quarta-feira, 28 de abril de 2010

Uma viagem à ponte submersa do Vale da Ursa

Já aqui falámos nela num post publicado há cerca de dois anos. A antiga ponte do Vale da Ursa, submersa desde a década de 1950, continua a despertar grande interesse junto de alguns estudiosos ou simples curiosos.
Inaugurada em 1885, por Fontes Pereira Melo, na altura Ministro das Obras Públicas, a ponte do Vale da Ursa, com cerca de 20 metros de altura, fazia a ligação entre os concelhos da Sertã e de Ferreira do Zêzere e marcou a conclusão da famosa Estrada Real que ligava Tomar ao concelho sertaginense.
Segundo algumas investigações feitas nos últimos anos (nomeadamente pelo Ferreira Digital), a ponte encontra-se a pouco mais de nove metros da superfície, apesar desta medida poder variar consoante o leito da albufeira.
Além disso, recentemente quatro mergulhadores visitaram a ponte submersa e recolheram imagens da estrutura que estão disponíveis no Youtube, no seguinte link:
http://www.youtube.com/watch?v=b3ibhYQIghQ

Foto da antiga ponte: http://monumentosdesaparecidos.blogspot.com

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Povoações: Casal dos Gafos (Cumeada)

O nome não é muito comum, mas existe um motivo para que a povoação tenha este nome. Mas antes de mais, passemos às apresentações. Hoje, iremos falar do Casal dos Gafos, que fica situado na freguesia da Cumeada, mesmo em frente à povoação do Valongo, na freguesia de Palhais.
As suas origens remontam ao século XV, apesar de haver quem afirme que são mais antigas. A única certeza é de que, por esta altura, o lugar era dos mais povoados entre os lugares que actualmente compõem a freguesia da Cumeada (criada em 1806).
A sua designação deriva da existência de um casal de leprosos (também conhecidos por gafos) na zona que hoje compreende o lugar. Desde então, passou a ser conhecida por Casal dos Gafos, o que de início provocou alguns temores, isto porque, rezam as crónicas, poucos eram os que se aventuravam a ir para aquelas paragens.

No entanto, esse temor não durou muito, isto porque aquando do primeiro censo da população de Portugal, denominado «Cadastro da População do Reino», em 1527, o Casal dos Gafos possuía sete fogos, um número que curiosamente viria a descer para quatro em 1891.
Segundo o livro «A Sertão e o seu Concelho», do Pe. António Lourenço Farinha, o Casal dos Gafos tinha, em 1911, 17 habitantes e quatro fogos. Nos dias que correm, a população deste lugar mantém-se a este nível – contabilizámos 16 moradores.
Os habitantes deste casal vivem essencialmente da agricultura (os mais velhos), ao passo que os outros se distribuem por actividades como a construção civil e a prestação de serviços fora da freguesia.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

O Hino de 'Sernache do Bomjardim'

Não se conhece o autor, mas sabe-se que foi escrito em 1920. Falamos do Hino de Sernache do Bomjardim (grafia da época), que hoje aqui transcrevemos:

Entre a Serra da Louzã,
Da Melriça e Muradal
Sorri gentil e louça
Uma Terra sem rival.

Risonha aldeia de amores
Com horisontes sem fim
É um canteiro de flores:
- Sernache do Bonjardim!

Ó Terra amada,
Jardim em flor!
Quem num poema p’regrino,
Pela alvorada
E com amor,
Te não entoar um hino
E por não ser trovador,
Não ser poeta dirino


Foi neste éden admirável,
Neste lindo roseiral,
Que nasceu o Condestável,
Orgulho de Portugal.

Cantáe alto, trovadores,
De suas proezas a glória,
Qu’ ilumina d’esplendores
As páginas da história.

Fazei vibrar um clarim,
Que se ouça até às estrelas,
E cantáe o Bomjardim
Em vossas canções mais belas.

P’ra que saiba o mundo inteiro,
Qual foi o berço natal,
Do mais santo padroeiro
Das terras de Portugal!

Sernachenses juvenis,
Almas brancas de luar;
Patrícias minhas, gentis,
Capazes de muito amar:

Fazei de Sernache um templo
De combate ao egoísmo,
D dae nobre e puro exemplo
D’altas lições de civismo.

Enlaçae num elo d’oiro
Vossa vontade pod’rosa,
E tirae desse tesoiro
Uma tuba sonorosa.

Ergamos até ao sol
O pendão da nossa Terra
Lendo à luz desse foról
O orgulho que ele encerra.

Como coração que clama
Ou voz sublime a cantar,
Em versos d’eterna fama
O hino do nosso lar.

Contemos a nossos filhos
Produtos do nosso amor,
Do passado os áureos trilhos,
De Sernache o esplendor;

Para que eles amem tanto
Este dilecto torrão,
Que suponham por encanto,
Ser seu próprio coração!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

O prémio que recorda o Pe. Manuel Antunes

O saudoso João Bénard Costa escreveu um dia a seu propósito: “De meã estatura, magríssimo, lívido, com um fio de voz, parecia, nos hábitos talares que, nesses tempos, nenhum sacerdote dispensava e muito menos um servo de Jesus, a própria encarnação do beato asceta”. O homem de que falava o antigo director da Cinemateca era o padre Manuel Antunes, um dos maiores vultos da nossa cultura e um dos mais ilustres sertaginenses de que há memória.
Este homem ilustre, durante anos esquecido pela sua terra Natal (houve até um presidente de Câmara que afirmou não o conhecer, nem encontrar motivos para o homenagear), até que lhe foi levantado um bonito monumento, na zona da Carvalha, em 2005, deixou uma vasta obra e foi uma referência tanto no meio literário, como no meio académico.
Todavia, o que nos impeliu a escrever este post foi o prémio que anualmente é entregue em sua memória. Trata-se do prémio de cultura Árvore da Vida, instituído pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura em parceria com a Rádio Renascença, que este ano conheceu a sua sexta edição.
O vencedor de 2010 foi revelado na passada semana e a distinção coube à Diocese de Beja, pela “forma criativa e empenhada” como tem colocado a cultura como “campo prioritário da missão da Igreja”. Nos anos anteriores já haviam sido agraciadas com este prémio personalidades como o poeta Fernando Echevarria, o cientista Pe. Luís Archer, o cineasta Manoel de Oliveira, a professora de Estudos Clássicos Maria Helena da Rocha Pereira e o político e intelectual Adriano Moreira.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

FAFIC decorre entre 24 e 27 de Junho

Já são conhecidos os primeiros pormenores da edição que marca o regresso da Feira Agrícola, Florestal, Industrial e Comercial (FAFIC) à Sertã. As energias renováveis serão o tema em destaque neste certame, que decorre entre os dias 24 e 27 de Junho, na Alameda da Carvalha.
Segundo avança a Rádio Condestável, no seu website, “a Alameda da Carvalha vai encher-se de stands empresariais dedicados maioritariamente às energias solar, hídrica e eólica. Com o objectivo de promover e divulgar os produtos e a economia locais, este certame vai também ter espaços destinados às instituições e empresas concelhias”, de modo a “criar potencialidades de negócio para a Sertã e potenciar o desenvolvimento destas terras”.

O cartaz musical também está definido. Assim, e de acordo com aquela estação de rádio, estão confirmados Pedro Barroso (actua dia 24 de Junho), Rita Redshoes (25 de Junho), Marco Paulo (26 de Junho) e Xutos & Pontapés (27 de Junho).

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Jardim do 'Cimo da Vila': E ninguém faz nada?

O estado em que se encontra o jardim do 'Cimo da Vila' é a imagem fiel de uma zona que tem vindo a cair no esquecimento. A zona de Santo António, que apesar da sua proximidade aos paços do concelho, continua em lenta agonia rumo a um destino fatal. Mas falemos do estado em que se encontra o jardim.
Todos concordam que em tempos foi um dos jardins mais bonitos da vila, com uma envolvente (mata do hospital) capaz de inspirar qualquer visitante mais distraído. Só que o cenário que se nos depara nos dias que correm é de abandono e de verdadeiro desleixo: os baloiços desapareceram, as madeiras dos bancos estão a apodrecer, a vegetação rasteira cobre os supostos percursos pedonais e um longo manto de areia acumula dejectos de animais.
Há muitos de vós que devem pensar: para quê requalificar um jardim se depois ninguém lá põe os pés? É uma pergunta legítima, mas a resposta é ainda mais legítima – no estado em que aquilo está, ninguém se atreve a passar por lá, nem tampouco a sugerir uma visita a algum amigo ou conhecido.
Será que é assim tão difícil/oneroso devolver o brilho e a cor a um jardim que já maravilhou tantos em tempos antigos. Ou será que o destino a que algumas luminárias da nossa terra votaram a Fonte da Pinta é aquele que aguarda este jardim?


Nota: As fotos que aqui estão foram tiradas durante o mês de Março de 2010.