Enquanto na capital portuguesa, Governo e PSD tentam encontrar uma versão final para o tão propalado Orçamento de Estado (que poderá levar Portugal a uma situação de recessão e fazer com que a classe média fique mais pobre), na Sertã a Câmara faz contas à vida, em virtude deste mesmo Orçamento, e até já admite suspender a próxima edição da FAFIC.
E os ventos não correm de feição, a julgar por aquilo que está previsto no Orçamento de Estado’2011 para a Sertã. Desde Logo, no Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC), o concelho da Sertã, à semelhança do que tinha sucedido no Orçamento do ano passado, não recebe qualquer verba, ficando assim de fora a tão esperada construção do novo centro de saúde.
No entanto, cumpre aqui realçar que das verbas do PIDDAC previstas para o distrito de Castelo Branco, mais de 75 por cento são canalizadas para três projectos: Estabelecimento Prisional de Castelo Branco, UBI Medical e Faculdade de Ciências da Saúde da UBI. Dá que pensar….
Mas as más notícias chegam também do lado das transferências do Estado para os municípios. O concelho da Sertã viu o seu valor baixar de 8.650.376 euros (OE’2010) para 7.906.758 euros (OE’2011). Esta última verba encontra-se assim distribuída no Orçamento de Estado: Fundo de Equilíbrio Financeiro Corrente (4.485.312 euros), Fundo de Equilíbrio Financeiro Capital (2.990.208 euros), Fundo Social Municipal (226.751 euros) e IRS (204.487 euros).
No que se refere às transferências para as freguesias do município sertaginense também se verificou um decréscimo face ao ano passado: 634.483 euros para 579.962 euros. Este valor ficou assim distribuído pelas diferentes freguesias – Cabeçudo (28.528 euros), Carvalhal (24.367), Castelo (38.058), Cernache do Bonjardim (80.518), Cumeada (31.410), Ermida (30.936), Figueiredo (24.502), Marmeleiro (31.758), Nesperal (24.363), Palhais (28.358), Pedrógão Pequeno (43.020), Sertã (102.063), Troviscal (50.195) e Várzea dos Cavaleiros (41.886).
“Daqui a Sertã unida nos seus contornos, robusta nas suas linhas, imponente na sua grandeza, é uma rainha altiva e majestosa que ao abrigo das muralhas inexpugnáveis das suas serranias, pode como no passado desafiar a fúria dos homens e dos séculos”. José Pinto Duarte, escritor
terça-feira, 26 de outubro de 2010
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Uma Fonte dos Amores “no meio do mundo”
É uma das muitas histórias do nosso concelho que o tempo apagou. Esta então ficou remetida ao esquecimento durante largas décadas até que um jornalista do Diário de Notícias a recuperou em 1941.
A história conduz-nos até à povoação da Marinha de Vale Carvalho, na freguesia do Troviscal, onde estava situada uma pequena fonte, conhecida por Fonte dos Amores.
Segundo o jornalista daquele diário, Fernão Lopes foi o primeiro a referir-se a ela numa das suas muitas crónicas, situando-a “no termo da Sertã, no meio de Portugal e no meio do mundo”. O seu nome e fama devem-se a uma história muito curiosa que envolve D. Aldensa Cogominhos e seu marido D. Paio Sancho. Este casal, “após vinte de união estéril e incompreendida, encontraram a felicidade e o almejado herdeiro, depois de terem bebido na Fonte dos Amores”.
A história conduz-nos até à povoação da Marinha de Vale Carvalho, na freguesia do Troviscal, onde estava situada uma pequena fonte, conhecida por Fonte dos Amores.
Segundo o jornalista daquele diário, Fernão Lopes foi o primeiro a referir-se a ela numa das suas muitas crónicas, situando-a “no termo da Sertã, no meio de Portugal e no meio do mundo”. O seu nome e fama devem-se a uma história muito curiosa que envolve D. Aldensa Cogominhos e seu marido D. Paio Sancho. Este casal, “após vinte de união estéril e incompreendida, encontraram a felicidade e o almejado herdeiro, depois de terem bebido na Fonte dos Amores”.
Não sei se a dita fonte ainda hoje existe (nunca lhe conheci qualquer referência à excepção das fontes citadas), mas se algum dos nossos leitores quiser acrescentar algum dado a esta história, ficaríamos gratos.
Escolas do concelho da Sertã com comportamento modesto nos rankings
Os rankings valem o que valem mas não deixam de ser bons instrumentos de análise de realidades poucas vezes examinadas. Isso mesmo acontece com as escolas, que sempre que o mês de Outubro se aproxima do fim vêem analisado o seu desempenho – pelo menos no que toca aos resultados dos exames efectuados pelos seus alunos.
Vários foram os jornais e estações de televisão que nos últimos dias deram conta das suas tabelas e rankings escolares. À semelhança do que sucedeu em anos anteriores, optámos pelo ranking apresentado pelo jornal Público, devido à sua antiguidade e à profundidade das suas análises.
Desde logo, podemos observar que a Escola Secundária da Sertã ocupa o 314.º lugar no ranking das escolas públicas (num total de 488), com uma média final nos exames de 9.91. No entanto, se juntarmos as escolas privadas a este ranking (independentemente do número de provas que cada uma tenha realizado), a Secundária da Sertã desce para a 411.ª posição. Já o Instituto Vaz Serra (Cernache do Bonjardim) ocupa o 88.º lugar no ranking das escolas privadas, com uma média nos exames de 10.39, e o 322.º lugar na tabela final de públicas e privadas (ou seja, à frente da sua congénere da Sertã).
Numa análise mais pormenorizada aos resultados obtidos por estas duas escolas, podemos revelar que os alunos da Escola Secundária da Sertã estiveram melhor na disciplina de Matemática A (média de 11.38) do que na de Física e Química (7.80). Destaque para as médias positivas alcançadas nas disciplinas de História (10.74), Português (10.37) e Biologia e Geologia (10.00). No total, foram efectuadas neste estabelecimento de ensino 270 provas.
Já no Instituto Vaz Serra (onde se realizaram apenas 33 provas – o que poderá melhorar a sua classificação relativamente a escolas onde se efectuaram mais exames), os alunos mereceram nota positiva a Matemática A (13.74) e Português (10.97). No lado negativo, ficaram as disciplinas de Física e Química (9.55) e Biologia e Geologia (9.41).
Reportando-nos ao ranking do ensino básico (exames do 9.º ano, com classificação entre 0 e 5), verificamos que, no conjunto do concelho da Sertã, o Instituto Vaz Serra foi o que alcançou a melhor posição (227.º lugar entre as 1.295 escolas do país), com uma média de 3.14, logo seguido da E.B. da Sertã na 234.ª posição, com uma média bastante similar (3.13). Já a E.B. Padre António Lourenço Farinha não foi além da 818.ª posição (ainda assim, melhorou em relação ao ano transacto) com uma média nos exames do 9.º ano de 2.70.
Vários foram os jornais e estações de televisão que nos últimos dias deram conta das suas tabelas e rankings escolares. À semelhança do que sucedeu em anos anteriores, optámos pelo ranking apresentado pelo jornal Público, devido à sua antiguidade e à profundidade das suas análises.
Desde logo, podemos observar que a Escola Secundária da Sertã ocupa o 314.º lugar no ranking das escolas públicas (num total de 488), com uma média final nos exames de 9.91. No entanto, se juntarmos as escolas privadas a este ranking (independentemente do número de provas que cada uma tenha realizado), a Secundária da Sertã desce para a 411.ª posição. Já o Instituto Vaz Serra (Cernache do Bonjardim) ocupa o 88.º lugar no ranking das escolas privadas, com uma média nos exames de 10.39, e o 322.º lugar na tabela final de públicas e privadas (ou seja, à frente da sua congénere da Sertã).
Numa análise mais pormenorizada aos resultados obtidos por estas duas escolas, podemos revelar que os alunos da Escola Secundária da Sertã estiveram melhor na disciplina de Matemática A (média de 11.38) do que na de Física e Química (7.80). Destaque para as médias positivas alcançadas nas disciplinas de História (10.74), Português (10.37) e Biologia e Geologia (10.00). No total, foram efectuadas neste estabelecimento de ensino 270 provas.
Já no Instituto Vaz Serra (onde se realizaram apenas 33 provas – o que poderá melhorar a sua classificação relativamente a escolas onde se efectuaram mais exames), os alunos mereceram nota positiva a Matemática A (13.74) e Português (10.97). No lado negativo, ficaram as disciplinas de Física e Química (9.55) e Biologia e Geologia (9.41).
Reportando-nos ao ranking do ensino básico (exames do 9.º ano, com classificação entre 0 e 5), verificamos que, no conjunto do concelho da Sertã, o Instituto Vaz Serra foi o que alcançou a melhor posição (227.º lugar entre as 1.295 escolas do país), com uma média de 3.14, logo seguido da E.B. da Sertã na 234.ª posição, com uma média bastante similar (3.13). Já a E.B. Padre António Lourenço Farinha não foi além da 818.ª posição (ainda assim, melhorou em relação ao ano transacto) com uma média nos exames do 9.º ano de 2.70.
São sem dúvida resultados a merecer reflexão!
sábado, 16 de outubro de 2010
Matiota: Um nome para a história do desporto sertaginense
O nome dispensa qualquer tipo de apresentações, visto estarmos perante um dos maiores vultos do desporto sertaginense, e não só, dos últimos 50 anos. Quis o destino que Matiota nos deixasse hoje, aos 78 anos de idade.
Como futebolista espalhou magia pelos campos do nosso país e, como treinador, ensinou várias gerações de jogadores. João Matiota foi isto e muito mais, numa carreira recheada de êxitos, onde lhe ficou a faltar a passagem pelo escalão máximo do nosso futebol – ele próprio não escondeu esse desejo em algumas conversas.Apesar de ter nascido em Cabo Verde, foi em Coimbra que despontou para o desporto. Primeiro como nadador (várias alcunhas desses tempos são reveladoras das suas qualidade para a modalidade) e depois como jogador de futebol ao serviço do União de Coimbra, que militava na 2.ª Divisão Nacional.
O seu futebol deu logo nas vistas, tendo rumado duas épocas depois ao Marco, equipa que trocaria anos mais tarde pelo Salgueiros.
No final da década de 1950, o Viação de Sernache (hoje Vitória de Sernache) passou a contar nas suas fileiras com Matiota. Os anos seguintes foram de confirmação para o jogador, que ajudou este clube durante o período mais áureo da sua história (brilharetes no Distrital de Castelo Branco e na 3.ª Divisão nacional e consequente subida à 2.ª Divisão nacional).
Em 1962, o Viação de Sernache abandonou o futebol e Matiota ficou sem clube. Depois de alguns jogos ao serviço de equipas vizinhas, o jogador ressurgiu já no final desta década ao serviço dos Bombeiros Voluntários da Sertã (BVS).
No dealbar da década de 1970, o presidente do Sertanense, José da Cunha e Santos, apostou forte na entrada do clube nas competições oficiais de futebol. Matiota, Amâncio e Aníbal Pires foram, juntamente com aquele responsável directivo, os grandes obreiros da constituição da equipa, que aproveitou muitos dos jogadores da antiga equipa do BVS.
Matiota acumulava as funções de jogador com as de treinador. Nas contas finais da época de 1970/71, o Sertanense ficou na última posição da prova, somando apenas três pontos (uma vitória e um empate). Matiota participou em todos os oito jogos da equipa, tendo apontado um golo frente à formação do Minas da Panasqueira – o último golo da sua carreira.
Na época seguinte, ‘arrumou as botas’ e dedicou-se exclusivamente à carreira de treinador. Orientou o Sertanense nas épocas de 1971/72, 1972/73, 1975/76 (na primeira metade da época), 1977/78 (até às últimas jornadas do campeonato), 1981/82, 1982/83, 1983/84, 1984/85 (na parte final da temporada) e 1985/86. Neste período, passou ainda pelo comando técnico do Vitória de Sernache, Recreio Pedroguense, Troviscal e Castanheira de Pêra.
Foi também um dos responsáveis pela introdução do futebol jovem no Sertanense (em 1974, orientou a primeira equipa de juniores do clube e outras que se seguiram) e do futebol feminino (treinou a formação organizada em 1975).
Em 2006, a Direcção do Vitória de Sernache homenageou-o através de um torneio de futebol de sete, a que deu o seu nome (a competição tem decorrido anualmente), e em 2009, foi homenageado durante as comemorações dos 75 anos do Sertanense Futebol Clube.
Como futebolista espalhou magia pelos campos do nosso país e, como treinador, ensinou várias gerações de jogadores. João Matiota foi isto e muito mais, numa carreira recheada de êxitos, onde lhe ficou a faltar a passagem pelo escalão máximo do nosso futebol – ele próprio não escondeu esse desejo em algumas conversas.Apesar de ter nascido em Cabo Verde, foi em Coimbra que despontou para o desporto. Primeiro como nadador (várias alcunhas desses tempos são reveladoras das suas qualidade para a modalidade) e depois como jogador de futebol ao serviço do União de Coimbra, que militava na 2.ª Divisão Nacional.
O seu futebol deu logo nas vistas, tendo rumado duas épocas depois ao Marco, equipa que trocaria anos mais tarde pelo Salgueiros.
No final da década de 1950, o Viação de Sernache (hoje Vitória de Sernache) passou a contar nas suas fileiras com Matiota. Os anos seguintes foram de confirmação para o jogador, que ajudou este clube durante o período mais áureo da sua história (brilharetes no Distrital de Castelo Branco e na 3.ª Divisão nacional e consequente subida à 2.ª Divisão nacional).
Em 1962, o Viação de Sernache abandonou o futebol e Matiota ficou sem clube. Depois de alguns jogos ao serviço de equipas vizinhas, o jogador ressurgiu já no final desta década ao serviço dos Bombeiros Voluntários da Sertã (BVS).
No dealbar da década de 1970, o presidente do Sertanense, José da Cunha e Santos, apostou forte na entrada do clube nas competições oficiais de futebol. Matiota, Amâncio e Aníbal Pires foram, juntamente com aquele responsável directivo, os grandes obreiros da constituição da equipa, que aproveitou muitos dos jogadores da antiga equipa do BVS.
Matiota acumulava as funções de jogador com as de treinador. Nas contas finais da época de 1970/71, o Sertanense ficou na última posição da prova, somando apenas três pontos (uma vitória e um empate). Matiota participou em todos os oito jogos da equipa, tendo apontado um golo frente à formação do Minas da Panasqueira – o último golo da sua carreira.
Na época seguinte, ‘arrumou as botas’ e dedicou-se exclusivamente à carreira de treinador. Orientou o Sertanense nas épocas de 1971/72, 1972/73, 1975/76 (na primeira metade da época), 1977/78 (até às últimas jornadas do campeonato), 1981/82, 1982/83, 1983/84, 1984/85 (na parte final da temporada) e 1985/86. Neste período, passou ainda pelo comando técnico do Vitória de Sernache, Recreio Pedroguense, Troviscal e Castanheira de Pêra.
Foi também um dos responsáveis pela introdução do futebol jovem no Sertanense (em 1974, orientou a primeira equipa de juniores do clube e outras que se seguiram) e do futebol feminino (treinou a formação organizada em 1975).
Em 2006, a Direcção do Vitória de Sernache homenageou-o através de um torneio de futebol de sete, a que deu o seu nome (a competição tem decorrido anualmente), e em 2009, foi homenageado durante as comemorações dos 75 anos do Sertanense Futebol Clube.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
As ruas da Sertã: Rua Dr. Carlos Martins
Onde fica? Artéria situada em pleno centro histórico da Sertã e paralela à Rua Cândido dos Reis
Quem foi? “Homem de grande estatura moral e intelectual, de carácter nobre, personalidade vigorosa, porte varonil, inteligência brilhante e culta, causídico de grande saber e justificada fama, funcionário de alta competência, cidadão dos mais distintos e influentes”. Os elogios de Amaro Vicente Martins, director do jornal «A Comarca da Sertã, a Carlos Martins, por alturas da morte deste em 1966, deixam perceber o perfil de um homem que marcou a história sertaginense.
Natural da povoação do Labrunhal, freguesia de Proença-a-Nova, Carlos Martins começou por frequentar o Seminário de Portalegre até 1906, altura em que se matriculou na Universidade de Coimbra, onde se formou em Direito.
Regressou à sua região e assumiu, entre 1912 e 1915, o cargo de Administrador do concelho de Proença-a-Nova. Quatro anos depois é convidado para dar aulas no Liceu de Castelo Branco.
Em 1920, começa a leccionar no Instituto das Missões Laicas, em Cernache do Bonjardim, e por aí se mantém até 1927. Neste ano, resolve abrir um escritório de advocacia na Sertã, sendo nomeado, em 1937, Conservador do Registo Predial.
Durante as décadas de 40 e 50 ocupou diversos cargos de relevo na Sertã, tendo assumido mesmo, durante alguns anos, a presidência da Câmara da Sertã.
Quando completou 70 anos de idade, colocou um ponto de final na sua carreira profissional. “Desde então dividia o seu tempo entre um ou outro caso do foro e os cuidados do seu quintal e das suas abelhas, que eram a sua distracção predilecta”, escreveu Amaro Martins a propósito do seu amigo Carlos Martins.
Uma das histórias mais tocantes do advogado é também contada pelo antigo director d’ «A Comarca da Sertã»: “Sendo das primeiras pessoas a possuir receptor [de televisão] na Sertã, franqueava as portas da sua casa a todas as crianças da terra – sem distinção de nascimento ou roupa – que lá quisessem ir assistir aos programas infantis”.
Viria a falecer em 1966.
Quem foi? “Homem de grande estatura moral e intelectual, de carácter nobre, personalidade vigorosa, porte varonil, inteligência brilhante e culta, causídico de grande saber e justificada fama, funcionário de alta competência, cidadão dos mais distintos e influentes”. Os elogios de Amaro Vicente Martins, director do jornal «A Comarca da Sertã, a Carlos Martins, por alturas da morte deste em 1966, deixam perceber o perfil de um homem que marcou a história sertaginense.
Natural da povoação do Labrunhal, freguesia de Proença-a-Nova, Carlos Martins começou por frequentar o Seminário de Portalegre até 1906, altura em que se matriculou na Universidade de Coimbra, onde se formou em Direito.
Regressou à sua região e assumiu, entre 1912 e 1915, o cargo de Administrador do concelho de Proença-a-Nova. Quatro anos depois é convidado para dar aulas no Liceu de Castelo Branco.
Em 1920, começa a leccionar no Instituto das Missões Laicas, em Cernache do Bonjardim, e por aí se mantém até 1927. Neste ano, resolve abrir um escritório de advocacia na Sertã, sendo nomeado, em 1937, Conservador do Registo Predial.
Durante as décadas de 40 e 50 ocupou diversos cargos de relevo na Sertã, tendo assumido mesmo, durante alguns anos, a presidência da Câmara da Sertã.
Quando completou 70 anos de idade, colocou um ponto de final na sua carreira profissional. “Desde então dividia o seu tempo entre um ou outro caso do foro e os cuidados do seu quintal e das suas abelhas, que eram a sua distracção predilecta”, escreveu Amaro Martins a propósito do seu amigo Carlos Martins.
Uma das histórias mais tocantes do advogado é também contada pelo antigo director d’ «A Comarca da Sertã»: “Sendo das primeiras pessoas a possuir receptor [de televisão] na Sertã, franqueava as portas da sua casa a todas as crianças da terra – sem distinção de nascimento ou roupa – que lá quisessem ir assistir aos programas infantis”.
Viria a falecer em 1966.
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Memórias: Casa das Guimarães
Numa altura em que o país aperta o cinto (graças a um Governo que tardou em acordar para a realidade) e em que se comemoram os 100 anos da República, vamos aproveitar esta efeméride para trazer aqui uma recordação, que deveria fazer corar de vergonha todos os nossos governantes autárquicos dos últimos 20 anos. E até todos nós... cúmplices em tudo o que se passou.
A Casa das Guimarães fez correr litros de tinta pelos jornais locais, monopolizou debates em assembleias municipais e foi personagem principal em muitas conversas de café e de rua. E no fim, veio abaixo.
E porquê esta associação da Casa das Guimarães às comemorações dos 100 anos da República? Porque foi nesta casa que, em 1810, José de Mascarenhas Leitão e Bárbara Benedita Leitão viram nascer a sua filha Clementina Amália de Mascarenhas Pimenta, nada mais, nada menos que a avó paterna de José Relvas, o homem que, da varanda da Câmara de Lisboa, proclamou a República no dia 5 de Outubro de 1910.
Esta casa, que viria alguns anos mais tarde a ser oferecida por Romão de Mascarenhas a Ricardo Guimarães (como presente de casamento), guardava entre as suas paredes muitas histórias e memórias de noites grandiosas - nos finais do século XIX aí se faziam récitas de poesia e se assistiam a concertos de música.
Aqui fica a lembrança de uma casa que permanece no nosso imaginário. Que melhor sítio do que este para a instalação do museu da memória sertaginense...
A Casa das Guimarães fez correr litros de tinta pelos jornais locais, monopolizou debates em assembleias municipais e foi personagem principal em muitas conversas de café e de rua. E no fim, veio abaixo.
E porquê esta associação da Casa das Guimarães às comemorações dos 100 anos da República? Porque foi nesta casa que, em 1810, José de Mascarenhas Leitão e Bárbara Benedita Leitão viram nascer a sua filha Clementina Amália de Mascarenhas Pimenta, nada mais, nada menos que a avó paterna de José Relvas, o homem que, da varanda da Câmara de Lisboa, proclamou a República no dia 5 de Outubro de 1910.
Esta casa, que viria alguns anos mais tarde a ser oferecida por Romão de Mascarenhas a Ricardo Guimarães (como presente de casamento), guardava entre as suas paredes muitas histórias e memórias de noites grandiosas - nos finais do século XIX aí se faziam récitas de poesia e se assistiam a concertos de música.
Aqui fica a lembrança de uma casa que permanece no nosso imaginário. Que melhor sítio do que este para a instalação do museu da memória sertaginense...