jornal «A Comarca da Sertã», após a sua morte. Por exemplo, José Barata Correia escrevia: “Era um homem singular, um médico de eleição e um homem bom”, acrescentando: “Ângelo Vidigal era um homem cheio de actividade para quem não era suficiente a canseira quase permanente de um médico de província, sem horas para as refeições, calcorreando montes e vales e estradas péssimas para fazer um parto ou para acudir a todos os aflitos que o chamavam em busca de consolo e alívio para os seus males”.
Dele se dizia, que “servia o pobre e o rico com igual carinho, o mesmo fervor e isenção. Nunca registou nem fez assentos dos serviços prestados. Não apresentou contas a ninguém”.
Contam-se várias histórias da sua nobreza e disponibilidade enquanto homem. João Lopes Ferreira, que assinou durante muitos anos várias crónicas n’«A Comarca da Sertã», contava certo dia: “Por motivo de saúde, fui levado por minha mãe até ao seu consultório, e ali, depois do diagnóstico feito, e de ter ganho uma lembrança para não chorar, minha genitora, faz aquela pergunta de praxe: Então senhor doutor Ângelo quanto é que lhe devo? Eu que ainda não tinha meia dúzia de anos estava de lado mirando aquela figura simpática de faces rosadas, pesando mais de cem quilos, quando com os olhitos meio espantados, ouvi aquela voz suave como uma melodia dizer: «Tu és doida Maria, guarda o dinheiro para comprares pão para os teus filhos». Minha mãe ficou meia estática e sem jeito, agradeceu-lhe comovida, e aquele projecto de gente que se agarrava às suas saias, jamais esqueceu tão nobre gesto”.
As suas simpatias políticas iam directamente para o ideário republicano (por clara influência de seu pai – um dos ilustres republicanos do concelho) e mais tarde ficou a saber-se que era “anti-salazarista” (algo que escondeu toda a sua vida, ainda para mais porque ocupava o cargo de subdelegado de saúde).
Mas o seu nome não ficou apenas ligado à medicina. Foi ainda presidente da Assembleia-Geral do Sertanense ininterruptamente entre 1936 e 1956; liderou a direcção do Clube da Sertã em várias ocasiões e foi um dos fundadores do jornal «A Comarca da Sertã».
Casou com D. Maria Amélia, sua prima, nascida no Brasil.
Faleceu em 1957, mais precisamente no dia 20 de Novembro. Encontra-se sepultado em Pedrógão Pequeno.